Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

ÚLTIMA HORA!

Em louvor e homenagem a todos os que sofreram na carne um acidente de motorizada, o mote desta semana de 8 a 15 de Maio é o que podeis ver em maiúsculas...


Já quanto ao prémio eleito, para vos facilitar o trabalho e aguçar a curiosidade, só vos digo que talvez não seja só as partes gagas, o que esconde o trapo, o que daquelas chagas pinga...

Experimentai carregar-lhe, por exemplo, nas partes gagas, mesmo!

(Para evitar perguntas parvas, o que está em jogo são as máscaras para a gripe dos porcos, não um fim de semana em Londres!)

28 comentários:

  1. Alzira Perpétua, Madragoa, Portugalsexta-feira, 08 maio, 2009

    Boa dia amigos e professor Saraiva também
    Não tenho muito tempo, mas ainda assim, cá vai:



    O corpo coberto de chagas
    E um trapo nas partes gagas
    Raio de mote que arranjaram
    Faz-me lembrar o Jesus
    Daquela vez que o pregaram
    Em pelota numa cruz
    E gostava de acrescentar
    Ainda mais, mas não posso
    Que tenho de ir lá dentro apagar
    O fogão senão ainda lixo o almoço…


    Alzira Francelina Perpétua Mágoa, Madragoa, Portugal

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  2. Júlio de Matos-Grosso, Avenida do Brasil, Lisboasábado, 09 maio, 2009

    Exmos. Senhores,
    Como poderão constatar, compus um poema muitíssimo subordinado ao mote por V. Exas. proposto, que, permitam-me o comentário, era tão cativante como apatetado (como a minha vizinha de baixo, por tal sinal…).

    Fico então ansiosamente à espera da vossa deliberação no próximo dia 15, e despeço-me

    Com os melhores cumprimentos

    Julinho da Avenida

    P.S.: E consegui escrever o poema todo sem utilizar a palavras cagas, hem?


    O poeta despede-se da musa no seu leito de morte; leito dele, não da musa

    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Pobre coitado de mim
    Não me assopres que me apagas
    Não me regues que me alagas
    É a hora do meu fim

    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Adeus, musa, que me vou
    Não me apertes que me esmagas
    Não me aboques que me tragas
    Ai tão fraquinho que eu estou

    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Alivia a minha dor
    Toca duas ou três ragas
    Conta duas ou três sagas
    Passa-me aí o licor

    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Vales-me tu, minha amiga
    Com que doçura me afagas
    Oh musa, que me embriagas
    À força de jeropiga

    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Rai's partam o meu azar
    Sinto da morte as adagas
    E à vida, rogo-lhe pragas
    P’rò que me havia de dar…

    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Adeus, pois, mundo cruel!
    Será que no céu há vagas?
    Diz que sim, mas que são pagas,
    Não sei se tenho papel…

    Fim (do poeta, a musa sobrevive)

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  3. João Carlos, de Sousa, Fernandessábado, 09 maio, 2009

    Professor Saraiva,

    Talvez não se lembre de mim, mas eu também não me lembro de si. Sei que foi há muito tempo, mas, como não lembro quando foi, não sei há quanto tempo terá sido. Sem dúvida.

    Como diria Teócrito, mais vale assim.

    Espero ter o prazer de mais uma oportunidade, nem que seja a próxima.

    Melhores cumprimentos.

    João Carlos, freguesia de Sousa, concelho de Fernandes

    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Assim andamos p’lo mundo
    Todos nós aos solavancos
    Coisa feia de se ver
    Nem sei como vos dizer
    Num espectáculo imundo
    Sem peúgas nos tamancos

    Porque nós, amigos meus
    Somos a imagem de Deus
    Que é o filho do seu pai
    Sem o ser da sua mãe
    Chama-se esse Deus Jesus
    E agonizou na cruz
    Ou foi no monte Sinai
    Ou então já não sei bem

    E morreu p’ra nos salvar
    Mas soube ressuscitar
    E farto de confusão
    Foi desta para melhor
    Desde então, no céu, ao lado
    De si próprio está sentado
    A fazer meditação
    E a dar-nos o seu amor

    Porque ele agora é budista
    E por mais que gente insista
    E se prostre penitente
    E lhe implore o seu perdão
    Diz que não há bem nem mal
    Que só o nada é que vale
    E que temos presa a mente
    No reino da ilusão

    Ao pé dele, Maomé
    Sentando a beber café
    Com um cachimbo na mão
    (Sabe Deus do que será)
    Diz que podes crer, muediê
    Quem não sabe e quem não vê
    Nunca terá salvação
    Ou então sim, tê-la-á (tê-la-á, tê-la-á…)

    "Isto meditar dá fome",
    Diz o Cristo que não come
    Desde as onze da manhã
    "Tu vem ou ficas aqui?"
    E levantam-se e lá vão
    A cantar uma canção
    Do Gilbert O’Sulivan
    Lonagué nétchurali.

    E nós aqui, pelo mundo,
    Num espectáculo imundo
    Coisa feia de ser ver
    Corpo coberto de chagas
    Cá vamos aos solavancos
    Sem peúgas nos tamancos
    E, para ninguém as ver...
    C’um pano nas partes gagas…

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  4. Ainda bem que escolheram este assunto, porque assim dá-me a oportunidade de mandar uma poesia a propósito de uma coisa que me anda a preocupar, de certa forma e muito ultimamente.
    O meu nome é Arsénio Diluído em Água. Eu sei que é um nome estranho. De facto, não é muito comum, a preposição "em" no meio do nome de uma pessoa, mas foi assim que me registaram. Acho que o homem do registo, quando ouviu dizer Arsénio Diluído, terá exclamada: Hem?! e a minha mãe repetiu: Arsénio Diluído Água, só que o escrivão já tinha escrito o nome com o Hein do notário e tudo e depois acabou por ficar assim, porque já era hora de almoço e eles tinham de fechar.
    Pronto, está explicado.
    Agora boa sorte e boa continuação. Podia dizer onde moro, mas vocês não iam acreditar, ou então, pior ainda, punham-se a fazer trocadilhos manhosos, por isso, ficamos assim.
    bom dia.

    ... ... ...


    O atum não tem orelhas!
    Gritava em desespero
    O atum não tem orelhas!
    Mas ninguém já queria ouvi-lo

    Cambaleante pelas ruas
    Corpo coberto de chagas
    Despido nas partes nuas
    E um trapo nas partes gagas
    Lançando o lancinante
    Uivo que assusta as velhas
    O atum não tem orelhas!
    O atum não tem orelhas!

    Cerram-se já as portadas
    Correm-se as trancas pesadas
    Correm as almas-penadas
    Assombrações, coisas vagas
    A esconderem-se p’la’squinas…
    Benzem-se as novas e as velhas
    O atum não tem orelhas
    Cozem-se os sapos nas celhas
    E nas sombras os zanagas
    Maldições pragas malinas



    Cambaleante pelas ruas
    Corpo coberto de chagas
    Despido nas partes nuas
    E um trapo nas partes gagas
    O profeta iluminado
    Das desgrenhadas gadelhas
    Lança o uivo desesp’rado
    O atum não tem orelhas!
    O atum não tem orelhas!

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  5. Maria Pandilha(google)segunda-feira, 11 maio, 2009

    Ora bem, nem é muito o meu género, que eu sou uma pessoa muito pragmática nestas coisas – um sapo é um sapo, um pão é um pão e um atum não tem orelhas. Mas pronto, vá lá, que uma vez não são vezes e a excepção fascina a régua.
    A poesia que mando chama-se: “como não podia deixar de ser”.
    Chamo-me Maria Pandilha e moro no ciberespaço, num T0 arrendado. Aquilo não é bem um T0! É assim, uma coisa no ar…
    Não interessa! Peguem lá iscas!

    Eu bem te tinha avisado
    Mas és burro como o teu pai
    Não vás p’r’aí de bicicleta
    Olha que essa merda vai
    Partir-se toda aos bocados
    Que já é velha demais
    Para andar por esses valados
    Cheios de pedras e cardos
    Buracos e ribanceiras
    Ainda tropeças e cais
    Vais de trombas às torneiras
    Pois sim está bem está de gesso
    Eu a falar para o boneco
    E o boneco a pedalar
    Com a fúria de um burgesso
    E a pedalar p’ra caneco
    Até levanta o cu no ar
    Mas também te digo já
    Escusas de vir para cá
    Depois se tiveres azar
    Mansinho a choramingar
    A pedir sopas e festas
    Dou-te é com um pau nas costas
    Nem que me venhas aos tombos
    Sem cabeça no meio dos ombros
    O corpo coberto de chagas
    E um trapo nas partes gagas

    ... … …

    Está de xupeta, hein?!... Comigo é assim.

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  6. António Ortónimo da Fonseca e Costa, Vila Real de Orelhas, Sto. António de Atumsegunda-feira, 11 maio, 2009

    Professor Saraiva,

    O senhor que tem tantos estudos explique-me lá uma coisa: naquela fotografia que você pôs por trás da outra foto da louraça, como é que o homem se pode chamar Xavier Cugat, se ele tem um cão na mão? Devia ser Xavier Cucão, ou não?

    Anónimo Ortónimo da Fonseca e Costa, Vila Real de Orelhas, Santo António de Atum

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  7. Tem toda a razão, amigo Onofre, mas, que quer você?! também o Cristo Rei parece um sinaleiro de roupão e ninguém diz nada! É para que veja, a injustiça que para aí vai... A culpa é do Governo! Queixe-se à Protectora.
    Já agora, essa terra onde você mora, fica onde? Isso é cá?!...

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  8. Anónimo Ortónimo da Fonseca e Costa, Vila Real de Orelhas, Santo António do Atumsegunda-feira, 11 maio, 2009

    É sim, professor, é cá. Aí, não sei, mas cá é.
    E tem razão, sabe? Eu também acho.

    Olhe lá, queria mandar-lhe uma fotografia, para você publicar no dia dos meus anos, que é entre hoje e amanhã, mas como não posso mandar-lhe fotografias aqui nos comentários, vou-lhe mandar por email uma de mim a mais um rapaz meu amigo que é chinês da China duma vez que pescámos um atum deste tamanho assim.

    Até mais ver muito obrigado.

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  9. oh amigo eufrates nem isto é o quando telefone toca nem eu me chamo joão bento vicente, homem, pá!
    se você quer fotografias suas na internet, mande-as para a Interpol que eles tratam disso.
    Mas, enfim, vou considerar o seu pedido, não pelas razões que invoca (se quer parabéns, peça-os à sua mãe!), mas por outras, mais de acordo com o que a casa gasta. Ou seja, a poesia. Fique por aí e mantenha-se atento.
    até breve, amigo eugénio

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  10. Anónimo Ortónimo da Fonseca e Costa, Vila Real de Orelhas, Santo António do Atumterça-feira, 12 maio, 2009

    Então, professor, é sim ou sopas? O professor disse que ia considerar, mas eu não vejo consideração nenhuma, nem por mim, nem pela minha mãe, nãe por mais ningãe, de maneira que só me dá é vontade de me virem as lágrimas aos olhos.

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  11. Ora aí está onde o meu bom amigo cai no redondo vocábulo de uma cova aberta, ou, o mesmo é dizer num rotundo engano, numa rotunda do marquês. É precisamente tendo em consideração a consideração que lhe tenho, que não o mandei já pescar atuns com orelhas para a piscina dos Olivais. Se você ainda acredita em atuns com orelhas e não percebe, ou não quer perceber que aquela história da poesia e tal e coisa e coisa e tal era só uma forma educada e quase poética de o mandar catar pulgas de areia para o deserto de Gobi...então, fiquemos por aqui.
    Amigo Ornelas, você cuide-se.
    E parabéns. Quantos faz, já agora...?

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  12. Anónimo Ortónimo da Fonseca e Costa, Vila Real de Orelhas, Santo António do Atumterça-feira, 12 maio, 2009

    Atuns com orelhas, ó professor? Mas quem é que falou de atuns com orelhas? Sabe o que é que eu sangacho? Você é que me saiu um bom petisco, seu cabeça de atum, você e mais quem lhe fez as orelhas! Mas alguém o tratou mal ou quê? Não querem lá ver!

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  13. Pois também não será por aí, amigo Eusébio, que o meu amigo levará a vaca ao seu moinho.Essa táctica velha, que todos os criminologistas e até alguns veterinários forenses tão bem conhecem como a "c...r na ventoinha e dar de frosques" e que consiste, basicamente, em provocar a vítima lançando-lhe insídias e bolas de trapo, até que ela perca as estribeiras e a razão . Mas connosco, não. Amigo Armónio, connosco não. Acontece que a sua fotografia, a que você acabou mesmo por enviar por e-mail, chegou cá em tão perfeitas condições, que são perfeitamente visíveis as ridículas orelhas de porco que você e mais o seu amigo chinês colaram na chaputa. Que aquilo é uma chaputa. Já o seu amigo é tão chinês como as chinelas da minha tia. O homem é da Mouraria, que eu conheço-o. É da Mouraria, mas nasceu em Portimão e vive no Cacém. Esta é p'ra si.
    Mas só para encerrar a questão, se a ideia era que eu agora publicasse aqui a fotografia só para provar que não estou maluco... pois maluco deve estar quem lhe fez as orelhas à chaputa da fotografia, que eu, meninos, orelhas de porco, p'ra mim, só de vinagrete. Passar bem

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  14. Escanzelado Lopes de Freitas, Bélgicaterça-feira, 12 maio, 2009

    Olá, o meu nome é Escanzelado Lopes de Freitas e resido actualmente na Bélgica, onde presido ao clube dos coleccionadores de cromos do Eddy Merckx. Acho graça à vossa ideia e desejo boa continuação. Espero ver-vos na Volta à França, até lá, aceitem a consideração e estimação deste compatriota que não esquece a terra , o saudoso Bombarral, berço de tantas glórias ciclistas... Um abraço.

    ... ... ... ... ... ... ...

    Eu de chagas de repente
    Só me consigo lembrar
    Do marco chagas ciclista
    Famoso no pedalar
    Ao mais ao resto não sei
    Se por baixo dos calções
    Ele trazia algum trapo
    A aconchegar qualquer coisa
    Que a arte velocipédica
    Tem certas subtilezas
    Que nem a sabedoria védica
    Lhe desfaz as incertezas
    Das bicicletas ainda vá
    Ainda me podem perguntar
    Que ainda sei responder
    Ainda me consigo safar
    Campainhas e selims
    Pipos rápidos e afins
    Pneus e câmaras d’ar
    Até rodas pedaleiras
    Ou guiadores de corrida
    P’ra pedalar cu no ar
    E na gáspea na descida
    Dá-me massa consistente
    Ou se quiseres desperdícios
    Que bicicletas confesso
    Sempre foi um dos meus vícios
    Agora se vens p’ra cá
    Com metáforas ruins
    Oh pá digo-te já
    Podes vir que vais de patins!

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  15. Mala Pata, Mouraria, Purtugal! PURTUGAL!

    Encontrei este sítio por acaso. O meu pai disse-me que devia contar e aproveitar. Não entendi, confesso. Mas vá-se lá saber porquê o velho prima em ter razão. Deixo um poema que relata acontecimentos que me aconteceram mesmo. É triste, mas é verdade. Sou um desgraçado, é o que é.

    Ia eu p’larriba acima
    Nuinho como um Jesus
    Surgiu-me um bófia matreiro
    “Alto lá, a ver qué isto?”
    Virei-me todo enrascado
    Pirilau cabeça ao vento
    Derrapando o meu pezinho
    Ai bom deus que lá fui eu.
    Atordoado e semi-nu
    Lá me dei conta de mim
    Desgraçado e estropiado
    Com chagas no corpo inteiro.
    Espinhosa escarpa subi
    A pulso e garra também
    Cheguei ao cimo exarangue
    Cheio de sangue…
    Menos bem.
    Lá surge o bófia apressado
    Multando meu mau-olhado
    Cuspi no chão e tossi
    Agarrado aos meus tintins
    Infeliz e mal-amado
    Sem trapo nem partes gagas…
    O que ia ser de mim?
    Um desgraçado poeta
    Que a isso me confinei
    Não sei rimas, não sei nada
    Todos se riem de mim.

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  16. Por fin, en buena hora encuentro un petit coin que me da placer conocer. Y el mote, por supuesto, muchísimo interesante. Vaya. Me dieran una ganas tan fuertes de publicar que, coño, no he podido aguantarme. Usted, profe Arsenio, me llena las medidas. ¡Manténgase!


    De lejos me llegan memorias
    De esos tiempos juveniles
    En los cuales, pelo al viento,
    Me sentía garañón
    Montado en mi Gilera.
    Buscando placeres y mujeres
    Dos vueltas al mondo me dé.
    Por caminos tan ajenos
    Sin saber el provenir
    Encuentre a la Rosita
    En tierras de mi mamá.
    La llevé en mi Gilera, noches y noches sin fin,
    Hasta que ella, cansada,
    Agotada y sin su norte,
    Sin sostiene o calcetín
    Se revuelta y me golpea
    ¡Sin vergüenza!
    Llenándome el cuerpo
    llenadito de Pino Chagas.
    “¡Cabrón!” me dijo gritando,
    “Tus versos son una trampa,
    Estampillas sin pegadura.
    Si quieres montar la Gilera,
    Hazlo en Extremadura”.
    Me dé cuenta que rimaba
    Pero que no me alegraba.
    Le arranqué la sabana,
    Le dejando a descubierto
    Toda su malformación.
    Qué sus formas, convengamos,
    Eran tristes y muy feas.
    Por supuesto la dejé
    Sin trapo ni partes gagas

    Quizás no me hice entender. Pero usted, tan erudito, por cierto me entenderá. Tengo más versos parecidos. A mi me encanta vuestro Luis Barbosa. Qué poeta…

    Su Bernardino da Costa y Mendez, Don para los amigos, improperios para enemigos, Olivenza, luso-castellano, ya que mi madre fue anexada por mi padre

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  17. Amílcar Chaves FP, a meio caminhoquarta-feira, 13 maio, 2009

    Olá, chamo-me Amílcar Chaves de Fendas e Porcas e pratico pesca submarina. Por isso mando a minha colaboração com todo o gosto.
    Eu, a minha morada, assim de momento, não me lembro, mas o código postal é o 326-6453, pode ser que ajude, já que se diz que é meio caminho. Fiquem na paz dos Reis


    Diz Maria que me agarras
    Que não me deixas cair
    E se cair que me afagas
    Até me pores a dormir
    E se dormir que me acordas
    Em sendo umas três e tal
    Que me acalmas com açordas
    Se me estiver a sentir mal

    Diz-me Maria Maria
    Diz-me Maria Manel
    Achavas que eu não caía
    Se me agarrasse ao pincel
    Foi por isso dizes tu
    Que levastes o escadote
    Fazendo-me cair de cu
    E com os costados no barrote
    E levar com o balde em cima
    E com três telhas na tola
    Nunca mais vou à vindima
    Só mexilhões à espanhola

    Se é p’r’acabar neste estado
    Mais vale ficar sentado
    Corpo coberto de chagas
    E um trapo nas partes gagas
    Vejam só como fiquei
    Quando na Maria me fiei

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  18. Oh amigo Amílcar, abaixe a cabeça que isto é para o camarada luso-castelão, que está aí por cima!
    Entonces o Don Bernardino não quer que os correios o apanhem e não escreve o remetente na carta. Deve estar à espera que a gente ande ali por Olivença a chamar pelo Anónimo Bernardino, com duas máscaras de focinho de porco num saco plástico, armados em Cantinflas... Hombre, usted aguente sentado, pá, que se as máscaras não ganharem pezinhos, pelo Natal chegam a Vilar Formoso.
    Do poema, tirei umas pelas outras, que foi o que você estava a ver se conseguia fazer à chavala antes de levar uma lamparina nas ventanas. E olhe, se quer saber a minha opinião, nessas merdas, só se perdem as que caem no chão.
    Saúde e prosperidade.

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  19. Zé Luís Scheinswitzer, Cova da Mourém, Cantada do Cunhesserquarta-feira, 13 maio, 2009

    Caro professor Saraiva,

    Lá que você é um grandessíssimo rabugento, isso ninguém lho tira, mas enfim, também não deixa de ser, infelizmente, um grande dinamizador da cultura ibérica e é nesse sentido, ou na absoluta falta dele, que aqui lhe venho apresentar um poema dedicado conjuntamente ao dia de hoje que, não tarda nem uma horinha, já será o de amanhã, passando, curiosamente, a ser o de ontem pela mesma ocasião..., dizia eu, pois então, que é um poema dedicado conjuntamente ao dia de hoje e à sanguinolenta temática que nos propõe esta semana. O poema é, como verá, de um lirismo confrangedor, tanto na mais pura acepção da palavra lirismo como na mais pura acepção da palavra confrangedor, mas nunca, por nunca ser, na mais pura acepção da palavra poema, qual o quê, e destina-se a ser cantado por um coro de tamanho razoável, se bem que nem sempre.

    Pronto, é tudo. Quero só acrescentar que quem me deu a conhecer esta coisa que você aqui tem foi o meu avô Alberto, que é choné.

    Seu

    Zé Luís Scheinswitzer, Cova da Mourém, Cantada do Cunhesser

    Parte I, sobre melodia popular:

    A treze de Maio
    Na cova da Iria
    Vou contar o caso
    Que se deu um dia

    Avé, avé,
    César Augusto
    És tu, ó Zé?
    Que grande susto!

    No alto daquela
    Árv’re que ali ‘stá
    ‘Stá uma pessoa
    A olhar para cá

    Já vi, já vi,
    Já vi, Maria,
    Olha p’rò ar
    E assobia

    Parte II, sobre melodia extremamente improvável:

    A treze de Maio
    Onde é que ela Iria?
    Apareceu brilhando
    A dona Maria
    Visão fulgurante
    Nunca mais me esquece
    Anéis de diamante
    Como resplandece
    Ó virgem benquista
    Meu maior tesouro
    Rubis, ametistas,
    Pulseiras de ouro

    Parte III, sobre melodia de faz de conta que fado a correr:

    O filho é um desgraçado
    Corpo coberto de chagas
    E um pano nas partes gagas
    Dorme aí em qualquer lado
    Domicílio, não no tem

    E a senhora sua mãe
    Que diz que há uma só
    Vem tod’ela num primor
    Só do bom e do melhor
    Isto a mim mete-me dó

    Mais vale ter uma avó
    Do que uma progenitora
    Que diz que é nossa, a senhora
    Mas nossa não sei de quem
    Faz-me mal ao o coração

    Faz-me tamanha aflição
    Nem me deixa dormir bem
    Se ela fosse minha mãe
    Essa desavergonhada
    Era logo deserdada!!!

    Parte I, repetição: à segunda vez é para o segundo andar…

    Yahweh, Yahweh,
    Ninguém sabia
    Como é que é
    que se dizia?

    Parte IV: sobre melodia klezmer

    Com 4 letras apenas
    ips’lon agá dâbli’ agá
    é das palavra pequenas
    a mais indizível que há

    Parte I, repetição outra vez, e fim, até que enfim…

    Já vê, já vê,
    Dona Maria,
    A pé à cova
    Eu não iria…

    (versos alternativos:

    De pés p'rá cova
    eu não iria...)

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  20. Bernardino da Costa Y Mendez le pide perdón de, se por acaso, no supo comportarse.
    Lo lamento.

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  21. amigo, que no hay que pedir perdón coisa nenhuma. foi uma alegria do tamanho da própria Ibéria receber o seu contributo e com enorme prazer que o publicamos neste Momento...
    do prémio, é como estava contando a usted, hombre... é só una question prática... está usted a imaginar aqui o seu humilde criado a passear por Olivença à procura de um Don bernardino? É que, sendo anónimo para efeitos postais, torna-se dificil mandar, se for caso disso, o prémio por Correio! Está o meu bom amigo a acompanhar o meu raciocínio?
    Quanto ao resto... pois se a chavala lhe assentou duas estampilhas quando você lhe estava a querer violar a correspondência... pois olhe, também lhe digo, que não lhe dê cuidado - uma mulher que não aprecia a poesia, não merece, nem que lhe faltem ao respeito...
    Saúde e prosperidade. Vá aparecendo.

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  22. Caro Professsor Alcino de Magalhães Saraiva,

    Não me identifico pesssoalmente porque não é em nome pesssoal que aqui venho falar. É em nome dos muitos milhões de pesssoas que, por essse mundo fora, partilham a minha fé que agora a si me dirijo!!! O seu blog, caro professsor, é uma vergonha!!! Não que a ideia seja, por si, má, que o não é; mas em na lançando no ciberespaço, há que ter controlo sobre a situação e o senhor, professsor, é óbvio que o não tem: não tem mão nem na poesia nem nas mensagens que recebe (e era tão fácil, professsor, ligar a censura automática do blogger e só deixar passsar o que o senhor quisessse!!!); mas, pior do issso, não tem sobretudo na mão, perdão, não tem sobretudo mão na, assim é que é!!!, sua própria imaginação e tendência para o deboche e o ímpio desrespeito da fé e da religião!!! O seu blogue, senhor professsor, tornou-se uma das mais descaradas poucas-vergonhas que há na internet na pia língua de António Vieira e Anchieta; um antro de blasfémia e de pecado; e a provável perdição, professsor, de muitas almas ainda tenras a quem seduz facilmente o apelo à rebeldia contra os valores e as crenças instituídos!!! Por outras palavras, professsor, a auto-estrada sem portagem que os levará a altísssima velocidade direitinhos às profundezas do inferno!!!

    Pelas chagas de Nossso Senhor, professsor, reveja a sua posição (se está sentado, levante-se, ou vice-versa!!!) e faça o que tem a fazer!!! Não permita mais partes gagas na poesia, professsor!!! Não faça da nossa Santa Fé o seu Hollywood!!! Professsor, por favor!!!

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  23. Oga santas tagdes, amigo anódino, também não é em meu nome pessoal, que lhe guespondo, poguisso, ficamos quites e não se mete mais na càgueta. Mas, quanto ao guesto, como tem passado? Tem, o amigo, pugue seu lado, tugno e vez estado à altuga da situação? Quego cgueg que sim, pugue nada em especial, simplesmente pogque quego cgueg. E o quegueg acgeditag em qualqueg coisa com uma fogça que só visto, a si que é homem de Fé, não deve sêg difícil imaginag a impegueção que faz! Gaita!
    Pugue falágue nisso, não se peguiocupe com as cguianças de alma sensível. A maiogue pagte delas, se continua a pegdegue tempo na intèguenet, em vez de estàgue a fazêgue os tgabalhos de casa...acabam todos uma corja de incultos e se calhague até ladgões.
    Descanse em paz, padge Fgancisco!
    Saúde e Pospeguidade!

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  24. Oi, isto é assim, uma pessoa vai-se contendo e não diz nada e deixa andar, a ver até onde é que a coisa vai. E , cá para mim, a coisa já está a ir longe demais! Isto aqui era para deixarem lá essas coisas do concurso dos versos e , vá lá, mais um recadito, ou outro, uma vez sem exemplo. Mas não! Vai-se a ver e já vai para aqui um granel de cartas para cá e recados para lá, que já parece um programa do António Sala (do saudoso António Sala...)!
    Vocês fazem ideia da trabalheira que é depois separar cartas para um lado e poemas para o lixo, ou vice-versa? Ahn?!... Bem me parecia. E sabem quem é a moura que vai ter de o fazer? Também me parecia.
    Ora então... é atinar, ou acaba-se já com os jogos florais!

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  25. António José Curador, de Museu, freguesia de Alenquer, Almeida de profissão.quinta-feira, 14 maio, 2009

    Caro professor Saraiva,

    Não é exactamente uma peça a concurso, mas achei que era meu dever trazer aqui um texto que encontrei num velho manuscrito escrito à mão do século creio que quinze mais a julgar pelo seu estado de conservação do que propriamente pelo estado de conversação, ou seja, a ortografia, que de facto é mais grafia do que orto, se formos a ver bem.

    Seja como for, achei notável a coincidência com o mote por si proposto. O autor é, como talvez possa calcular, completamente anónimo, o que eu já percebi que não lhe agrada; mas eu não, eu chamo-me António José Curador, de Museu, freguesia de Alenquer e sou Almeida de profissão.

    O texto deve ser uma parte de um auto da Páscoa, portanto um auto móvel, como sempre a Páscoa é, e mantive a graphia, credo, grafia original

    Corpo coberto de chágas
    E um panno nas partes gágas
    Ãdava elle polo mundo
    E aquelles conqvem topava
    Elle lógo aconselhava
    Desta gvisa lhes dezia:

    Deixade atrás mãi e pay
    Segui-me irmons e oray
    Sou Eo o vosso Senhor
    Uinde a trás de mĩ na Terra
    A paz é a nossa Guerra
    A nossa arma o Amor

    Uinde mas nom olvideis
    Manta conque vos tapeis
    Nom façais como eu, irmons
    Nom sabeis o frio que rapo
    Assĩ soo cum este trapo
    Envolvendome os (ilegível esta parte do manuscrito)

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  26. António José Curador, de Museu, freguesia de Alenquer, Almeida de profissãoquinta-feira, 14 maio, 2009

    Desculpe lá, Professor, queria só acrescentar uma coisa:

    Note bem que, na primeira estrofe, o terceiro e o sexto verso não rimam. Por isso, na última, a parte que não se consegue ler no manuscrito não tem forçosamente de ser os colhões.

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  27. Ludovico, da Venteiraquinta-feira, 14 maio, 2009

    Olá senhor professor. Lamento que, ultimamente, o ambiente requintado e tranquilo, se bem que fervilhante e lúcido, se tenha agitado um pouco e entornado para o que o povo chama boçalmente, "bandalheira"!. Mas não tem mal. Envio a minha colaboração, na esperança de ainda ir a tempo. Agradecido e sem outro assunto, sou, para todos os efeitos e mais não digo, Ludovico Vaporubo, da Venteira.

    ... ... ... ... ... ... ...


    O meu avô que deus tem
    Um costume que ele tinha
    Que ainda hoje lembro bem
    Com nitidez miudinha
    Era agarrar numa lata
    Num escadote e num pincel
    Vestir por cima uma bata
    E um barrete de papel
    E sair para o pomar
    A sulfatar as maçãs
    E punha-se a borrifar
    Passava assim as manhãs
    Num equilíbrio precário
    Lá em cima pendurado
    Oh avô Apolinário
    Gritava-lhe eu em cuidado
    Oh avô você um dia
    Ainda lhe salta para a vista
    Um pingo dessa porcaria
    Eu não quero ser pessimista
    Mas sulfato deve arder
    Deve arder pode cegar
    E ainda o faz perder
    O equilíbrio e tombar
    E olhe que um trambolhão
    Ainda mais na sua idade
    Só pára no meio do chão
    Deve doer de verdade
    Mas ele nunca me escutava
    O meu avô que deus tem
    Não me ouvia e borrifava
    As maçãs e a mim também
    E quanto mais eu falava
    Mais ele gesticulava
    E quanto mais eu dizia
    Mais borrifos espargia

    E com tal gana o fazia
    Que como sempre há um dia
    Em que um gajo se dá mal
    E nem é preciso ser
    Um bruxo para prever
    Desta história o final

    Um dia dos de mais vento
    Lá estava na pêra rocha
    Brandindo todo o talento
    Na arte do sulfato e brocha
    Mas eis que uma rabanada
    Lhe abana a base precária
    Onde se apoiava a escada
    Já de si muito ordinária
    Eu ainda disse oh avô
    E pareceu-me ouvi-lo dizer
    Depois de cair já lá vou
    Se ainda me conseguir mexer
    Mas a verdade é que não
    Meu rico avô que deus tem
    Estatelou-se no chão
    Lixou-se e lixou-se bem

    A minha avó quando o viu
    Deu dois gritos e fugiu
    Ao vê-lo naquele estado
    Corpo coberto de chagas
    E um trapo nas partes gagas
    O meu avô bem amado



    Lembranças!

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  28. Leonor Calçada, Ria Formosa, Segura aí a ver se eu deixo

    Caro Profe, sinceramente, estou de acordo com aquele sujeito anónimo que falou em nome impessoal: isto está cá uma piroseira!!! Cá pra mim a culpa é das chagas, que as partes gagas até têm caché.
    Se isto continua assim não sei se cá volto.
    Não há pachorra. Apre!

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