Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala.
É com alguma tristeza, mas sem surpresa, que constato que, esta semana, como não falei em prémios, os meus amigos fizeram-se estrangeiros e fecharam-se em copas.
Dos 437 poemas que enviaram, como de costume, a maior parte perdeu-se pelo caminho e só cá chegaram 5! E mesmo desses vos digo que já vi petinga congelada com melhor aspecto, mas enfim.
Teve contudo, o mote desta semana, o mérito de incomodar, ao que parece, algumas almas do Outro Mundo. Não é que sejam contas do vosso rosário, mas digo-o para que vejam que isto da Internet é mesmo uma ferramenta poderosa. Até chega a casa do Diabo mais velho! À própria horta de Deus!
Dito isto, adiante, que se faz tarde. Enfim, no Além, tarde, ou cedo, é igual. Não se passa nada. Anuncio então e outrossim, o eleito desta semana (já que alguém tinha de ser...)
É com alguma tristeza, mas sem surpresa, que constato que, esta semana, como não falei em prémios, os meus amigos fizeram-se estrangeiros e fecharam-se em copas.
Dos 437 poemas que enviaram, como de costume, a maior parte perdeu-se pelo caminho e só cá chegaram 5! E mesmo desses vos digo que já vi petinga congelada com melhor aspecto, mas enfim.
Teve contudo, o mote desta semana, o mérito de incomodar, ao que parece, algumas almas do Outro Mundo. Não é que sejam contas do vosso rosário, mas digo-o para que vejam que isto da Internet é mesmo uma ferramenta poderosa. Até chega a casa do Diabo mais velho! À própria horta de Deus!
Dito isto, adiante, que se faz tarde. Enfim, no Além, tarde, ou cedo, é igual. Não se passa nada. Anuncio então e outrossim, o eleito desta semana (já que alguém tinha de ser...)
Américo Feijão, Costa de Caparica
A trinta e cinco reis custa a pescada
O triste bacalhau a quatro e meio
Se não há p’ró café venha a cevada
Se não há pão de trigo há o de centeio
Se não há tamboril para a caldeirada
Junta-lhe uma sardinha e mais batata
Que no fim depois da coisa bem regada
Que se lixe vai tudo dormir p’rá mata
A vida só está má para aquela gente
A quem e por razões de cada qual
Ela corre digamos genericamente
Por sistema e francamente mesmo mal
Que de resto queixinhas temos nós todos
Quem não tem digam lá quem não as tem
São as espinhas e o safio tem-nas a rodos
A sardinha já não tanto mas também.
A trinta e cinco reis custa a pescada
O triste bacalhau a quatro e meio
Se não há p’ró café venha a cevada
Se não há pão de trigo há o de centeio
Se não há tamboril para a caldeirada
Junta-lhe uma sardinha e mais batata
Que no fim depois da coisa bem regada
Que se lixe vai tudo dormir p’rá mata
A vida só está má para aquela gente
A quem e por razões de cada qual
Ela corre digamos genericamente
Por sistema e francamente mesmo mal
Que de resto queixinhas temos nós todos
Quem não tem digam lá quem não as tem
São as espinhas e o safio tem-nas a rodos
A sardinha já não tanto mas também.
(Só uma pequena explicação. este ganha pelo optimismo que transpira, pelo optimismo que manifesta)
Agora o resto vai tudo de enfiada, que esta semana vocês não merecem mais consideração que isto. É assim, por uns, pagam outros. Resolvam lá isso entre vocês, quando tiverem tempo.
Vamos lá então...
Francisco Ali Dantas, Florença, Itália
A trinta e cinco réis custa a pescada;
O triste bacalhau a quatro e meio;
Só a lábia, pelos vistos, é que é dada,
Sim, à borla, hoje em dia, só paleio.
Houve em tempos idos já falar barato,
Mas falar baixou de preço e é de graça
que se fazem louvores; e ao desbarato
se entrega a sanha, o repto e a ameaça.
Mas é melhor assim, que muita gente,
Tivesse o que se diz qualquer valia,
Passaria a vida toda só silente;
E bem mais do que o sofre sofreria…
Mais vale deitar fora o que se sente
Como se faz a toda porcaria!
Gualdino Paes, Arnaldo, na clandestinidade (ou vice-versa)
Camaradas a lota continua
O polvo unido não fenece
Chaputa que pariu quem insinua
Que este sol que nos sardinha não aquece
Cerremos em cardume o punho erguido
As lulas mais pequenas vão à frente
Como têm muitas patas é curtido
Vê-las a agitar furiosamente
Façamos contra ventos e marés
A barreira de coral vitoriosa
Adonde mexilhões e burriés
Berbigarão a espuma gloriosa
Cosamos ao vapor da nossa fé
Aqueles que no mar andam perdidos
Os que por um limão e um capilé
Já os pais até tinham vendidos
Que ele há sempre ovelha tresmalhada
Em todo o cardume um patinho feio
A trinta e cinco reis custa a pescada
O triste bacalhau a quatro e meio
José Manuel Franzino, Vila Nova da Sardinha, S. Goraz de Alcantarilha
A trinta e cinco réis custa a pescada,
A tal que antes de ser o era já;
Só que antes de o ser não era nada
E agora é trinta e cinco e é quando há…
O triste bacalhau a quatro e meio
E é quase espinhas só, do mais miúdo;
Dez paga quem quiser algum mais cheio
E pode ir ao vintém, se for graúdo.
A dois vinténs a dúzia da sardinha,
É gozar co’a a miséria, ó companheiro!
Se as assam, eu abro uma carcacinha
E como o papo-seco só c’o cheiro.
Nem falo da corvina, nem do pargo,
A que ninguém já chega, nem mulato,
Nem à faneca já e nem ao sargo,
E nem ao carapau, mesmo de gato.
Que é feito do pe’xinho que houve outrora,
Ó fiel amigo, diz lá, onde andas tu?
Que pecados cometi que pago agora
Com bifinhos enxabidos de peru?
Que pecados cometi, p’ra merecer
A tortura cruel de Satanás
De já não voltar mais, em meu viver,
A chupar uma cabeça de goraz?
Mas ao preço que ele está, pobre de mim,
Só me resta resignar-me e aceitar
Que a vida doravante é mesmo assim:
Só bifes ao almoço e ao jantar…
Adelaide, de Tavira
a trinta e cinco reis custa a pescada
o triste bacalhau a quatro e meio
p'ra começar a tabela está desactualizada
que agora com a pescada congelada
sempre sai mais barato para um remedeio
já o bacalhau como é salgado
e vem de longe que é tudo peixe importado
fiel amigo só se for do alheio
mas agora a sério ainda bem
que se lembram desta nobre profissão
de ir ao mar na incerteza porém
de resgatar ao mar o doirado pão
peixeiras e pescadores a luta é dura
espinhosa digo mesmo só por graça
que de resto só uma cavalgadura
se pode queixar do preço do peixe na praça
E pronto, meus amigos, com o peixe que sobrou vou fazer um arrozinho e não tenham pena de mim que, pena têm as galinhas.
Agora o resto vai tudo de enfiada, que esta semana vocês não merecem mais consideração que isto. É assim, por uns, pagam outros. Resolvam lá isso entre vocês, quando tiverem tempo.
Vamos lá então...
Francisco Ali Dantas, Florença, Itália
A trinta e cinco réis custa a pescada;
O triste bacalhau a quatro e meio;
Só a lábia, pelos vistos, é que é dada,
Sim, à borla, hoje em dia, só paleio.
Houve em tempos idos já falar barato,
Mas falar baixou de preço e é de graça
que se fazem louvores; e ao desbarato
se entrega a sanha, o repto e a ameaça.
Mas é melhor assim, que muita gente,
Tivesse o que se diz qualquer valia,
Passaria a vida toda só silente;
E bem mais do que o sofre sofreria…
Mais vale deitar fora o que se sente
Como se faz a toda porcaria!
Gualdino Paes, Arnaldo, na clandestinidade (ou vice-versa)
Camaradas a lota continua
O polvo unido não fenece
Chaputa que pariu quem insinua
Que este sol que nos sardinha não aquece
Cerremos em cardume o punho erguido
As lulas mais pequenas vão à frente
Como têm muitas patas é curtido
Vê-las a agitar furiosamente
Façamos contra ventos e marés
A barreira de coral vitoriosa
Adonde mexilhões e burriés
Berbigarão a espuma gloriosa
Cosamos ao vapor da nossa fé
Aqueles que no mar andam perdidos
Os que por um limão e um capilé
Já os pais até tinham vendidos
Que ele há sempre ovelha tresmalhada
Em todo o cardume um patinho feio
A trinta e cinco reis custa a pescada
O triste bacalhau a quatro e meio
José Manuel Franzino, Vila Nova da Sardinha, S. Goraz de Alcantarilha
A trinta e cinco réis custa a pescada,
A tal que antes de ser o era já;
Só que antes de o ser não era nada
E agora é trinta e cinco e é quando há…
O triste bacalhau a quatro e meio
E é quase espinhas só, do mais miúdo;
Dez paga quem quiser algum mais cheio
E pode ir ao vintém, se for graúdo.
A dois vinténs a dúzia da sardinha,
É gozar co’a a miséria, ó companheiro!
Se as assam, eu abro uma carcacinha
E como o papo-seco só c’o cheiro.
Nem falo da corvina, nem do pargo,
A que ninguém já chega, nem mulato,
Nem à faneca já e nem ao sargo,
E nem ao carapau, mesmo de gato.
Que é feito do pe’xinho que houve outrora,
Ó fiel amigo, diz lá, onde andas tu?
Que pecados cometi que pago agora
Com bifinhos enxabidos de peru?
Que pecados cometi, p’ra merecer
A tortura cruel de Satanás
De já não voltar mais, em meu viver,
A chupar uma cabeça de goraz?
Mas ao preço que ele está, pobre de mim,
Só me resta resignar-me e aceitar
Que a vida doravante é mesmo assim:
Só bifes ao almoço e ao jantar…
Adelaide, de Tavira
a trinta e cinco reis custa a pescada
o triste bacalhau a quatro e meio
p'ra começar a tabela está desactualizada
que agora com a pescada congelada
sempre sai mais barato para um remedeio
já o bacalhau como é salgado
e vem de longe que é tudo peixe importado
fiel amigo só se for do alheio
mas agora a sério ainda bem
que se lembram desta nobre profissão
de ir ao mar na incerteza porém
de resgatar ao mar o doirado pão
peixeiras e pescadores a luta é dura
espinhosa digo mesmo só por graça
que de resto só uma cavalgadura
se pode queixar do preço do peixe na praça
E pronto, meus amigos, com o peixe que sobrou vou fazer um arrozinho e não tenham pena de mim que, pena têm as galinhas.
Agora, quanto ao vencedor da semana... Pois se ainda alimenta, nem que seja no mais fundo do seu próprio âmago, qualquer réstia de esperança de ser surpreendido com um surpreendente prémio surpresa... só lhe digo uma coisa, se se aviar, talvez ainda chegue a tempo de eu lhe dar o arroz. O arroz de peixe. Todo não, mas uma malguinha...
Posto isto, vamos ao mote para a próxima semana, pode ser?...
Posto isto, vamos ao mote para a próxima semana, pode ser?...
Pois esta semana recorro ao riquíssimo e inspiradíssimo adagiário popular para vos propor que gloseis este conceito:
"NÃO SÃO AS PULGAS DOS CÃES
QUE FAZEM MIAR OS GATOS"
QUE FAZEM MIAR OS GATOS"
alguém me pode dizer aqui desta casa se tb posso concorrer com umas quadras???
ResponderEliminarUnha Negr@