Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

a sagrada clavícula da virgem maria


16 comentários:

  1. sinceramente acho que vocês estão a esticar a corda. a semana passada eram uns catraios em pelota com ar drogado, esta semana espetam-me aqui com uns ossos ainda com carne agarrada, que é do melhor que há p'ra chamar o mosquedo!
    sinceramente acho que vocês estão a esticar a corda e olhem que eu, ainda mais com os piercings, não sou boa de assoar! já vos digo , comigo é oh meu amigo, pão , pão, trigo, trigo!...

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  2. Abrelatas de Conserva Ramirez, de Folha de Flandres, Bélgicaquinta-feira, 02 abril, 2009

    Olá amigos,
    escrevo da Bélgica, da Flandres, onde estou emigrado da minha querida e saudosa Amadora, que me viu nascer e pôr ao fresco, assim que pude.
    tomo a liberdade de vos enviar a minha colaboração para o Momento de Poesia. Acho a ideia excelente, principalmente para nós emigrantes que vivemos tão longe de ouvir a deliciosa língua de Camões, que nunca tive o prazer pessoal de ouvir falar ao vivo, mas acredito que tivesse uma linda voz, para escrever sonetos.
    então, pronto, não vos roubo mais tempo, aí fica o que eu acho



    a sagrada clavícula da virgem maria
    de que vos fosteis lembrar
    o esternocleidomastoideu da tua tia
    também dava p'ra rimar

    seria mais palavroso
    mas 'inda assim musical
    como aquele osso parente
    do osso parietal
    que agora assim de repente
    não se me vem à cabeça
    que o crâneo como sabeis
    é feito de muita peça
    coladinha c'uma gosma
    chamada massa cinzenta
    e é assim que no conjunto
    a pobrezinha s'aguenta
    mas a sagrada clavícula
    sempre tem um panaché
    que nunca na vida há-de ter
    os ossos que tem o pé
    nem de longe nem de perto
    como é que eu hei-de explicar
    nem por muito que se estique
    não lhe chega ao calcanhar
    e p'ra mais sendo da virgem
    dessa santa mãe de deus
    é relíquia p'ra valer
    duas grosas de pneus
    é coisa de mui valor
    e devida devoção
    é coisa que sem favor
    merece consid'ração
    consid'ração e respeito
    respeito e admiração
    admiração e amor
    amor e coisinhas doces
    guloseimas e farturas
    farturas é massa frita...

    e de repente alguém grita:
    Calada! Ridícula! onde é qu'ela já ia...
    ...
    a sagrada clavícula da virgem maria.



    Abrelatas de Conserva Ramirez

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  3. Hipolito Osorio de Sá, Mexicoquinta-feira, 02 abril, 2009

    Carissimo Professor Saraiva, estou-lhe a escrever do estrangeiro, dum café internet, num teclado quase sem acentos, e por isso é que eles são claramente insuficientes no texto que lhe envio a concurso, o que, seja dito em abono da verdade, prova mais uma vez que não há males que não venham por bem ou uma coisa assim

    Fico à sua inteira disposição para quaisquer esclarecimentos que me queira dar,

    Hipolito Osorio de Sá, a escrever-lhe do Mexico, mas amanhã vou para a Bolivia

    A sagrada clavicula
    da virgem Santa Maria
    dessa santa sem macula
    é a maior reliquia

    nem de S. Pedro o cranio
    que é reliquia bem rara
    nem do Cristo o sudario
    nada a ela se compara

    pois que quem ‘stiver na posse
    da sagrada clavicula
    nunca mais há-de ter tosse
    nem menisco na rotula

    e com ou sem claviculas
    eis onde eu quero chegar:
    sem palavras esdruxulas
    é bem mais fácil rimar

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  4. purfesor inda subrou olgum ácido?

    zé "derrete" paredes, linhó - sintra

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  5. Quasevirgem Maria, Nalga Fria, Portugalquinta-feira, 02 abril, 2009

    a sagrada
    clavícula
    da virgem
    maria
    recurvada
    ridícula
    de origem
    sombria
    alfavaca
    hortícola
    impingem
    sadia
    tumefacta
    vesícula
    fuligem
    na pia
    tenebrosa
    vertigem
    partícula
    no olho

    obrigada.
    Quasevirgem Maria, de Nalga Fria, Portugal

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  6. Caro Saraiva,

    Eis-me, pois, de volta, para, mais uma vez, o cumprimentar e para, mais uma vez, lhe dar os meus parabéns por esta bela pataca de rádio internética com que você tão bem abrilhanta tanto matinés como soirés deste nosso bloguessepote.

    Agora, diga-me lá, acha mesmo, caro Saraiva, que tenho “um arrevesado e tortuoso estilo de escrever”? Pois se não há ninguém ao de cimo desta terra que mais escorreito tenha o estilo do que eu, caro Saraiva, mais ninguém… Admito que, às vezes, nem eu sei bem por quê, porque nunca sabemos os porquês de por que fazemos como fazemos as coisas que fazemos, não é verdade?, me exceda um pouco em frases intercaladas no meio de outras frases já de si bastante intercaladinhas, benza-as Deus, mas isso, homem, é questão de se tomar atenção à pontuação, quando a há, e à sua falta, quando ela não existe (a pontuação, que não a sua falta, entenda-se) e pronto!

    E do que você me foi lembrar, caro Saraiva, de eu me pôr a cantar o Anel dos Nibelungos na casa de banho… Do que você me foi lembrar, que eu, sinceramente, não me lembro de nada, nem sabia que sabia cantar o Anel dos Nibelungos… E o que é isso, caro Saraiva, o Anel dos Nibelungos? Pelo título, cheira-me à banda sonora de algum filme do Indiana Jones, mas, você sabe, cinema também é coisa que não aprecio, de maneira que…

    Agora, vou levar para casa alguns dos poemas que aqui lhe têm deixado, que eu acho que merecem uma análise mais em forma, uma crítica mais apurada, e, porque não?, alguma reciclagem como papel de embrulho – se bem que eu também (como um rapaz com quem me cruzei aqui no blogue à porta de um comentário) tenha um primo estofador, pelo que dispenso bem os embrulhos.

    Receba, caro Saraiva, deste seu

    Scheinswitzer

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  7. Caro amigo Alberto Scheinswitzer, pois é verdade que, Django perdoa, a idade é que não!
    Apesar de não se lembrar, eram sim senhor, árias d’”O anel dos Nibelungos”, o que o meu amigo cantava, com o seu timbre grave e aflautado. Várias árias. Em particular a “Extraordine”. A famosa ária do 2º acto, a “Extraordine” ária!
    Ora, quanto aos Nibelungos… São uma seita dissidente dos Belungos, congregação famosa no século XII e que habitou um velho armazém abandonado, nas docas das margens do Reno, na Alemanha, que deus a tenha. Famosos pelo mote que os guiava: “Nem tudo o que luz é oiro, como nem tudo o que muge é toiro. Pode ser uma vaca!”
    Mas, não foi por isso que a dissidência e posterior cisão da seita se deu. Os Nibelungos afastaram-se em protesto contra Wolfgang Besugo, mentor e cozinheiro em chefe da seita, que insistia em servir sopa de grão, todos os dias, ao almoço. Foi isso e algumas interpretações controversas dos Evangelhos, o que provocou a cisão. Assim mesmo. Nuclear e a frio.
    Os Nibelungos acabaram por se dedicar à ourivesaria fina, comprando o oiro, que os ciganos traziam da Roménia, para os transformar em medalhinhas com a senhora de Fátima. Quando deram por isso eram famosos e caíram no esquecimento.
    Talvez por isso o meu amigo não se lembre!...

    Ao mais e ao resto, faça com os poemas o que bem entender. Retalhe-os e submeta-os à lupa afiada da sua crítica impiedosa. Disseque-os ao sol. Que, como sabe, a sua opinião iluminada é, ela própria, como o sol que incendeia as manhãs de Dezembro… não me aquecem, nem me arrefecem.

    Mas, disponha homem e nunca se esqueça.
    Principalmente, nunca se esqueça.

    Deste seu, que se

    Alcino M. Saraiva (professor doutor)

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  8. Amigo José "Derrete" e ainda que mal pergunte, para que quer, o meu amigo, o ácido?!...

    Atenciosamente,
    Alcino M. Saraiva
    (professor, doutor)

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  9. Rafael dos Anjos, de Gesso Frescosexta-feira, 03 abril, 2009

    Ainda bem que me dão esta oportunidade de deixar aqui a minha estupefacta colaboração. Chamo-me Rafael dos Anjos, ou seja, na família dos Anjos, eu sou o Anjos, Rafael. E digo isto, porque às vezes trocam-me o nome e eu não gosto. Já me chamaram até Assobio, veja lá o professor. Gente inculta e sem óculos.
    Mas isso não interessa, que eu nem sou de guardar rancores. É coisa que azeda depressa, por isso, vamos ao que interessa.




    a sagrada clavícula da virgem Maria
    mas que coisa ridícula deve ser mania
    moléstia malina ou febre dos fenos
    esta de guardar objectos pequenos
    restinhos de ossos e coisas assim
    e depois benzê-los com perlim pim pim
    e dizer que são santos e têm virtude
    e assim deus me deia vidinha e saúde
    se com tanta tralha benzida no altar
    ainda há lá espaço para o padre falar
    falar e dizer de sua justiça
    se não me quer benzer
    também a minha

    clavícula
    claro está.

    Rafael dos Anjos, de Gesso Fresco, Lálonge.

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  10. Agora sou eu que digo: isto é o cabaret da coxa, ou quê?!... benze-me a minha clavícula, claro está!?... E tu não dizes nada?!. Impõe-te, Alice, porra!

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  11. Ismael, Ilhas Caimão, ao pé dos Correiossábado, 04 abril, 2009

    Tratem-me por Ismael, ou, se quiserem, Aleixo,
    mas tratem bem, por favor
    esta coisa que vos deixo...


    lambezuga o imponderável à beira da agonia
    transpicura ao indelével de maneira meio esguia
    enzarolha indefectível
    sempre em ponto e ao meio dia
    articula ao maleável enjeitado que encolhia
    na frutícula esperança de comer a sopa fria
    na colherada que avança p'la indómita aletria
    a sagrada clavícula da virgem maria
    espanta-se e cai de costas
    sumindo-se p'lo ralo da pia.




    agradecido e despachado.
    Ismael

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  12. Ermelinda Rosa dos Suspiros e Morais, Monte do Gozo, Galiza.
    passe social nº 354-266309M77
    nº da caixa 24-646465-9970-09887

    obrigado amigos por me escutardes
    bem hajam


    a sagrada clavícula da virgem maria
    a bendita estrutura onde se articula
    o braço que chega até à mão esguia
    com que acaricia o rabo da mula

    a mula que leva a mãe de jesus
    em trabalho de parto p'ra jerusalém
    é a mula aos coices por cima das pedras
    e o menino jesus na barriga da mãe

    o osso bendito de alvura tamanha
    mesmo consagrado também já vos digo
    oh meu amigo se um cão o apanha
    da virgem e tudo chamava-lhe um figo

    fim.

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  13. pe. Francisco, Oliveiredo Confuso, Cu de Judasterça-feira, 07 abril, 2009

    Caríssimos, estou em crer que não terá sido boa ideia, esta de escolherdes a Sagrada Clavícula da Virgem Maria, como mote deste vosso passatempo, que aqui tendes. Confesso que eu próprio, ao princípio, pensei em glosar tão delicado e extremoso tema,mas constatei depois, ao ler as anteriores colaborações de outros, que a Sagrada Clavícula da Santa Mãe de Jesus andava a ser tratada já como um vulgar osso de frango frito e não gostei. Confesso que me feriu no mais fundo do meu sentir e âmago. Com que ligeireza! Com que brejeirice! Com que desrespeito por aquele que, ainda hoje, é venerado por centenas de milhares de pessoas de todo o lado e até de fora. Do lado de fora. E ao lado. Ao lado do lado de fora, que ainda é mais longe! E até taxistas.
    Por isso acho que deveríeis pensar duas vezes, de ora avante, antes de proponerdes seja o que for.
    Como sei que nos dais essa possibilidade e ensejo, junto envio algumas sugestões que podereis aproveitar, como mote para uma próxima e, quero crer que, mais atilada edição deste concurso, que aqui fazeis.

    aqui vão:

    1: "Na Páscoa, até os coelhos põem ovos."
    2: "Malmequeres quer-se no campo e tu que me queres Margarida?"
    3: "Cheiras bem!Tomaste banho?Então dá cá dois beijinhos!"

    E é tudo.
    Que Deus vos guarde e guie.
    Ficai na Zás Traz Paz do Senhor.

    Francisco
    (padre de Oliveiredo Confuso, Cu de Judas)

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  14. Hipólito Osório de Sá, em Santa Cruz, Bolíviaquarta-feira, 08 abril, 2009

    Caríssimo professor Saraiva,

    Estou a escrever das terras baixas da Bolívia, mais propriamente da cidade de Santa Cruz, onde consegui recuperar os acentos que me faltavam na minha última missiva, mas onde, infelizmente, não consegui recuperar do assento do autocarro que aqui me trouxe, benza-o Deus Nossenhor. Apesar das condições precárias em que se encontra o osso da minha bacia (ou o meu osso da bacia, não sei qual será a expressão mais, ai, adequada….) consegui escrever mais um acho que poema, subordinado ao ósseo tema por si proposto, pelo que esta semana concorro com uma dupla, que é para ter mais possibilidades de lhe dar no treze.

    Sem mais (nem menos),

    Atenciosamente



    A clavícula da san-
    ta mãe de cristo, Mari-
    a foi um senhor Hassan
    quem na descobriu um di-

    a, de manhã; ele estan-
    do a cavar lá no quintal
    de repente eis senão quan-
    do a folha de metal

    do sacho, em algo de gran-
    de dureza acertou,
    e o nosso amigo Hassan
    surpreendido ficou

    e mais quando escavan-
    do um pouco mais viu um o-
    sso que era todo brilhan
    -te, como se fora d’ou-

    ro – ó coisa deslumbran-
    te, que só podia ser
    (nunca o duvidou Hassan,
    se vos int’ressa saber…)

    o que era: osso de san-
    ta, relíquia milagro-
    sa, e foi a correr espalhan-
    do por todo o mundo a no-

    va, e devemos ao san-
    to homem que é o Hassan
    essa relíquia da san-
    ta que de Deus foi mamã.

    se é fácil versejar
    sem as palavras esdrú-
    xulas, mais ‘inda é rimar
    só com palavra agu-


    das.

    Hipólito Osório de Sá

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  15. Oh meu bom amigo Osório, o seu caso, já vimos que não chega ser grave, mas preocupa-me, homem. Acho que deve estar a atravessar uma qualquer crise aguda, e não vejo grandes melhoras, nos entretantos. E a verdade, também, é que você não ajuda muito. Você, ou a vida que você leva! É que, está você a ver, saiu de uma para se meter noutra. Quero eu dizer, primeiro o México, agora a Bolívia!... Deixe-se disso. Não vê você, que a Bolívia também é um país esdrúxulo?! Mude-se para a Argentina, homem de deus!
    De resto, louvo-lhe o esforço e agradeço-lhe o presunto

    Alcino M.Saraiva
    (professor (hoje sou só professor))

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  16. Titubeei, hesitei, tive dúvidas, mas acabei por tomar uma decisão e mandar esta minha poesia intitulada “ A Sagrada, o quê, que não ouço?!”


    A sagrada o quê, que não ouço?!...
    Gritou-me ela do quintal.
    Tens de me falar mais alto,
    Que eu aqui ouço-te mal!
    A clavícula sagrada!
    Respondi eu a gritar.
    E ela, não ouço nada,
    Pareces o gato a miar…
    A clavícula, berrei
    Da virgem sagrada, caraças!
    E ela, dói-te a vesícula?
    Bebe uma água que passa!
    A clavícula, canudo!
    A clavícula sagrada!
    Levaste com um tubo na vista
    E agora não vês nada?!
    Esfrega os olhos com limão
    Que diz que faz muito bem
    Desinfecta a inflamação
    E a porcaria também
    Foi nessa altura que a vista
    Se me começou a turvar
    Os ouvidos a zumbir
    As pernas a bandear
    E umas coisas a subir
    Pela espinha devagar
    E a faca da cozinha
    Mesmo à mão de semear
    e o braço decidido
    do gesto que desferia
    e ela : que susto querido!
    Valha-te a sagrada clavícula da virgem Maria!


    O meu nome é Dióxido de Couve Podre e sou de Lisboa, mas vivo no Porto, apesar de passar mais tempo em Aveiro, principalmente para dormir, que durante o dia costumo andar por Vila Franca, sobretudo de manhã, que, de tarde, o mais certo é apanharem-me em Vila Viçosa, pelo menos até ao jantar.
    Como vêem, a vida que levo é muito sossegada. Sou um pobre cavaleiro solitário e perdi as chaves de casa.

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