Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

"e há boas razões até / p'ra isto ser como é" – o mote, tal como ele é

Como podeis ver, é de profunda reflexão e atilada filosofia, o mote, que esta semana vos proponho. Uma velha máxima dos sábios japoneses, com quem tive o privilégio de privar, durante a minha passagem por umas termas que lá havia.
Espero que a imagem junta vos inspire e estimule. Serve também para ilustrar o prémio que vos aguarda. Um magnífico conjunto de barbatanas e óculos de ver conchinchas em material aborrachado .

É também aqui que podeis deixar as vossas generosas colaborações. Poderia não ser, mas é.
Como dizia o mestre...

"e há boas razões até
p'ra isto ser como é!"

9 comentários:

  1. L.A.Brego, de Caraças (Banezuela?...)segunda-feira, 06 julho, 2009

    e há boas razões até
    p'ra isto ser como é.
    e o mote tal como ele é
    também faz parte
    também é?
    vai p'r'aqui já um salsifré
    já estiveram na água pé
    que não é com capilé
    que se fica assim choné
    podes crer por minha fé
    que já vi muito banzé
    á porta de muito café
    muita maria muito zé
    que mal se tinham de pé
    e se lhe perguntavam como é
    olhavam p'ra ti de vié
    babando-se como um bébé
    respondiam madié
    e há boas razões até
    p'ra isto ser como é

    Luis Alberto Brego, de Caraças

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  2. Zé Tó, estás a verterça-feira, 07 julho, 2009

    Olá pá, eu pá chamo-me Zé Tó pá e sou de Xabregas, estás a ver.
    Gramava pá de concorrer pá, mas não sei se estou pá à altura, estás a ver.
    Mas de qualquer maneira pá, acho que vou, mesmo assim pá, tentar a minha sorte, estás a ver.
    O poema pá que mando estás a ver chama-se pá o mote que vocês deram, pá, estás a ver.

    Ainda bem que me perguntas
    Que assim eu explico-te já
    No essencial estás a ver
    O que mais importa pá

    As regras essenciais
    Que regem o funcionamento
    Das coisas materiais
    E as outras do pensamento
    Apesar de parecerem
    À primeira tão diversas
    Acabam no fim por serem
    Regidas sem mais conversas
    De uma forma equiparada
    E ambas ao cabo e ao fundo
    Sujeitas à tabuada
    Que acerta as contas do mundo
    Essa lei universal
    Que faz com que o agrião
    Não nasça a um metro e tal
    E cresça rentinho ao chão
    A que faz com que as formigas
    Andem em fila indiana
    E aos beijinhos muito amigas
    Até ao fim de semana
    Anda cá que que isto é depressa
    Não tem ciência nenhuma
    Explica-se sem mais conversa
    Já que a razão é só uma
    Isto tudo que tu vês
    Que anda no mundo e faz pó
    Não tem porques, nem porquês
    A razão é uma só
    Ou se quiseres mais rigor
    E de uma forma geral
    Faço-te eu esse favor
    E mudo já para o plural
    Mas no fim vai dar ao mesmo
    Não altera mesmo nada
    Uma duas tudo a esmo
    Tudo ao mesmo tudo ou nada
    E há boas razões até
    P’ra isto ser como é
    Pá, gramei. E vocês? Fixe, estás a ver. Fiquem bem.

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  3. Olá amigos e alívios. Apresento-me Inóspito Salgado Seco, basáltico escultor de rimas dóricas e apreciador arrepiado da prótese lírica. Em minha opinião não há dúvida. Por isso acatei a minha própria decisão de enfardanar este momento de poesia com a minha prosa védica.
    Solicitações e alface o que se passa é o seguinte.


    Isto o caso é o seguinte
    P’rà coisa ficar bem feita
    Junta-se aí umas vinte
    Laranjas de cor perfeita
    Cortam-se ao meio depois
    Com uma faquinha afiada
    Cada uma aberta em dois
    Espalhadas na bancada
    De seguida vais buscar
    Um jarrinho bem lavado
    Coisa que dê p’ra levar
    Um litro bem aviado
    Pegas depois em metade
    De uma laranja qualquer
    E esprèmesea-la com vontade
    Com toda a força que houver
    E repetes em seguida
    Esta mesma operação
    Com cada uma partida
    Com a tal faca do pão
    Com cuidado no entanto
    Se tiveres feridas na mão
    que o sumo dela arde tanto
    ou quase como o limão
    mas o que importa não esqueças
    o que é fundamental
    é ir espremendo sem pressas
    até à laranja final

    E p’ra sacar mais suminho
    Podes espetar um garfinho

    E não te digo mais nada
    Já sabes a laranjada

    E se a queres beber fresquinha
    Esperimenta por uma palhinha

    E há boas razões até
    P’ra isto ser como é


    Fim

    E pronto. Estimativas e melhoramentos para todos e até qualquer coisinha, ou um dia destes.

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  4. Insólitos Sintéticossexta-feira, 10 julho, 2009

    Nós somos um grupo de amigos que não se vê há muito tempo, por isso resolvemos mandar isto, que escrevemos em conjunto, como tudo o que fazemos, desde que não nos vemos.
    Chama-se, o nosso poema, olá estás bom.

    diz-se sempre olá estás bom
    quando a gente encontra alguém
    e diz-se que é de bom tom
    que o outro pergunte também
    mesmo que esteja nas tintas
    mesmo que esteja a cagar
    mesmo que finja que minta
    que nem te esteja a escutar
    é um tique se quiseres
    uma coisa já antiga
    mas que te obriga a fazeres
    sempre essa pose amiga
    e um sorriso também
    fica bem e a condizer
    e se perguntares pela mãe
    então nem queiras saber
    não haverá quem te conteste
    o vinte em diplomacia
    o vintém?! foi o que disseste'!
    oh valha-te a virgem maria

    mas isto vinha à colação
    da chamada educação
    e há boas razões até
    p'ra isto ser como é


    ass.: Augusto, Arménio, Bartolomeu, Cardoso, Damas, Ernesto,Francelina(também é um gajo, mas enfim...),Gaspar,Hermínia(a fadista),Isidro,Jaime,Kikas,Lourenço,Malaquias,
    Norberto,Odete,Paulina,Queirós,Renato,
    Somosmuitos,Teodoro,Umbelina, Viriato,Xavier,Zorro(o palhaço do grupo)

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  5. Feijão, de Latasábado, 11 julho, 2009

    vai primeiro a saudação
    bom dia sou o Feijão
    a seguir vamos ao tema
    aqui vai o meu poema

    pode haver incongruência
    numa primeira impressão
    a julgar pela aparência
    pode dar a ilusão
    que certas coisas não têm
    razão nenhuma de ser
    que estão a mais e só vêm
    cá para nos aborrecer
    coisas sem utilidade
    coisas sem explicação
    coisas que em boa verdade
    não se engolem nem com pão
    coisas que deixam no ar
    a profunda interrogação
    não sei o que foi o jantar
    mas deram-lhe no carrascão
    é que só assim se explica
    por bezana do divino
    porque é que a morte não estica
    e o futuro é pequenino

    mas não vou armar-me em esperto
    deus é que sabe o que é certo
    e há boas razões razões até
    p'ra isto ser como é

    e agora p'racabar
    só me resta desejar
    com sincera simpatia
    saudinha e bom dia


    (Lata/2009)

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  6. Joaquim Bifes ?...domingo, 12 julho, 2009

    Olá, eu meu nome é Bifes e sou da Trafaria, ao sul do Tejo. Aqui mando a minha.

    não! eu não!
    eu preciso de comer carne
    preciso de comer bifes
    sou de um raça que ainda come carne crua
    os meus antepassados penteavam-se com ossos
    saudavam-se com rugidos
    eu preciso de rasgar com os dentes
    enrolar com a língua
    engolir os suculentos rojões da existência
    sem pão nem poesia
    e há boas razões até
    p'ra isto ser como é

    Graciosidades e até breves
    Joaquim

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  7. Cristina Amália? Amália Cristina?domingo, 12 julho, 2009

    tudo tem na vida um termo
    tudo tem na vida um fim
    um propósito um sentido
    tudo na vida é assim

    como o rio que sempre corre
    sem saber onde é a foz
    mas tem por certo que morre
    como um dia todos nós

    tudo na vida se explica
    nesta lei intransigente
    ninguém fica p'ra semente

    tudo marcha ninguém fica
    e há boas razões até
    p'ra isto ser como é


    Bom dia, aqui é meia noite e eu chamo-me Cristina. Estou a escrever de um vão de escadas em Nova Iorque, mas não digam nada à minha mãe. O poema que mando, agradecia que mo devolvessem, depois de lerem, que é para eu mostrar aqui a um tipo que não acredita.
    Obrigado e até sempre, Amália.

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  8. Manuel José Pedro Francisco, de Vira Nova d’Outrémsegunda-feira, 13 julho, 2009

    Caro professor Saraiva, escreve-lhe Manuel José Pedro Francisco, de Vira Nova d’Outrém. Sou empregado de escritório por natureza, revoltado por profissão e folclorista por passatempo, e fiz um poema em forma de vira, a ver se você gosta. Muito obrigado.

    Há boas razões até
    Podes mesmo crer, ó Zé,
    Para um gajo armar banzé
    P’ra deixar de ser otário
    E virar tudo ao contrário


    Há boas razões até
    Podes mesmo crer, ó Zé,
    P’rà bronca e p’rò salsifré
    P’ra deixar de ser burgesso
    Virar tudo do avesso

    Há boas razões até
    Podes mesmo crer, ó Zé,
    Para fazer finca-pé
    P’ra agarrar nesses sacanas
    Virar tudo de pantanas

    Há boas razões até
    Podes mesmo crer, ó Zé,
    P’rò murro e p’rò pontapé
    Acabar co’ as macacadas
    E virar tudo à estalada

    Porque eu já ando virado
    Com as coisas como elas são
    Vire-me eu para que lado
    Me virar, é uma aflição
    É o vira c’um pé no ar
    E o outro nem chega ao chão
    Nós temos de nos virar
    Porque não há mesmo razão
    Olarilarilolé
    P’ra isto ser como é

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  9. Este poema apareceu-me aqui na caixa de correio sem remetente, nem assinatura.E mais um mistério dos muitos que têm assombrado este Momento, ultimamente.
    Resolvi publicá-lo, outrossim, quanto mais não seja para provar a essa gentinha que o professor Saraiva nunca se agacha.

    Há boas razões até
    P’ra isto ser como é,
    E é também o que dizia
    O meu avô tão saudoso,
    Homem de sabedoria
    Apesar de já idoso,
    E morreu feliz, coitado,
    Rosadinho e anafado,
    A comentar c’os botões
    Do pijama que, no fundo,
    Há sempre boas razões
    P’ra ser como é mundo:
    P’ra os gatos e outros felinos,
    Terem, como os cães, caninos;
    P’ra instantaneamente ser
    Uma palavra comprida;
    P’ra, da coisa por comer,
    Nós dizermos que é comida;
    P’ra em Díli haver gente
    Nem por isso diligente
    Para haver quem se desunhe
    Na viola, cheio de garra,
    Embora, de facto, empunhe
    Nas unhas uma guitarra;
    Razão há sempre, o que é
    Que não se sabe qual é

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