Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

novo mote piparote e justificada homenagem

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala. Vamos lá então ao mote da semana. Mas antes, há que enquadrar o assunto e saudar a feliz coincidência.

Pois é bem verdade que se celebram, no próximo 6 de Maio, os 500 anos da chegada de Arnaldo Gáspea ao Brasil.

Arnaldo Gáspea, o industrial de Arronches, deixou de forma indelével e fraterna uma marca igualmente, menos o fraterna, na História do país irmão, que na altura ainda não era.

Os célebres feitos que o tornaram célebre, os prestigiosos sucessos que lhe granjearam o prestígio, os famosos acontecimentos que lhe justificam a fama, para não mencionar as inúmeras menções que lhe são feitas nas mais variadas enciclopédias e almanaques, atestam-no até acima.

É nessa conformidade, uma vez mais, que vos anuncio o mote para a semana de 1 a 8 de Maio que agora entra:

“Oh Arnaldo, és um bacano!”

Pode ser?

Então, boa sorte e até breve.

10 comentários:

  1. Narciso, de Sacavémsexta-feira, 01 maio, 2009

    vá lá que o primeiro de maio
    é só uma vez por ano
    aproveito para dizer
    oh Arnaldo és um bacano!

    e como é dia feriado
    e de festa consagrada
    como está tudo fechado
    também não digo mais nada.

    e o meu nome é Narciso
    escrevo de Sacavém
    qualquer coisa for preciso
    deixem recado, está bem?

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  2. Gaspar "IôIô! ...sábado, 02 maio, 2009

    Estimados senhores, junto envio a poesia que escrevi a propósito e em memória de Arnaldo Gáspea. Aproveito para saudar o professor Saraiva por, tão oportunamente, se ter lembrado da efeméride de tão ilustre figura da História nacional do nosso país, Portugal.
    Bem haja, professor e que nunca lhe doa nada!

    ... ... ...

    Há doutores e engenheiros
    Da igreja e obras feitas
    Que nos curam dos defeitos
    Que nos saram das maleitas
    Há doutores de bem falar
    Seja qual for o dialecto
    Seja qual for o lugar
    Debaixo de qualquer tecto
    Há mentes industriosas
    Psiques hiperactivas
    Algumas ficam famosas
    Por razões muito objectivas
    Há espíritos de iniciativa
    Que fazem com que aconteça
    E mulas da cooperativa
    Aos coices e sem cabeça
    Mas este Arnaldo é diferente
    Saiu de Arronches sozinho
    E fosse o que viesse pela frente
    Ele sempre dava um jeitinho
    E foi esse jeito afinal
    Que por fim o fez famoso
    Não fez nada em especial
    Mas foi um rapaz jeitoso.
    É por isso que ainda agora
    Já passado tanto ano
    Toda gente ainda o adora
    Oh Arnaldo, és um bacano!

    ... ... ...
    Chamo-me Gaspar, mas as pessoas chamam-me IôIô. Não sei porquê, mas respondo na mesma.
    A morada é a mesma.

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  3. Lianor d'Almeida M. Alancaste, Assumardomingo, 03 maio, 2009

    D. Alcino Magalhães Saraiva

    Aceitai, Senhor, o singelo poema que vos mando, dedicado à memória do tão grande Arnaldo que da Gáspea foi.

    Os meus respeitos

    Lianor d’Almeida Morena e Alancaste, Marquesa d’Amorna, Assumar


    Cala-te tu, Colombo, e tu, Vespúcio!
    ... A glória, dizeis vós, mas qual o quê!
    E tu também, Cabral! Qual carapúcio,
    és chão que já deu uvas, bem se vê.
    O engenho, diz você? Pois, sim, aguce-o,
    pouco lhe vale já, já que, Cartier,
    eu canto um peito ilustre do camano:
    Arnaldo de seu nome – e é um bacano!

    De Arronches partiu ele, era uma hora;
    fez-se à fúria do mar e, sem temor,
    chegou onde quis. Não sem demora,
    mas isso não lhe tira o seu valor,
    que não era nessa altura como agora:
    tudo à vela, nem sequer era a vapor,
    era o vento a assoprar naquele pano,
    e o Arnaldo no timão, era um bacano!

    Era vera fera e homem verdadeiro
    e vera era a cruz que ali plantou.
    ‘Inda o Brasil não era brasileiro
    quando Arnaldo brasileiro lá chegou,
    e tendo achado o clima prazenteiro
    decidiu por lá ficar e lá ficou,
    e nunca mais saiu, se não me engano…
    Arnaldo, grande Arnaldo, és um bacano!

    Mandou então que fosse Carnaval
    em vindo Fevereiro, que é bom mês
    para ser Carnaval, porque Natal
    já foi, não pode ser mais uma vez;
    ou se pode, p’lo menos fica mal,
    de modo que acho bem o que ele fez:
    Natal e Carnaval, um só por ano!
    Arnaldo, muito bem, és um bacano

    Foi ele que inventou a capoeira
    o choro e o pagode e o forró;
    foi ele que um dia, na brincadeira,
    criou o tacacá e o mocotó,
    dois caldos que há na terra brasileira,
    que um caldo, quando vem, nunca vem só…
    Arnaldo é bem mais do que um fulano,
    Arnaldo é um deus, é um bacano!

    Grande Gáspea que és tu, do coração
    de nós todos o herói mais eficaz;
    que tendo tanta coisa aqui à mão
    te foste, sem sequer olhar p’ra trás,
    p’ra além do Carvoeiro. Nobre acção!
    Grande Gáspea, é assim mesmo que se faz!
    Por isso é que, Arnaldo, tão ufana,
    te canto neste canto: sou bacana!

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  4. António M., de Sesimbrasegunda-feira, 04 maio, 2009

    Olá, o meu nome é António Merda. Não estou a brincar, este é mesmo o meu nome e, se querem saber, já não o trocava por outro nenhum. Chamo-me António Merda e moro em Sesimbra.
    Esclarecido este ponto, vamos à poesia...

    ... ... ...

    E lá foi o porco etrusco
    Como alguns já lhe chamaram
    Foi de Arronches o patusco
    No dia em que o despejaram

    Foi de Arronches o patusco
    Foi de Arronches o magano
    Oh Arnaldo, és um bacano

    Diz que arranjou uma herdade
    E não tendo mais que fazer
    No meio da tanta liberdade
    Desatou a enriquecer

    No meio de tanta liberdade
    Diz que em Roma sê romano
    Oh Arnaldo, és um bacano.

    Transaccionou influências
    Promoveu conspirações
    Patrocinou prepotências
    E encobriu escravidões

    Patrocinou prepotências
    Levou meio mundo ao engano
    Oh Arnaldo, és um bacano

    Essa é talvez a razão
    Porque ainda hoje é lembrado
    Para uns filho de um cão
    Para outros consagrado

    Para uns filho de um cão
    Que lhes roeu osso e tutano
    Oh Arnaldo, és um bacano.

    És um bacano dos tais
    Que a História com o seu esfregão
    Limpa do que está a mais
    Para deixar o campeão

    Limpa do que está a mais
    Com aguarrás e um pano
    Oh Arnaldo, és um bacano.



    ...e acho que está tudo.Abraços e até sempre!

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  5. tadeu ferreira da silva, queluzterça-feira, 05 maio, 2009

    olá, professor saraiva, eu chamo-me tadeu ferreira da silva, embora seja mais conhecido, nos círculos literários que frequento (que são mais ciclos literários do que círculos literários, mas isso é conversa para outra ocasião…) por tadinho. de mim recebe agora um poema conceptual baseado (baseado é uma barcola no brasil, sabia? quer dizer, não barcola nesse sentido que você está a imaginar, mas no sentido mesmo duma ganzola prà carola, que é para rimar com barcola) no tema que você propôs. veja lá se grama. já viu que eu escrevo tudo com letras pequenas? é porque eu gramo mais assim. ah, já me esquecia, este poema foi feito num atelier de escrita criativa só com letras pequenas em que eu participei no outro dia. ciao.

    sebastião é d’el cano
    o ronaldo é um cristiano
    o veloso é do caetano

    oh arnaldo és um bacano

    defeitos, não lhe encontrais
    como thales e outros tais
    só tem vinícios morais

    arnaldo, tu és demais

    verde, amarelo e anil
    brasas mil e pau-brasil
    gilbertos dois, joão gil

    oh arnaldo, és um baril

    um pedro que era cabral
    foi dar à costa da gal
    e pôs lá marcos no valle

    oh arnaldo és tu o tal
    (sim, arnaldo, és total)

    banana era o milton antes
    de ser depois nascimento
    tal como o edson arantes

    oh arnaldo, és um portento

    sebastião é d’el cano
    o ronaldo é um cristiano
    o veloso é do caetano

    oh arnaldo és um bacano

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  6. Já Agora, num buracoterça-feira, 05 maio, 2009

    Pronto, aí vai. O poema que mando deu-me muito trabalhinho a fazer,por isso agradecia que o apreciassem e não mandassem palpites ordinários. Agradecido. Já agora, o meu nome. É Já Agora, mesmo, o meu nome.
    Já Agora e Mais Logo Nunca e moro num buraco, desde que fui despejado da Buraca. É a vida, mas eu não me queixo. Já agora, não é...?


    ... ... ...
    Zigurates azimutes zagalotes
    Zeferinos zanzibares zodiacais
    Zapatistas sem pistolas aos pinotes
    Zaragatoas de tintura que arde mais

    Xaropes e pachos quentes
    Três xispes e um pé de porco
    As chaputas são diferentes
    Das sardinhas e outros peixes

    Zigurates azimutes zagalotes
    Zeferinos zanzibares zodiacais
    Zapatistas sem pistolas aos pinotes
    Zaragatoas de tintura que arde mais

    Oh Arnaldo, deves estar
    Aí p’ra contigo a pensar:
    O tipo está-se a passar,
    O tipo veio ao engano…

    Oh Arnaldo deixa estar
    Que eu estava só a brincar
    Podia-me lá enganar…
    Oh Arnaldo, és um bacano!

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  7. Estou a ver que o bailarico se está compor. Agora até já drógados mandam para aqui porcarias! Barcarolas e ganzolas e mais não quantos... E depois, logo a seguir, aparece-me logo o outro com os zagalotes e mais as chaputas e quem lhe espetasse com um tamboril nas ventas...
    Eu já tinha avisado! Tenho estado calada, mas já tinha avisado!
    E não digo mais nada.

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  8. Dan Núbio, o Azulquarta-feira, 06 maio, 2009

    Oh arnaldo és um bacano
    Mas eras ainda mais
    Bacano se m’orientasses
    Aí 500 reais
    Discretamente p’la surra
    Dos lucros aí da roça
    Que é p’ra eu comprar uma burra
    P’ra me puxar a carroça

    Oh Arnaldo és um bacano
    Mas bacano mesmo a sério
    Era se te tivesses deixado
    Ficar no teu hemisfério
    Quietinho e sossegado
    Discretamente na boa
    Em vez de ir para outro lado
    Estragar a vida a uma pessoa

    Oh Arnaldo és um bacano
    Mas bacano era o marreco
    Tu serás mais uma espécie
    De eu a falar para o boneco
    Que é o que estou a sentir
    Desde que aqui cheguei
    Eu até nem era p’ra vir
    Mas pronto agora acabei



    Daniel Núbio , mas tratam-me por Dan Núbio, o AZUL

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  9. Desidério Colaço, Afeganistãoquinta-feira, 07 maio, 2009

    Olá, o meu nome é Desidério Colaço e resido actualmente fora de Portugal, no Afeganistão, mais concretamente
    A poesia que mando é tudo inventado. Quer dizer, eu não conheço Arnaldo nenhum. Aqui no Afeganistão chamam a isso "liberdades poéticas"! Estes chinezes são lixados para inventar provérbios. Bom, vamos lá a isto.
    Saudades e obrigações.

    ... ... ...

    Oh Arnaldo oh meu amigo
    tu com que então por aqui
    pode parecer que não ligo
    mas eu nunca me esqueci
    das patuscadas antigas
    no quintal da tua casa
    e daquela vez que caíste para cima das urtigas
    quando já estavas com um grão na asa
    bêbado que nem um toscano…
    oh Arnaldo és um bacano.

    Oh Arnaldo companheiro
    eu podia lá esquecer
    quanto mais não fosse pelo dinheiro
    que ainda me estás a dever
    daquela vez que ficámos
    parados no meio da estrada
    e até quase ao estalo andámos
    porque tu embirraste que querias beber uma laranjada
    e lá te piraste
    numa boleia que arranjaste
    de um mano…
    Oh Arnaldo és um bacano

    Oh Arnaldo tas fixe pá?
    Diz-me lá o que tens feito
    Tu sabes que em Massamá
    Há um tipo que no outro dia me disse que tinha jeito
    Fiquei sem saber para quê
    Que entretanto veio o comboio
    E sabes que um rato de biblioteca não lê?...
    É verdade, quando vê um livro rói-o
    Isso e charutos de habano
    Oh Arnaldo és um bacano.

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  10. Rául Tima, da (Boa) Horaquinta-feira, 07 maio, 2009

    Caro Saraiva,

    Assim muito à pressa, muito à pressa: tome lá um poema à última da hora, a ver se ainda consigo entrar no concurso. Como pode constatar, é um poema dramático, inspirado talvez em Molière, se bem que isso seja muito, muito, muito, muito, muito pouco provável…

    Quero só acrescentar que me chamo Raúl Tima, e sou da (Boa) Hora.

    Serão entregues, muito obrigado.

    Poema dramático a 3 vozes:

    O vate (com um olho torto,
    E outro de carneiro mal morto):

    Mesmo à última da hora,
    vou prestar-te a homenagem
    que acho que te é devida,
    homem que foste de vida
    como as já não há agora,
    de fé, razão e coragem.
    Mais sadino que o Elmano,
    Oh Arnaldo, és um bacano!

    Mesmo à última da hora,
    deixo-te aqui o tributo,
    senhor que foste do mar,
    de quem soubeste domar
    a fúria destruidora,
    firme sempre e sempre astuto,
    sim, arma virumque cano:
    Oh Arnaldo, és um bacano!

    O coro (todos de pauta na mão,
    Com grande concentração):

    Tanta graxa,
    que laracha!
    Que pilhéria,
    que conversa!
    Mas que graça,
    que chalaça!
    A verdade é bem diversa…
    Que topete,
    grande lata!
    Ora aqui vai uma errata:

    Naquele verso em que está
    "de fé, razão e coragem",
    devia antes estar lá
    "café, sezão e pilhagem";
    no outro, onde se lê
    "firme sempre e sempre astuto",
    o que lá fica bem é
    "um burgesso, um grande bruto"...
    Também há que corrigir
    "Mais sadino que o Elmano".
    Deve-se substituir:
    "Mais franzino qu'ò camano".
    E, por fim, em vez de ser
    "sim, arma virumque cano",
    eis o que se deve ler:
    "à arma virou-se o cano".

    E é assim, caro vate...
    Pensa você: "Que dislate,
    quanto falta de decoro,
    que coro me bate o coro!"
    Mas vá lá, não seja assim,
    acredite, vá por mim,
    sabe bem que o não engano!

    Arnaldo (que entra na ocasião
    saudando com um gesto da mão
    uma inexistente multidão):

    Eh pá, sou mesmo um bacano!

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