Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala. E pois é, a culpa de mais um atraso foi das iscas!
Saí de casa ontem por volta das onze horas da manhã, com destino ao escritório do Momento de Poesia, para aí vos anunciar o vencedor do concurso desta semana e o mote para a próxima. No caminho, porém, ao passar diante de um restaurante cujo menu anunciava, todo gaiteiro, que havia iscas para o almoço, não resisti a ferrar o dente nesse manjar que eu adoro e que nem calculais há quantos anos me não atravessava o estreito.
Maldita a hora, digo-vos eu, em que decidi que o melhor era matar já ali a fraqueza, antes de pôr em dia este nosso Momento! Não sei com que tinham temperado as iscas (que por acaso até estavam saborosas!) que, mal saí do restaurante, apanhei uma dor de barriga no estômago e uma má disposição acompanhada de vómitos frequentes que não queirais saber! E que só há bocadinho finalmente me largou... Passei a tarde de ontem e manhã de hoje a recuperar desse envenenamento. Evidentemente, põe-se também a possibilidade de não terem sido as iscas e ter sido outra coisa qualquer que eu tivesse comido, mas não vejo bem o quê, porque eu quando comi as iscas ainda estava em jejum e a única coisa mais que eu ingeri ontem foram os meus 4 litrinhos de vinho que sempre bebo a acompanhar a comida.
Mas enfim, o pior já passou e vamos lá aos prémios! Pois bem, os poemas foram tantos e tão bons esta semana que não tive outra solução senão tirar à sorte. É verdade, esta semana foi assim, por sorteio. E tive sorte, porque o sorteio por acaso escolheu o melhor de todos, a que, por essa mesma razão, resolvi atribuir até uma menção honrosa! Além disso, com a devida autorização do seu autor, resolvi também usar a primeira quadra do poema vencedor para mote da próxima semana.
O poema vem-nos então do senhor Agradável Luís Rocha e Rijo, que levará para a simpática localidade de Cinfães do Mouro o seu Kit de sobrevivência de fumeiro e salgadeira, oferta da Blècandeca, e reza assim (o poema):
Saí de casa ontem por volta das onze horas da manhã, com destino ao escritório do Momento de Poesia, para aí vos anunciar o vencedor do concurso desta semana e o mote para a próxima. No caminho, porém, ao passar diante de um restaurante cujo menu anunciava, todo gaiteiro, que havia iscas para o almoço, não resisti a ferrar o dente nesse manjar que eu adoro e que nem calculais há quantos anos me não atravessava o estreito.
Maldita a hora, digo-vos eu, em que decidi que o melhor era matar já ali a fraqueza, antes de pôr em dia este nosso Momento! Não sei com que tinham temperado as iscas (que por acaso até estavam saborosas!) que, mal saí do restaurante, apanhei uma dor de barriga no estômago e uma má disposição acompanhada de vómitos frequentes que não queirais saber! E que só há bocadinho finalmente me largou... Passei a tarde de ontem e manhã de hoje a recuperar desse envenenamento. Evidentemente, põe-se também a possibilidade de não terem sido as iscas e ter sido outra coisa qualquer que eu tivesse comido, mas não vejo bem o quê, porque eu quando comi as iscas ainda estava em jejum e a única coisa mais que eu ingeri ontem foram os meus 4 litrinhos de vinho que sempre bebo a acompanhar a comida.
Mas enfim, o pior já passou e vamos lá aos prémios! Pois bem, os poemas foram tantos e tão bons esta semana que não tive outra solução senão tirar à sorte. É verdade, esta semana foi assim, por sorteio. E tive sorte, porque o sorteio por acaso escolheu o melhor de todos, a que, por essa mesma razão, resolvi atribuir até uma menção honrosa! Além disso, com a devida autorização do seu autor, resolvi também usar a primeira quadra do poema vencedor para mote da próxima semana.
O poema vem-nos então do senhor Agradável Luís Rocha e Rijo, que levará para a simpática localidade de Cinfães do Mouro o seu Kit de sobrevivência de fumeiro e salgadeira, oferta da Blècandeca, e reza assim (o poema):
o que arde diz que sara
o que sara diz que cura
o que avança diz que pára
promete o que diz que jura
o que sobe diz que desce
o que é dulce não amarga
se não tens já não te cresce
cão que morde não deslarga
bate palmas a palmira
para abrir a porta à berta
aí está uma coisa gira
aí está uma coisa esperta
brincar com nomes de gajas
também tem sua piada
desde o momento em que ajas
de forma civilizada
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
era o mote da semana
já está e não se fala mais nisso
o que sara diz que cura
o que avança diz que pára
promete o que diz que jura
o que sobe diz que desce
o que é dulce não amarga
se não tens já não te cresce
cão que morde não deslarga
bate palmas a palmira
para abrir a porta à berta
aí está uma coisa gira
aí está uma coisa esperta
brincar com nomes de gajas
também tem sua piada
desde o momento em que ajas
de forma civilizada
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
era o mote da semana
já está e não se fala mais nisso
Mas também os outros 12 não lhe ficam nada atrás, como podereis constatar:
João Carolo Fífias
tu não me crepes suzete
não me rales a canela
não me batas em castelo
as claras da paciência
se não me chupas esparguete
não destapes a panela
que ele há mais mar que marmelo
e o amor é uma ciência
andas sempre entremeada
fazes de mim um banana
se toucinho ou nem por isso
p’ra ti é massa folhada
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
Armando Faísca, Benda Nova
diz o paio para o salame
olha ali o afiambrado
diz o paio queres que o chame
não deixa-o ir sossegado
diz o chispe à orelheira
já não me faz com feijão
se não cachaço a maneira
nem coentro a explicação
diz a couve pr’o repolho
eu cá sou uma cenoura
tenho um caracol num olho
não se nota muito embora
diz a guelra à barbatana
queres à posta ou ao postiço
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
Bandarilheiro Lopes
dás-me sopa, juliana
e não queres que eu chor’isso
sete dias por semana,
não é dieta é enguiço.
não é coisa que se faça,
acho eu, a uma pessoa.
mas tu és daquela raça...
tens a mania que és broa.
sei de quem, com tais bravatas,
houve um dia que lixou-se.
hás-de vir pedir batatas,
que te darei o arroz doce.
Emecêdois Igualaé, Tarreneg’, Al-Madanaada
Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?
Isso é tão impossível
Como eu manter-me impassível
Como um leão dormindo a sesta na savana
Se me dão cachaporrada no toutiço!
Elmano Laurentino, Maputo, Moçambique
Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?
Como és cruel, mamana,
Insensível, desumana,
Não te cria capaz disso…
Trouxe-te uma capulana,
Das mais caras do bazar
Tu não me dás nem banana,
E há mais de uma semana
Que não me queres falar!
Eu sei que esse grande safardana
Do João te foi dizer
Que me viu c’uma fulana.
É mentira do sacana,
Como é que tal podes crer?
Tu sabes que eu, Juliana,
Sou incapaz de traição.
A mulher com que o mufana
Me viu no xipanelana
Era a mãe do meu irmão!
Como és cruel, mamana,
Insensível, desumana,
Não te cria capaz disso…
Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?
Bufa Mística, Curraleira
juliana esbraceja
afogando-se na tigela
chora o chouriço
lágrimas no pão
a sopa arrefece
à velocidade de um cadáver
Bacalhau Arménio Brás
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
p.ex. ou ibidém
sou pra ti s/ compromisso
Antónia Ene, Ó, Liveira da Serra
“Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?”
O mote até é bacana,
a ver se o não desperdiço…
Mas, e uma ideia bonita?
Ah, tenho uma que promete:
“Não te fica bem a chita,
prefiro o crepe, Suzete”.
Não está mal, mas também não
está tão bem como podia…
E que tal “Esperei em vão,
que grande banho, Maria…”?
Desisto! Hoje é mau dia,
já vi que isto não dá mais…
Mas é bom, para a poesia
não ficar grande demais…
eme
poemas que dão para ler
e julianas para comer
sem muita palha e sem chor’isso
pra não dar cabo do tótisso
Arménio Uma Vez Mais , Sesimbra
ai a minha espondilose
ai os bicos de papagaio
se me der uma trombose
se me der o badagaio
se apanhar uma psicose
se me der a travadinha
ou então uma virose
ou uma febre daninha
daquela febre magana
que nos derrete o toutiço
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
José Manuel Bronco Comascasas, Bruxelas
oh penas do meu amor
galinhas do meu pavor
grainhas do faz favor
não há faíscas que luzam
quando as mágoas não se cruzam
no patamar do desgosto
desde o nascer ao sol posto
grasnam gansos nos pomares
e corujas nos altares
ladram os cães da rabugem
caem telhas e ferrugem
das chaminés improváveis
abre a boca e fecha os olhos
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
havia de ser giro havia
Areópago Raimundo, Ouriceira
sabes que sopa p’ra mim
derrete-me o coração
tremo que nem um pudim
fico assim sem explicação
dêem-me sopa se quereis
ver-me feliz e contente
nada melhor me dareis
do que um caldinho quente
fico logo sem defesa
qualquer um pode atacar
se me puserem na mesa
a malguinha a fumegar
e então se for de couve
com um feijão a enfeitar
aí até me comove
dá vontade de chorar
a verdade não engana
um porco espinho é um ouriço
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
E é tudo por hoje. Obrigado pela vossa compreensão e não vos esqueçais de que o mote da próxima semana (22 a 29 de Junho) é:
João Carolo Fífias
tu não me crepes suzete
não me rales a canela
não me batas em castelo
as claras da paciência
se não me chupas esparguete
não destapes a panela
que ele há mais mar que marmelo
e o amor é uma ciência
andas sempre entremeada
fazes de mim um banana
se toucinho ou nem por isso
p’ra ti é massa folhada
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
Armando Faísca, Benda Nova
diz o paio para o salame
olha ali o afiambrado
diz o paio queres que o chame
não deixa-o ir sossegado
diz o chispe à orelheira
já não me faz com feijão
se não cachaço a maneira
nem coentro a explicação
diz a couve pr’o repolho
eu cá sou uma cenoura
tenho um caracol num olho
não se nota muito embora
diz a guelra à barbatana
queres à posta ou ao postiço
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
Bandarilheiro Lopes
dás-me sopa, juliana
e não queres que eu chor’isso
sete dias por semana,
não é dieta é enguiço.
não é coisa que se faça,
acho eu, a uma pessoa.
mas tu és daquela raça...
tens a mania que és broa.
sei de quem, com tais bravatas,
houve um dia que lixou-se.
hás-de vir pedir batatas,
que te darei o arroz doce.
Emecêdois Igualaé, Tarreneg’, Al-Madanaada
Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?
Isso é tão impossível
Como eu manter-me impassível
Como um leão dormindo a sesta na savana
Se me dão cachaporrada no toutiço!
Elmano Laurentino, Maputo, Moçambique
Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?
Como és cruel, mamana,
Insensível, desumana,
Não te cria capaz disso…
Trouxe-te uma capulana,
Das mais caras do bazar
Tu não me dás nem banana,
E há mais de uma semana
Que não me queres falar!
Eu sei que esse grande safardana
Do João te foi dizer
Que me viu c’uma fulana.
É mentira do sacana,
Como é que tal podes crer?
Tu sabes que eu, Juliana,
Sou incapaz de traição.
A mulher com que o mufana
Me viu no xipanelana
Era a mãe do meu irmão!
Como és cruel, mamana,
Insensível, desumana,
Não te cria capaz disso…
Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?
Bufa Mística, Curraleira
juliana esbraceja
afogando-se na tigela
chora o chouriço
lágrimas no pão
a sopa arrefece
à velocidade de um cadáver
Bacalhau Arménio Brás
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
p.ex. ou ibidém
sou pra ti s/ compromisso
Antónia Ene, Ó, Liveira da Serra
“Dás-me sopa, Juliana,
E não queres que eu chor’isso?”
O mote até é bacana,
a ver se o não desperdiço…
Mas, e uma ideia bonita?
Ah, tenho uma que promete:
“Não te fica bem a chita,
prefiro o crepe, Suzete”.
Não está mal, mas também não
está tão bem como podia…
E que tal “Esperei em vão,
que grande banho, Maria…”?
Desisto! Hoje é mau dia,
já vi que isto não dá mais…
Mas é bom, para a poesia
não ficar grande demais…
eme
poemas que dão para ler
e julianas para comer
sem muita palha e sem chor’isso
pra não dar cabo do tótisso
Arménio Uma Vez Mais , Sesimbra
ai a minha espondilose
ai os bicos de papagaio
se me der uma trombose
se me der o badagaio
se apanhar uma psicose
se me der a travadinha
ou então uma virose
ou uma febre daninha
daquela febre magana
que nos derrete o toutiço
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
José Manuel Bronco Comascasas, Bruxelas
oh penas do meu amor
galinhas do meu pavor
grainhas do faz favor
não há faíscas que luzam
quando as mágoas não se cruzam
no patamar do desgosto
desde o nascer ao sol posto
grasnam gansos nos pomares
e corujas nos altares
ladram os cães da rabugem
caem telhas e ferrugem
das chaminés improváveis
abre a boca e fecha os olhos
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
havia de ser giro havia
Areópago Raimundo, Ouriceira
sabes que sopa p’ra mim
derrete-me o coração
tremo que nem um pudim
fico assim sem explicação
dêem-me sopa se quereis
ver-me feliz e contente
nada melhor me dareis
do que um caldinho quente
fico logo sem defesa
qualquer um pode atacar
se me puserem na mesa
a malguinha a fumegar
e então se for de couve
com um feijão a enfeitar
aí até me comove
dá vontade de chorar
a verdade não engana
um porco espinho é um ouriço
dás-me sopa juliana
e não queres que eu chor’isso
E é tudo por hoje. Obrigado pela vossa compreensão e não vos esqueçais de que o mote da próxima semana (22 a 29 de Junho) é:
o que arde diz que sara
o que sara diz que cura
o que avança diz que pára
promete o que diz que jura
o que sara diz que cura
o que avança diz que pára
promete o que diz que jura
Quanto ao prémio, não sejais impacientes, pois que ele em breve vos será dado a conhecer. Palavra de
Saraiva, o professor
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