Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
CUSCUVILHAI! CUSCUVILHAI!... QUE NESTE BLOG QUASE TUDO SE PASSA NOS COMENTÁRIOS!
Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

o que arde diz que sara – deixe aqui o seu generoso contributo

Olá amigos é o professor Saraiva quem vos fala, desta feita. Aqui tendes mais uma inspirada imagem inspiradora para vos inspirardes e mandardes, na conformidade, inspirados poemas e outrossim, até um anexim. Seja como for, é também aqui (repararam na subtileza com que evitei o trocadilho idiota e não escrevi "aquim", para rimar com anexim e assim?... isto é um requinte a perder de vista)... onde é que eu ia?!...
Não interessa. Os poemas desta semana, é deixá-los aqui, que a Alicinha vai buscá-los depois.
Saúde e prosperidade.

Chispa-te Julião Fragoso, que me ia esquecendo...
O mote:

o que arde diz que sara
o que sara diz que cura
o que avança diz que pára
promete o que diz que jura


10 comentários:

  1. Duarte de Cavalgar T.terça-feira, 23 junho, 2009

    Bom dia confrades, o meu nome é Duarte de Cavalgar e Todacela, resido numa torre de marfim, no Barreiro, ao pé das bombas.
    Fixe.


    o que arde diz que sara
    o que sara diz que cura
    o que avança diz que pára
    promete o que diz que jura

    julião era bombeiro
    passava a vida a bombar
    a bombar o dia inteiro
    de manhã ‘té ao jantar
    do jantar até à ceia
    porque isto a vida ‘tá cara
    p’r’acudir ao pé de meia
    o que arde diz que sara

    diz que sara diz que ajuda
    que sempre é um aconchego
    enquanto a sorte não muda
    não havendo melhor emprego
    diz a sara, a mulher dele,
    que ele bem tenta e procura
    e faz-lhe festas no cabelo
    o que sara diz que cura

    mas ela sabe também
    do mundo as contradições
    bomba um tipo e dá-lhe bem
    e não vê compensações
    e ninguém se chega à frente
    não se vê quem dê a cara
    se há quem repare na gente
    o que avança diz que pára

    para a pata que os pariu
    é o que apetece dizer
    às vezes ‘té desconfio
    que p’ra isto se resolver
    só arreando o escarcéu
    como se fez com a ditadura
    o primeiro era logo eu
    promete o que diz que jura

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  2. Nélson Almirante Reis, Penha de França, Lisboaquarta-feira, 24 junho, 2009

    Excelentíssimo senhor professor Alcino Magalhães Saraiva,

    Gostaria de começar por lhe dar os parabéns pela louvável iniciativa poética e jornalística que V.Exa. leva a cabo neste blog.
    Permita-me seguidamente que apresente a minha humilde pessoa. Chamo-me Nélson Almirante Reis, nado e criado na Penha de França, sou tipógrafo de profissão e fadista de alma e coração.
    Apresento a concurso um fado que eu glosei a partir do mote proposto por V.Exa., em que pretendo dar conta do profundo sentimento de saudade e sofrimento vago e doloroso de amor que ocupa a alma de qualquer fadista enquanto se faz à vida pelas vielas da mesma.

    Muito obrigado, e até á próxima

    Nélson

    Eu cá nem faço por mal
    São as cartadas da sorte:
    Se dá a música à morte
    Que é qu’ele espera afinal?
    Afano-lhe o cabedal
    E ele em nada repara
    Só lhe faz bem, grand’arara
    Qu’em ficando a arder agora
    Logo a vida lhe melhora
    O que arde diz que sara…

    Quando a Sara se levanta
    Como é doente, coitada
    Dá-lhe uma sede malvada
    Que lhe apoquenta a garganta
    Mas ela não se ataranta
    Vai um de três com mistura
    Passa-lhe logo a secura
    É barato e sem receita
    Serve p’ra toda a maleita
    O que Sara diz que cura

    A história passa-se assim:
    O gajo vem-me afanar
    C’o fogante a ameaçar
    E avança para mim
    Tento evitar, mas enfim,
    Como ele diz que dispara
    Leva um estalo na cara
    E o passo que deu em frente
    Volta p’ra trás de repente
    O que avança diz que pára

    Não que eu seja vigarista
    Até antes p’lo contrário
    Mas se aparece um otário
    Que me sorria e insista
    Que o que ele quer é alpista
    Dou-lhe aquilo que procura
    Na sua alegre candura
    Cá p’ra mim vai de popó
    Até porque a gente só
    Promete o que diz que jura

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  3. Sura Cara Ammays Barata, Reboleira, Cidade Jardim, Amadoraquarta-feira, 24 junho, 2009

    Bom dia, chamo-me Sura Cara Ammays Barata, sou luso-jordaniana, como se pode ver pelo meu nome, e nasci em Amã, mas vivo há muito tempo na Reboleira, e tenho um Doutoramento em Filologia Bastante Clássica, como espero que se note. Acho que, quando chegar à altura de atribuição do prémio, devem ter isso em conta. Isso e outra coisa: O poema que eu agora vos envio é todo em ara, porque há nele algo de sagrado como num altar; em era porque como todos os poemas, é de uma certa época; em ira, porque a poesia nunca deixa de estar impregnada de alguma raiva, nem que não se saiba contra quê…; em ora, porque é um poema muito actual; e em ura, porque, metaforicamente falando, um poema é sempre com uma larva que se nos insinua sob a pele.... Além disso, percorre o poema uma saudável sensualidade, acho eu…

    «O que arde diz que sara,
    o que sara diz que cura…
    Ai, e a mim quem me dera
    que houvera quem me sarara
    com a sua tanta doçura
    a ferida que dilacera
    a minh’alma doce e pura!
    Ó que fogo me devora,
    me perturba, desampara,
    me faz perder compostura!
    Compreende-me a senhora?»,
    perguntava à dona Sara
    o senhor seu padre-cura.

    «O que avança diz que pára,
    promete o que diz que jura,
    mas que se cuide a mentira,
    porque pronto se declara
    a quem a jura descura
    da Deus a suprema ira
    que castiga a impostura.
    Quem só da boca p’ra fora
    fala, melhor se calara!»,
    diz a Dona Sara ao cura,
    «Diga então e sem demora:
    Promete que, se não pára,
    Avança mesmo? Sim? Jura?»

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  4. Olá estava aqui a ver o jogo e resolvi concorrer até porque o jogo está uma merda e estes gajos já me começam a enervar. Chamo-me Américo do Sul e Ilhas e moro no Esparregado. Se quiserem, que eu ganhe deiam-me a bicicleta que eu vou aí buscar. Agradecido.


    O QUE ARDE DIZ QUE SARA
    A MINHA MÃO NA TUA CARA
    O QUE SARA DIZ QUE CURA
    PALHA SECA NÃO É VERDURA
    O QUE AVANÇA DIZ QUE PÁRA
    MAS QUEM PASSA NEM REPARA
    PROMETE O QUE DIZ QUE JURA
    MENTIROSA CRIATURA

    E O QUE SARA DIZ QUE ARDE
    ANTES CEDO QUE MAIS TARDE
    O QUE CURA DIZ QUE SARA
    SE NÃO FOR DOENÇA RARA
    O QUE PÁRA DIZ QUE AVANÇA
    LOGO À FRENTE VAI A PANÇA
    DIZ QUE JURA O QUE PROMETE
    CINCO VEZES DOZE DEZASSETE

    O QUE ARDE JÁ ARDEU
    DIZ A SARA E DIGO EU
    O QUE CURA É O FUMEIRO
    TRÁS O PÃO E MOLHA NO CHEIRO

    E SE AVANÇA OU FICA ASSIM
    QUEM JURA E FAZ O CONTRÁRIO
    É UMA RAÇA P’RA MIM
    QUE NEM MERECE COMENTÁRIO

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  5. poesia o espaço a fronteira do vazio eco do infame eu e a sombra alcino alcino quem és tu o blog nós a casa o silêncio o camartelo... tanto para falar e a boca cheia de palha
    olá amigos o meu nome é Fácil Não Tenho e sou meio irmão de um mudo. a minha poesia já não sou eu...
    encontrai-vos e não vos esqueceis onde ieis

    A minha poesia chama-se "Gasóleo na noite escura"
    ... ... ...

    josé antónio nunca disse
    que não queria um pãozinho com manteiga
    vacas á solta pastavam-lhe por entre os grelos cosidos do cabelo
    tenho mais em que pensar - rugia entre favas
    o meu quintal é o centro do universo
    não me importa sol ou sombra
    todos os vermes são filhos de deus
    as minhocas é que são filhas da puta
    e as formigas é outra conversa
    quando o sol bate com os costados no zinco do telhado
    amélia vem á janela e começa a dizer disparates
    o que arde diz que sara
    o que arde diz que sara
    ninguém lhe liga e alguns jogam-lhe pedras e pevides
    o que sara diz que cura o que sara diz que cura
    cala-te cavalgadura
    atiram-lhe em ferradura
    a mulher do padre cura mais a coxa do Belmiro
    uma velha meio louca
    que lê a sina nas tripas
    e nas cascas das santolas
    e o que avança diz que pára
    olha para trás e hesita
    três gagos saem da esquina
    a comer batata frita
    a zanaga do Belmiro cospe no chão e tropeça
    os gagos lançam suspiros até encher uma travessa
    promete o que diz que jura
    acendem-se as lamparinas
    gasóleo na noite escura

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  6. O corredor em pedra
    como um exemplo a seguir
    do que ainda deve ser feito
    e, diga-se desde já,
    as condições necessárias
    as condições necessárias
    nas suas respectivas áreas
    O que arde diz que sara

    os losangos da placa central
    num material ainda a definir
    a sua intenção não é transformá-lo
    fazer um piquenique com sardinhas
    umas sombras e uns bancos
    mesmo desmontáveis ou algo assim
    mas não querem saber
    O que sara diz que cura

    não estiveram presentes
    faltaram também os outros
    e fizeram correr o sangue
    ao longo da costa, desde a fronteira
    será ainda possível estabelecer contacto?
    responder em tempo útil?
    não foi ontem possível apurar
    O que avança diz que pára

    de forma dissimulada,
    burla qualificada,
    explicou a filha da pianista,
    com problemas semelhantes,
    a impossibilidade de recomeçar do zero
    premiado e traduzido
    comparando-o a um líder mafioso
    promete o que diz que jura

    Mr.X

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  7. eu não tenho nada a ver co' isso, mas isto está a ficar uma casa de doidos. porra.

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  8. Chamo-me Cardoso sou organista e compositor de música para bêbados. A letra que mando é dedicada à minha sobrinha que anda a estudar acordeon em Paris. Chama-se Laurinda não faças merda. Obrigado.


    o que é doce não amarga
    o que pica faz coceiras
    Laurinda não faças merda
    não arranhes as cadeiras
    o que arde diz que sara
    e não te digo mais nada
    tu sabes bem do que falo
    não te armes em distraída

    o que vale é que as montanhas
    não saem de onde estão
    Laurinda não faças merda
    aplica-te no acordeão
    o que sara diz que cura
    mete-me isto na cabeça
    acredita que ainda acabas
    um dia por me agradecer

    e agora vamos lá
    a falar de coisas sérias
    Laurinda não faças merda
    que já basta de misérias
    o que avança diz que pára
    só que este não parou
    e mandou para o cemitério
    a tua mãe e o teu avô

    por isso vê lá se tu
    atinas aí em França
    Laurinda não faças merda
    és a última esperança
    promete o que diz que jura
    esta frase é um mistério
    mas faz uma criatura
    perceber que o casó é sério


    pronto, adeus e um beijinho para França, para a minha sobrinha. Moro no Ginjal.

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  9. Raspas, de Limão de Cimasexta-feira, 26 junho, 2009

    o que arde diz que sara
    o que sara diz que cura
    o que avança diz que pára
    promete o que diz que jura

    o que arde diz que sara
    deve ser a parvoíce
    talvez mesmo a mais ignara
    que alguma vez alguém disse

    o que sara diz que cura
    ora aí está outra vez
    o que se me afigura
    ser mais uma estupidez

    avança o que diz que pára
    eu aqui nem digo nada
    já que é por demais clara
    a palermice chapada

    promete o que diz que jura
    é a cereja no bolo
    p'ra completar a figura
    no caso figura de tolo


    e se ela pagasse imposto
    a parvoíce a granel
    já tinhas quase que aposto
    p'ra comprares um hotel.


    Respeitos, o meu nome é Raspas e moro em Limão de Cima, Brisas Fescas, Geralmente.
    Achei o mote esquisito, por isso é que escrevi, porque eu gosto de coisas esquisitas.

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  10. Jorge, do Seixaldomingo, 28 junho, 2009

    Chamo-me Jorge e espero ir a tempo, do Seixal, por muito que vá já atrasado. Eis aqui a poesia com que concorro ao concurso, e bem hajam!

    O QUE ARDE,
    sei dizer
    que a gente o sente arder.
    DIZ QUE SARA.
    Há-de se ver...
    Vá lá a gente saber
    O QUE SARA
    ou que não sara
    ou em que é que a coisa pára…
    DIZ QUE CURA.
    Pode ser.
    O que se sente é arder…
    O QUE AVANÇA,
    se é p’rà frente,
    é uma coisa inteligente!
    DIZ QUE PÁRA.
    É p’ra ganhar
    mais balanço p’ra avançar!
    QUEM PROMETE,
    a bem dizer,
    só p’lo facto de o fazer,
    DIZ QUE JURA
    (sem contar
    quem promete não jurar…).

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