Dos milhares de poemas que recebemos esta semana, só cá chegaram 10, o que já não é mau. Desses dez, três são de senhoras e merecem todos destaque, um por ganhar e os outros dois por serem um assim-assim e o outro fracamente mau, mas eu não digo qual é qual. A vencedora desta semana é, pois, simplesmente Maria (oh Maria Alice, faça-me um favor, dispare aí o Tchaicóvsqui, sim?)
eu farelo e tu, farinhas?
eu marmelo e tu, marmotas?
não caroço o que graínhas
não carolo o que carlotas
se eu armário, tu gavetas.
se eu alpino, tu alpistas.
tudo o que digo, ampulhetas,
ou então contorcionistas
bem sei que só melancia
às vezes quando te ervilhas
com urtigas nas virilhas
ou com um pano nas lentilhas
o que é que bolachas, maria,
encharcado em leite quente, ou água fria?
eu marmelo e tu, marmotas?
não caroço o que graínhas
não carolo o que carlotas
se eu armário, tu gavetas.
se eu alpino, tu alpistas.
tudo o que digo, ampulhetas,
ou então contorcionistas
bem sei que só melancia
às vezes quando te ervilhas
com urtigas nas virilhas
ou com um pano nas lentilhas
o que é que bolachas, maria,
encharcado em leite quente, ou água fria?
Em segundo e terceiro lugares, com poemas por acaso mais jeitosos do que o primeiro, mas tiveram azar, temos:
Adeus e Atébreve Tavares, Vale dos Píncaros, distrito Controverso
o que é que bolachas, Maria,
leite quente, ou água fria?
e porque atarraxas, Manel,
parafusos com um pincel?
não é com pá de pedreiro,
que cimentas a amizade.
os bicos do fogareiro
não picam na realidade.
não fala a boca do forno.
é muda como um anão,
que sofra desse transtorno,
dessa mesma condição.
não ouve o canto da casa,
ninguém, por muito que queira.
o penico tem uma asa,
quatro pernas a cadeira.
ferve a cal com água fria.
e a couve, logo ao nascer,
no nome já anuncia
o que já deixou de ser.
por isso pôr-se a questão
aos que estão é evidente
que uns acham outros não
mas para mim é indiferente
e tu Maria, que bolachas,
diz-me lá o que larachas...
Pá Xecual de Melo, de Madra, Goa
o que é que bolachas maria
o que é que bolachas manel
não te massa a aletria
nem te assa a rapatel
o que é que bolachas torrada
ou preferes de raspão
com manteiga e marmelada
com margarina é que não
que é que bolandas carlota
a fazer ao pé coxinho
já perdestes uma bota
ou pisastes còcòzinho
que é que balbinas raimunda
que é que eduardas tomé
bem sei que me barafundas
mas olha que não fricassé
que é que bolachas maria
que é que bolachas tozé
leite quente ou água fria
ou groselha ou capilé
que é que bolachas vizinha
que é que bolachas vizinho
um pero vaz de caminha
ou um pero zás no focinho
o que é que bolachas, Maria,
leite quente, ou água fria?
e porque atarraxas, Manel,
parafusos com um pincel?
não é com pá de pedreiro,
que cimentas a amizade.
os bicos do fogareiro
não picam na realidade.
não fala a boca do forno.
é muda como um anão,
que sofra desse transtorno,
dessa mesma condição.
não ouve o canto da casa,
ninguém, por muito que queira.
o penico tem uma asa,
quatro pernas a cadeira.
ferve a cal com água fria.
e a couve, logo ao nascer,
no nome já anuncia
o que já deixou de ser.
por isso pôr-se a questão
aos que estão é evidente
que uns acham outros não
mas para mim é indiferente
e tu Maria, que bolachas,
diz-me lá o que larachas...
Pá Xecual de Melo, de Madra, Goa
o que é que bolachas maria
o que é que bolachas manel
não te massa a aletria
nem te assa a rapatel
o que é que bolachas torrada
ou preferes de raspão
com manteiga e marmelada
com margarina é que não
que é que bolandas carlota
a fazer ao pé coxinho
já perdestes uma bota
ou pisastes còcòzinho
que é que balbinas raimunda
que é que eduardas tomé
bem sei que me barafundas
mas olha que não fricassé
que é que bolachas maria
que é que bolachas tozé
leite quente ou água fria
ou groselha ou capilé
que é que bolachas vizinha
que é que bolachas vizinho
um pero vaz de caminha
ou um pero zás no focinho
Embora só a D. Maria tenha direito a escafandro, não quisemos também deixar de oferecer a estes dois simpáticos concorrentes um prémio de consolação e, depois de muito reflectir, decidimos que lhe ofereceríamos um coelho a cada um, mas ainda por esfolar. Muitos parabéns então a vós, continuai sempre a mandar poemas!
Depois destes 3 mais 7, 3 e 7 dá 10, está certo, confere:
António Vagamente Confuso e Muito, aldeia da Gosma, concelho de Capuz p'rós Olhos
pinga da goteira dos telhados
do gume acerado das facas
escorre das paredes cobertas de musgo velho
infiltra-se por entre as pedras que cobrem o leito esventrado da ribeira seca
alastra como uma nódoa pelo chão de laje negra
viscoso e translúcido
brilhante e fluído
sinistro e mudo
nenhum bicarbonato há-de algum dia diluir-se no seu líquido apetite
na sua voraz metafísica
nem sal que se derreta
açúcar que se dissolva
agriões que nele cresçam
manjerico que aí medre
mete-se nos ossos como a humidade nos bolsos
cai do céu como os caramelos vaquinha
o que é que bolachas Maria
leite quente ou água fria?
Azeredo Fisga, de Alfeguibújero Sólido
Com arroz, Jú, ou antes queres
que esparguete de fininho?...
Quero eu dizer, se preferes
assim, assado, ou ancinho...
Com ceição, ou sem a dita?,
seja lá isso o que for...
Com entrada tão catita,
a saída 'inda é melhor!
Papo seco, se não chove...
Fome que ladra, não morda,
que se não houver, come-se açorda.
Acumula, o que o cu move.
O que é que bolachas, Maria,
leite quente, ou água fria?
Josefino Sortido, Cochabamba, Bolívia
Depois destes 3 mais 7, 3 e 7 dá 10, está certo, confere:
António Vagamente Confuso e Muito, aldeia da Gosma, concelho de Capuz p'rós Olhos
pinga da goteira dos telhados
do gume acerado das facas
escorre das paredes cobertas de musgo velho
infiltra-se por entre as pedras que cobrem o leito esventrado da ribeira seca
alastra como uma nódoa pelo chão de laje negra
viscoso e translúcido
brilhante e fluído
sinistro e mudo
nenhum bicarbonato há-de algum dia diluir-se no seu líquido apetite
na sua voraz metafísica
nem sal que se derreta
açúcar que se dissolva
agriões que nele cresçam
manjerico que aí medre
mete-se nos ossos como a humidade nos bolsos
cai do céu como os caramelos vaquinha
o que é que bolachas Maria
leite quente ou água fria?
Azeredo Fisga, de Alfeguibújero Sólido
Com arroz, Jú, ou antes queres
que esparguete de fininho?...
Quero eu dizer, se preferes
assim, assado, ou ancinho...
Com ceição, ou sem a dita?,
seja lá isso o que for...
Com entrada tão catita,
a saída 'inda é melhor!
Papo seco, se não chove...
Fome que ladra, não morda,
que se não houver, come-se açorda.
Acumula, o que o cu move.
O que é que bolachas, Maria,
leite quente, ou água fria?
Josefino Sortido, Cochabamba, Bolívia
O que é que bolachas, Maria,
Leite quente ou água fria?
Se escondes o que bolachas,
Em chuingamosas larachas,
Se tudo o que tu biscoitas,
Guardas p’ra ti, não t’afoitas
Fora dessas tarteletes
Em que não te comprometes…
O que pastelas, Maria,
Eu não o pastelaria,
Nata disso! Pois não vês
P’lo amor de quem palmiês,
Que se nunca te muffinas,
Mais sofres, mais desatinas?
O que é que bolachas, Maria,
Leite quente ou água fria?
Que donut a quem doer,
Diz o que tens a dizer,
Às mães, aos pais, aos avós,
A filhas, filhas, filhós!
Di-lo pães, di-lo de ló,
Di-lo, mas não digas só,
Tu passa logo às acções,
Vai-te a esse coscorões
E dá-lhes nas rabanadas
Duas valentes palmadas!
Bolinhos d’arroz, moleques,
Co’a mania que são queques!
João Sebastião Ribeirão, Aizenaxe, Minas Muito Gerais
Maria, que dar devia
Calor à minha existência,
E a deixava, ao invés, fria
Com a sua cruel ausência,
Maria não respondia
Se lhe pedia anuência
Se, em desespero, insistia
Ignorava-me a insistência…
“O que bolachas, Maria,
Leite quente ou água fria?
Dou-te tudo a ti, Maria,
Dou-te a Terra e dou-te o Céu
Tu nem sequer me bolotas,
Que triste destino o meu!
Dou-te poemas de amor
Sobre como me incendeias
Mas p’ra quê, se não bolinas?
Eu nem creio que os boleias…
Diz-me, vá, com quem bolandas
Dir-te-ie quem boldriés...
Mas comigo nunca é
A mim dás-me é com os pés...
Vou contar ao mundo inteiro
Tudo bol’tim por tintim
Maria, não me boliches,
Porque me tratas assim?
O que bolachas, Maria,
Leite quente ou água fria?”
Maria Alice Alcino Magalhães Saraiva, Lisboa, Portugal
Que é que bolachas, Maria?
O que é que te apetecia?
A frescura ou o calor?
Com gordura ou sem sabor?
Numa palavra, Maria,
Leite quente ou água fria?
O que galochas, Marina?
Por chuva, vento e neblina?
Onde é que pus o chapéu?
Capuz ou cabeça ao léu?
Numa palavra, Marina,
O quispo ou a gabardina?
Que é que cartolas, Marisa?
O que te caracteriza?
És mais prato ou mais travessa?
Com mais tacto ou mais depressa?
Numa palavra, Marisa,
Mangas à cava ou camisa?
Porque sereia, Marília?
Se a quer destilar, destile-a!
Melhor lombo com tomilho
Que um rombo no tombadilho
Numa palavra, Marília,
Aguardente ou chá de tília?
Ernesto Picareta, Almoçageme
?que é que bolachas, biscoito?...
?que é que farófias, faria?...
?que é que bolachas, triunfo?...
?que é que bolachas, maria?...
?aguarrás, ou água-pé?...
?aguardente?... quem diria!?...
dois pinguinhos, no café,
leite quente, ou água fria.
Alberta das Nove às Cinco, de Gancho, Levada dos Diabos, Portugaal com dois ás
Leite quente ou água fria?
Se escondes o que bolachas,
Em chuingamosas larachas,
Se tudo o que tu biscoitas,
Guardas p’ra ti, não t’afoitas
Fora dessas tarteletes
Em que não te comprometes…
O que pastelas, Maria,
Eu não o pastelaria,
Nata disso! Pois não vês
P’lo amor de quem palmiês,
Que se nunca te muffinas,
Mais sofres, mais desatinas?
O que é que bolachas, Maria,
Leite quente ou água fria?
Que donut a quem doer,
Diz o que tens a dizer,
Às mães, aos pais, aos avós,
A filhas, filhas, filhós!
Di-lo pães, di-lo de ló,
Di-lo, mas não digas só,
Tu passa logo às acções,
Vai-te a esse coscorões
E dá-lhes nas rabanadas
Duas valentes palmadas!
Bolinhos d’arroz, moleques,
Co’a mania que são queques!
João Sebastião Ribeirão, Aizenaxe, Minas Muito Gerais
Maria, que dar devia
Calor à minha existência,
E a deixava, ao invés, fria
Com a sua cruel ausência,
Maria não respondia
Se lhe pedia anuência
Se, em desespero, insistia
Ignorava-me a insistência…
“O que bolachas, Maria,
Leite quente ou água fria?
Dou-te tudo a ti, Maria,
Dou-te a Terra e dou-te o Céu
Tu nem sequer me bolotas,
Que triste destino o meu!
Dou-te poemas de amor
Sobre como me incendeias
Mas p’ra quê, se não bolinas?
Eu nem creio que os boleias…
Diz-me, vá, com quem bolandas
Dir-te-ie quem boldriés...
Mas comigo nunca é
A mim dás-me é com os pés...
Vou contar ao mundo inteiro
Tudo bol’tim por tintim
Maria, não me boliches,
Porque me tratas assim?
O que bolachas, Maria,
Leite quente ou água fria?”
Maria Alice Alcino Magalhães Saraiva, Lisboa, Portugal
Que é que bolachas, Maria?
O que é que te apetecia?
A frescura ou o calor?
Com gordura ou sem sabor?
Numa palavra, Maria,
Leite quente ou água fria?
O que galochas, Marina?
Por chuva, vento e neblina?
Onde é que pus o chapéu?
Capuz ou cabeça ao léu?
Numa palavra, Marina,
O quispo ou a gabardina?
Que é que cartolas, Marisa?
O que te caracteriza?
És mais prato ou mais travessa?
Com mais tacto ou mais depressa?
Numa palavra, Marisa,
Mangas à cava ou camisa?
Porque sereia, Marília?
Se a quer destilar, destile-a!
Melhor lombo com tomilho
Que um rombo no tombadilho
Numa palavra, Marília,
Aguardente ou chá de tília?
Ernesto Picareta, Almoçageme
?que é que bolachas, biscoito?...
?que é que farófias, faria?...
?que é que bolachas, triunfo?...
?que é que bolachas, maria?...
?aguarrás, ou água-pé?...
?aguardente?... quem diria!?...
dois pinguinhos, no café,
leite quente, ou água fria.
Alberta das Nove às Cinco, de Gancho, Levada dos Diabos, Portugaal com dois ás
que é que bolachas maria
que mote tão farináceo
que é que isolinas oh prima
que gabardinas inácio
que é que bolachas não faz
sentido que se aproveite
e depois aquela história
da água fria e do leite
vocês às vezes, confessem
não sabem o que inventar
e lá vão buscar essas merdas
p’rá gente depois rimar
é leite quente e bolachas
numa açorda do caneco
mas isto não é poesia
é só rimar pró boneco
mas enfim não digo nada
só mais isto e já me calo
esta que mando foi roubada
de um papel que vinha a embrulhar um robalo
se não serve manda fora
ou então dá-a a um pobre
que eu por mim vou já embora
atum tenório salsicha nobre
E, por agora, amigos, é tudo, desejo a todos um óptimo fim-de-semana e não vos esqueçais de continuar a concorrer um bocadinho todos os dias, que isso faz bem. Para saberdes qual o mote da semana que hoje começa e se prolonga até mais lá para sábado que vem, espreitai, pois, no quadradinho acima deste, que vem lá tudo explicadinho.
Diverti-vos e comei peixe,
Saraiva, Alcino Magalhães
que mote tão farináceo
que é que isolinas oh prima
que gabardinas inácio
que é que bolachas não faz
sentido que se aproveite
e depois aquela história
da água fria e do leite
vocês às vezes, confessem
não sabem o que inventar
e lá vão buscar essas merdas
p’rá gente depois rimar
é leite quente e bolachas
numa açorda do caneco
mas isto não é poesia
é só rimar pró boneco
mas enfim não digo nada
só mais isto e já me calo
esta que mando foi roubada
de um papel que vinha a embrulhar um robalo
se não serve manda fora
ou então dá-a a um pobre
que eu por mim vou já embora
atum tenório salsicha nobre
E, por agora, amigos, é tudo, desejo a todos um óptimo fim-de-semana e não vos esqueçais de continuar a concorrer um bocadinho todos os dias, que isso faz bem. Para saberdes qual o mote da semana que hoje começa e se prolonga até mais lá para sábado que vem, espreitai, pois, no quadradinho acima deste, que vem lá tudo explicadinho.
Diverti-vos e comei peixe,
Saraiva, Alcino Magalhães
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