Caspité e banha de porco, com vossa licença, é o professor Saraiva, como de costume, quem vos fala, novamente.
Chegados ao termo e ao cabo de mais uma semana, cabe-me agora a grata tarefa de vos anunciar o vencedor. Aquele que vai receber a maravilhosa e vanguardista engenhoca que manda casas pelo ar. Enfim, vai receber, não será bem assim, que o que se passa é que a aparelhagem está fixa ao chão. O meu amigo vai ter de trazer a sua casa para a gente a atarrachar ao dispositivo. Só depois é que poderá disfrutar da maravilhosa invenção e da estimulante experiência.
Posto isso, amigos e vates, vamos ao que nos trouxe.
E o vencedor desta semana há-de ser...
Chegados ao termo e ao cabo de mais uma semana, cabe-me agora a grata tarefa de vos anunciar o vencedor. Aquele que vai receber a maravilhosa e vanguardista engenhoca que manda casas pelo ar. Enfim, vai receber, não será bem assim, que o que se passa é que a aparelhagem está fixa ao chão. O meu amigo vai ter de trazer a sua casa para a gente a atarrachar ao dispositivo. Só depois é que poderá disfrutar da maravilhosa invenção e da estimulante experiência.
Posto isso, amigos e vates, vamos ao que nos trouxe.
E o vencedor desta semana há-de ser...
Ridícula Heussei Jaouvi e Basta, margens do Reno
a sagrada clavícula
de uma santa ridícula
um osso sem carne
já por aqui passou
já foi celebrado
em rimas cantado
e até deu um prémio
que alguém levantou
e mais coisas estranhas
manhosas patranhas
rimas rebuscadas
valentes cagadas
motes rebuscados
temas arrevesados
ideias fatelas
valentes pielas
já nos habituaram
aos maiores desafios
e à força levaram
a vários desvarios
foi pulgas e bacalhau
partes gagas e água fria
orelhas de carapau
mais a prima da tua tia
agora chegou ao fim
nem sequer para o disparate
conseguem nem mesmo assim
manter do mote o quilate
quereis então que glosemos
essa não coisa no pão
o mote quereis que o barremos
em gordurosa intenção
de forma rimada e meiga
com uma faca pequenina
e se não houver manteiga
pode ser sem margarina.
a sagrada clavícula
de uma santa ridícula
um osso sem carne
já por aqui passou
já foi celebrado
em rimas cantado
e até deu um prémio
que alguém levantou
e mais coisas estranhas
manhosas patranhas
rimas rebuscadas
valentes cagadas
motes rebuscados
temas arrevesados
ideias fatelas
valentes pielas
já nos habituaram
aos maiores desafios
e à força levaram
a vários desvarios
foi pulgas e bacalhau
partes gagas e água fria
orelhas de carapau
mais a prima da tua tia
agora chegou ao fim
nem sequer para o disparate
conseguem nem mesmo assim
manter do mote o quilate
quereis então que glosemos
essa não coisa no pão
o mote quereis que o barremos
em gordurosa intenção
de forma rimada e meiga
com uma faca pequenina
e se não houver manteiga
pode ser sem margarina.
Esta distinção é o que se chama a “bofetada sem mão”. Para que se veja de que massa somos feitos, resolvemos premiar o palhaço que mandou esta merda a dizer mal do mote. Que lhe faça, o prémio, bom proveito e queira deus que chova.
Agora o resto. O resto vai tudo à nota de vinte, já que não há nota maior. O mesmo é dizer: sim senhor!, assim até dá gosto.
Patrício Filho, Berlengas
Tudo não se pode qu’rer
E ademais, se mais se quer
Tanto mais se há-de perder!,
E então, p’ra mim… pode ser,
Espera, eu vou-te já dizer...
Para quem sabe o que quer,
Pode ser, sim, pode ser...
Aquilo que Deus quiser.
Porque aquilo que vier
É o que aqui há-de morrer!
Não havendo atum em posta
Também pode ser sangacho,
Bom petisco p’ra quem gosta
P’lo menos é o que eu acho...
Se não houver do especial,
Pode o tinto ser do lote,
Tanto me faz, mal por mal,
E é mais barato o calote,
E não sendo o bife acém,*
Pá, nem que seja da pá...
Não há comboi' p’rò Cacém,
Vou só até Massamá.
Se faltar o bacalhau,
Vou-me às batatas a murro,
E quanto ao arroz, tchau tchau!,
Que o estrugido cheira a esturro!
P’ra que há-de ser a gente
Exigente, se exigir
Tanto exige ao exigente
P’ra tão pouco se auferir?**
Sobre a sandes do almoço
P'ra comer ao meio-dia,
Bom, mentir também não posso:
Sim senhor, eu preferia
Sem a gordura mais meiga,
Cremosa, dourada e fina,
Mas se não houver manteiga,
Pode ser sem margarina
* Verso alternativo: E não sendo o bife a 100,
** Verso alternativo: P’ra tão pouco se… au!... ferir?
Anónima do Caxedré, também conhecida por Júlia Felorista
I
Ou é ou foi: on ne peut
pas être et avoir été!,
a não ser que tenha sido
alguém o que ainda é…
Comprar manteiga ou ficar
c’o dinheiro – há que escolher!
Le beurre et l’argent du beurre,
isso é que não pode ser!
II:
Não se pode ter na eira
sol, e chuva no nabal,
a não ser um pela Páscoa
e a outra p’lo Natal.
(Ou então que entre os dois
a distância seja tal
que fique o nabal em Ceira
e a eira no Bombarral…)
III
E se não houver manteiga
Nem dinheiro p’rà comprar?
Se o sol assolar a veiga
E a chuvinha nos faltar?
Se se resseca o caneco
E evapora a vitamina?
Venha seco o papo-seco
– Pode ser sem margarina!
Apreensivo Lopes, de Angústias Velhas, Tàsquinado
E quando a hora chegar
De eu me ir de este mundo
Se não for exagerar
Quero pedir mais um segundo
E se me for concedida
Uma tal graça porreiro
Quero o segundo em seguida
Que este foi só o primeiro
E nesse segundo garanto
Não vou ser muito exigente
Se não houver tempo p’ra tanto
Com o que houver fico contente
Não hei-de regatear
Nem vou ficar mal disposto
Se começar a nevar
E estivermos em Agosto
Nem hei-de fazer escarcéu
Se um golpe de vento frio
Me atirar com o chapéu
Ao charco para o meio do rio
Não digo mal de ninguém
Nem da casa ou do serviço
Nem nomes à tua mãe
Não senhora, nada disso
Se não houver luz da vela
Nem sebo para o pavio
Vemos a telenovela
Na Internet sem fio
Se não houver já o amor
Haja ao menos um carinho
Água fresca para o calor
A alma aquece-a o bom vinho
Ao menos a frase meiga
Que ilude a hora assassina
E se não houver manteiga
Pode ser sem margarina
eme, Almada
Sandes de leitão..
Mas tem de ser com pão?
E… a manteiga de fora????
Não pode... ficar a flora?!!!!
Eu voto na sandes de leitão
Com manteiga mas sem pão!!
Ermelinda, aliás Carlos
e se não houver manteiga
pode ser sem margarina
e se não houver maleita
pode dizer-se está fina
e se o cão diz que não se deita
dá-lhe com uma varinha fininha
e se a traça come a colcha
dá-lhe com a naftalina
e se não couber na caixa
arranja uma maiorzinha
e se o mar bate na rocha
antes isso que ao contrário
e se a minha avó não morresse
ainda hoje era viva
e se a porca torce o rabo
o parafuso é que enrosca
e se vais andar de barco
avia-te primeiro em terra
e se não se importam muito
eu ficava-me por aqui
Ágnes Keletika, Carcavelos
Vou dar-vos uma receita:
Enchidos, não nos comais,
Que pouco vos aproveita;
Comei antes vegetais,
Frutos secos, queijo Feta,
Só produtos naturais,
E integrai na dieta
Arroz e pão integrais,
E comei fruta, isso sim,
E em grande quantidade,
Que vos dá, ide por mim,
Saúde e longevidade.
Deixai de lado a gordura,
E a carne, se a comeis,
Não a façais em fritura,
Melhor é que a grelheis.
Sobretudo, comei sem
Qualquer gordura animal,
Que só não vos fará bem,
Como até faz muito mal!
Crede, pois, no que esta leiga
Tão doutoralmente ensina,
E, se não houver manteiga,
Pode ser sem margarina.
Maria Margarigda Vieigas, de Manteigas, Distrito da Guarda
Comam o pão sem manteiga,
A gordura mais maligna
E se não houver manteiga
Pode ser sem margarigna
E por esta semana, ficamos conversados, meus bons amigos. O mote que vos proponho para a que entra, confirai-o na prateleira de cima, onde podereis encontrar igualmente uma singela imagem inspiradora, que vos pode ser útil, numa aflição.
Saúde e prosperidade. E comei pão!
Agora o resto. O resto vai tudo à nota de vinte, já que não há nota maior. O mesmo é dizer: sim senhor!, assim até dá gosto.
Patrício Filho, Berlengas
Tudo não se pode qu’rer
E ademais, se mais se quer
Tanto mais se há-de perder!,
E então, p’ra mim… pode ser,
Espera, eu vou-te já dizer...
Para quem sabe o que quer,
Pode ser, sim, pode ser...
Aquilo que Deus quiser.
Porque aquilo que vier
É o que aqui há-de morrer!
Não havendo atum em posta
Também pode ser sangacho,
Bom petisco p’ra quem gosta
P’lo menos é o que eu acho...
Se não houver do especial,
Pode o tinto ser do lote,
Tanto me faz, mal por mal,
E é mais barato o calote,
E não sendo o bife acém,*
Pá, nem que seja da pá...
Não há comboi' p’rò Cacém,
Vou só até Massamá.
Se faltar o bacalhau,
Vou-me às batatas a murro,
E quanto ao arroz, tchau tchau!,
Que o estrugido cheira a esturro!
P’ra que há-de ser a gente
Exigente, se exigir
Tanto exige ao exigente
P’ra tão pouco se auferir?**
Sobre a sandes do almoço
P'ra comer ao meio-dia,
Bom, mentir também não posso:
Sim senhor, eu preferia
Sem a gordura mais meiga,
Cremosa, dourada e fina,
Mas se não houver manteiga,
Pode ser sem margarina
* Verso alternativo: E não sendo o bife a 100,
** Verso alternativo: P’ra tão pouco se… au!... ferir?
Anónima do Caxedré, também conhecida por Júlia Felorista
I
Ou é ou foi: on ne peut
pas être et avoir été!,
a não ser que tenha sido
alguém o que ainda é…
Comprar manteiga ou ficar
c’o dinheiro – há que escolher!
Le beurre et l’argent du beurre,
isso é que não pode ser!
II:
Não se pode ter na eira
sol, e chuva no nabal,
a não ser um pela Páscoa
e a outra p’lo Natal.
(Ou então que entre os dois
a distância seja tal
que fique o nabal em Ceira
e a eira no Bombarral…)
III
E se não houver manteiga
Nem dinheiro p’rà comprar?
Se o sol assolar a veiga
E a chuvinha nos faltar?
Se se resseca o caneco
E evapora a vitamina?
Venha seco o papo-seco
– Pode ser sem margarina!
Apreensivo Lopes, de Angústias Velhas, Tàsquinado
E quando a hora chegar
De eu me ir de este mundo
Se não for exagerar
Quero pedir mais um segundo
E se me for concedida
Uma tal graça porreiro
Quero o segundo em seguida
Que este foi só o primeiro
E nesse segundo garanto
Não vou ser muito exigente
Se não houver tempo p’ra tanto
Com o que houver fico contente
Não hei-de regatear
Nem vou ficar mal disposto
Se começar a nevar
E estivermos em Agosto
Nem hei-de fazer escarcéu
Se um golpe de vento frio
Me atirar com o chapéu
Ao charco para o meio do rio
Não digo mal de ninguém
Nem da casa ou do serviço
Nem nomes à tua mãe
Não senhora, nada disso
Se não houver luz da vela
Nem sebo para o pavio
Vemos a telenovela
Na Internet sem fio
Se não houver já o amor
Haja ao menos um carinho
Água fresca para o calor
A alma aquece-a o bom vinho
Ao menos a frase meiga
Que ilude a hora assassina
E se não houver manteiga
Pode ser sem margarina
eme, Almada
Sandes de leitão..
Mas tem de ser com pão?
E… a manteiga de fora????
Não pode... ficar a flora?!!!!
Eu voto na sandes de leitão
Com manteiga mas sem pão!!
Ermelinda, aliás Carlos
e se não houver manteiga
pode ser sem margarina
e se não houver maleita
pode dizer-se está fina
e se o cão diz que não se deita
dá-lhe com uma varinha fininha
e se a traça come a colcha
dá-lhe com a naftalina
e se não couber na caixa
arranja uma maiorzinha
e se o mar bate na rocha
antes isso que ao contrário
e se a minha avó não morresse
ainda hoje era viva
e se a porca torce o rabo
o parafuso é que enrosca
e se vais andar de barco
avia-te primeiro em terra
e se não se importam muito
eu ficava-me por aqui
Ágnes Keletika, Carcavelos
Vou dar-vos uma receita:
Enchidos, não nos comais,
Que pouco vos aproveita;
Comei antes vegetais,
Frutos secos, queijo Feta,
Só produtos naturais,
E integrai na dieta
Arroz e pão integrais,
E comei fruta, isso sim,
E em grande quantidade,
Que vos dá, ide por mim,
Saúde e longevidade.
Deixai de lado a gordura,
E a carne, se a comeis,
Não a façais em fritura,
Melhor é que a grelheis.
Sobretudo, comei sem
Qualquer gordura animal,
Que só não vos fará bem,
Como até faz muito mal!
Crede, pois, no que esta leiga
Tão doutoralmente ensina,
E, se não houver manteiga,
Pode ser sem margarina.
Maria Margarigda Vieigas, de Manteigas, Distrito da Guarda
Comam o pão sem manteiga,
A gordura mais maligna
E se não houver manteiga
Pode ser sem margarigna
E por esta semana, ficamos conversados, meus bons amigos. O mote que vos proponho para a que entra, confirai-o na prateleira de cima, onde podereis encontrar igualmente uma singela imagem inspiradora, que vos pode ser útil, numa aflição.
Saúde e prosperidade. E comei pão!
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