Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
CUSCUVILHAI! CUSCUVILHAI!... QUE NESTE BLOG QUASE TUDO SE PASSA NOS COMENTÁRIOS!
Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

uma imagem vale mais que mil sandes de leitão sem manteiga. Os vossos pedidos, perdão, poemas, é deixá-los aqui também, que o empregado já os leva

Olá amigos e etc, etc, uma vez mais...
Deixo-vos agora esta fotografia, como inspiração para o mote desta semana.
Esta fotografia tem uma história! Quem vedes, em pose sensual e vigorosa, encostado ao balcão, sou eu próprio, aqui há uns anos, quando participei num western, a convite do meu amigo Fritz Lopes.
Nesta cena, eu esperava pelo empregado para lhe pedir uma sandes de leitão sem manteiga e uma água do Vidago.
Na cena seguinte, haveria de proferir a única fala que me foi atribuída na fita e que terminava com esta frase enigmática, que dizia enfrentando o empregado, enquanto a câmara fechava o plano sobre o meu rosto hermético: "E se não houver manteiga, pode ser sem margarina!"
Aqui, as luzes baixavam, o empregado baixava-se, eu baixava-me e acabava o filme.

8 comentários:

  1. Patrício Filho, Berlengasterça-feira, 30 junho, 2009

    Até uma próxima oportunidade, atenciosamente.

    Tenho o mesmo nome do meu pai, Patrício Filho, e sou natural das Berlengas, onde nasci.
    O poema que envio tem muita psicologia.

    Olá, Sr. Professor!

    Tudo não se pode qu’rer
    E ademais, se mais se quer
    Tanto mais se há-de perder!,
    E então, p’ra mim… pode ser,
    Espera, eu vou-te já dizer...
    Para quem sabe o que quer,
    Pode ser, sim, pode ser...
    Aquilo que Deus quiser.
    Porque aquilo que vier
    É o que aqui há-de morrer!

    Não havendo atum em posta
    Também pode ser sangacho,
    Bom petisco p’ra quem gosta
    P’lo menos é o que eu acho...
    Se não houver do especial,
    Pode o tinto ser do lote,
    Tanto me faz, mal por mal,
    E é mais barato o calote,
    E não sendo o bife acém,*
    Pá, nem que seja da pá...
    Não há comboi' p’rò Cacém,
    Vou só até Massamá.
    Se faltar o bacalhau,
    Vou-me às batatas a murro,
    E quanto ao arroz, tchau tchau!,
    Que o esturgido cheira a esturro!

    P’ra que há-de ser a gente
    Exigente, se exigir
    Tanto exige ao exigente
    P’ra tão pouco se auferir?**

    Sobre a sandes do almoço
    P'ra comer ao meio-dia,
    Bom, mentir também não posso:
    Sim senhor, eu preferia
    Sem a gordura mais meiga,
    cremosa, dourada e fina,
    Mas se não houver manteiga,
    Pode ser sem margarina

    * Verso alternativo: E não sendo o bife a 100,
    ** Verso alternativo: P’ra tão pouco se… au!... ferir?

    ResponderEliminar
  2. Anónima do Caxedré, também conhecida por Júlia Felorista, mas é alcunhaterça-feira, 30 junho, 2009

    Bom dia, Sr. Professor,

    Sou uma antiga ouvinte do saudoso programa radiofónico “Despertar do Alpinistas” da saudosa Telefonia de Lisboa, onde tinha a sua saudosa rubrica “Momento de Poesia”, e confesso que fiquei agradavelmente surpreendida ao descobrir agora aqui esta reedição bastante blógica dessa maravilhosa pataca radiofónica que abrilhantava as nossas matinés de dimanche, uma hora para cá, outra hora para lá, e porque tira e porque deixa, de maneira que decidi colaborar o melhor que posso e sei e o melhor que posso e sei tem a forma deste poema em três partes isósceles que dedico à memória do grande homem de letras que foi Alberto Scheinswitzer, o inventor do “Às vezes nunca se sabe”, e é por ser dedicado assim a uma pessoa dessa craveira que o poema tem um salpicos em francês.
    Sem mais de momento, desejando-lhe desde já as melhores felicidades atenciosamente,

    Anónima do Caxedré, também conhecida por Júlia Felorista, mas é alcunha

    I
    Ou é ou foi: on ne peut
    pas être et avoir été!,
    a não ser que tenha sido
    alguém o que ainda é…

    Comprar manteiga ou ficar
    c’o dinheiro – há que escolher!
    Le beurre et l’argent du beurre,
    isso é que não pode ser!

    II:
    Não se pode ter na eira
    sol, e chuva no nabal,
    a não ser um pela Páscoa
    e a outra p’lo Natal.

    (Ou então que entre os dois
    a distância seja tal
    que fique o nabal em Ceira
    e a eira no Bombarral…)

    III
    E se não houver manteiga
    Nem dinheiro p’rà comprar?
    Se o sol assolar a veiga
    E a chuvinha nos faltar?

    Se se resseca o caneco
    E evapora a vitamina?
    Venha seco o papo-seco
    – Pode ser sem margarina!

    ResponderEliminar
  3. Apreensivo Lopes, de Angústias Velhasquarta-feira, 01 julho, 2009

    Olá amigos e professor Saraiva e menina Alice e restantes funcionários. Chamo-me Apreensivo Lopes e moro em Angústias Velhas, Tàsquinado. A poesia que envio é toda em verso, espero que gostem. Obrigado e bem hajam até sempre.



    E quando a hora chegar
    De eu me ir de este mundo
    Se não for exagerar
    Quero pedir mais um segundo
    E se me for concedida
    Uma tal graça porreiro
    Quero o segundo em seguida
    Que este foi só o primeiro
    E nesse segundo garanto
    Não vou ser muito exigente
    Se não houver tempo p’ra tanto
    Com o que houver fico contente
    Não hei-de regatear
    Nem vou ficar mal disposto
    Se começar a nevar
    E estivermos em Agosto
    Nem hei-de fazer escarcéu
    Se um golpe de vento frio
    Me atirar com o chapéu
    Ao charco para o meio do rio
    Não digo mal de ninguém
    Nem da casa ou do serviço
    Nem nomes à tua mãe
    Não senhora, nada disso
    Se não houver luz da vela
    Nem sebo para o pavio
    Vemos a telenovela
    Na Internet sem fio
    Se não houver já o amor
    Haja ao menos um carinho
    Água fresca para o calor
    A alma aquece-a o bom vinho
    Ao menos a frase meiga
    Que ilude a hora assassina
    E se não houver manteiga
    Pode ser sem margarina

    ResponderEliminar
  4. Ridícula H.J.e Bastaquarta-feira, 01 julho, 2009

    Olá eu sou Ridícula Heussei Jaouvi e Basta e moro numa vivenda de rés do chão e sótão, nas margens do Reno.
    Mando esta poesia, como podia não o fazer, mas faço e essa é a grande alegria e prémio que persigo e busco.
    Deixo à vossa consideração o encargo do ónus, que tudo o que vier é bónus.

    ... ... ... ... ...

    a sagrada clavícula
    de uma santa ridícula
    um osso sem carne
    já por aqui passou

    já foi celebrado
    em rimas cantado
    e até deu um prémio
    que alguém levantou

    e mais coisas estranhas
    manhosas patranhas
    rimas rebuscadas
    valentes cagadas
    motes rebuscados
    temas arrevesados
    ideias fatelas
    valentes pielas
    já nos habituaram
    aos maiores desafios
    e à força levaram
    a vários desvarios

    foi pulgas e bacalhau
    partes gagas e água fria
    orelhas de carapau
    mais a prima da tua tia
    agora chegou ao fim
    nem sequer para o disparate
    conseguem nem mesmo assim
    manter do mote o quilate

    quereis então que glosemos
    essa não coisa no pão
    o mote quereis que o barremos
    em gordurosa intenção
    de forma rimada e meiga
    com uma faca pequenina
    e se não houver manteiga
    pode ser sem margarina.

    ... ... ...

    Agradecida e até um dia.

    ResponderEliminar
  5. Sandes de leitão..
    Mas tem de ser com pão?
    E… a manteiga de fora????
    Não pode... ficar a flora?!!!!

    Eu voto na sandes de leitão
    Com manteiga mas sem pão!!

    ResponderEliminar
  6. Ermelinda, aliás Carlosquinta-feira, 02 julho, 2009

    Eu não tenho muito jeito para isto, mas vamos lá então...

    e se não houver manteiga
    pode ser sem margarina
    e se não houver maleita
    pode dizer-se está fina
    e se o cão diz que não se deita
    dá-lhe com uma varinha fininha
    e se a traça come a colcha
    dá-lhe com a naftalina
    e se não couber na caixa
    arranja uma maiorzinha
    e se o mar bate na rocha
    antes isso que ao contrário
    e se a minha avó não morresse
    ainda hoje era viva
    e se a porca torce o rabo
    o parafuso é que enrosca
    e se vais andar de barco
    avia-te primeiro em terra
    e se não se importam muito
    eu ficava-me por aqui


    Chamo-me Ermelinda, mas é mentira, que o meu nome é Carlos. Aquele, do outro dia, o da camisola...

    ResponderEliminar
  7. Ágnes Keletika, Carcavelossábado, 04 julho, 2009

    Sou uma senhora de origem húngara, mas radicada em Portugal já há muuuito tempo… Tenho já uma certa idade, mas ainda aqui estou para as curvas, como se pode ver pelo poema que vos envio, e isso deve-se não só à robustez do meu património genético, mas também, e muito, à alimentação regrada que sempre tenho levado. Aproveito esta oportunidade para deixar aqui uma mensagem que talvez possa interessar alguma criatura do sexo masculino:

    Senhora (eu) já de certa idade, mas ainda com curvas e para elas, de robusto património genético, procura, para fins de amizade e talvez até mesmo muito mais, cavalheiro de idade, património genético e interesses compatíveis com os seus (meus): passeios na natureza, filosofia oriental, comida saudável, passarinhos e senhores de robusto património genético. Enviar resposta para aqui mesmo.

    Muito obrigado por esta oportunidade, e até uma próxima

    Comam bem

    Ágnes Keletika, Carcavelos

    Vou dar-vos uma receita:
    Enchidos, não nos comais,
    Que pouco vos aproveita;
    Comei antes vegetais,
    Frutos secos, queijo Feta,
    Só produtos naturais,
    E integrai na dieta
    Arroz e pão integrais,
    E comei fruta, isso sim,
    E em grande quantidade,
    Que vos dá, ide por mim,
    Saúde e longevidade.
    Deixai de lado a gordura,
    E a carne, se a comeis,
    Não a façais em fritura,
    Melhor é que a grelheis.
    Sobretudo, comei sem
    Qualquer gordura animal,
    Que só não vos fará bem,
    Como até faz muito mal!
    Crede, pois, no que esta leiga
    Tão doutoralmente ensina,
    E, se não houver manteiga,
    Pode ser sem margarina.

    ResponderEliminar
  8. Maria Margarigda Vieigas, de Manteigas, Distrito da Guardasábado, 04 julho, 2009

    Sempre achei que o que é pequenininho é mais engraçadinho, por isso vos envio um poema muito pequenininho, em que resumo um dos princípios filosóficos que tem orientado a minha vida.

    Muitos cumprimentos ao Professor Saraiva, à menina Alice e a todos os leitores do Momento de Poesia.

    Comam o pão sem manteiga,
    A gordura mais maligna
    E se não houver manteiga
    Pode ser sem margarigna

    Maria Margarigda Vieigas, de Manteigas, Distrito da Guarda

    ResponderEliminar