Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

dos textos o mote e o caixote onde os deveis deixar, assim como assim

"a vida tem destas coisas e às vezes, vezes demais"

17 comentários:

  1. N. Tarantino, S. Quentin S. P., Cal.quinta-feira, 16 abril, 2009

    Sr. Magalhães,

    Também não tenho mais nada que fazer senão isto, de maneira que aqui vai, assim como assim, como você manda, muito obrigado, senhor professor.

    A vida tem destas coisas
    e às vezes, vezes demais
    a gente finge que não,
    que não ouve e que não vê
    estas coisas que ela tem
    e por vezes, os demais
    ‘inda começam com coisas,
    que não sei quê, que é a vida…

    Ainda nem haverá
    cinco minutos que o mote
    refulge no topo esquerdo
    do saite que benza deus,
    já m’erijo eu seu cantor
    e se o faço em verso branco
    é mais só por deixar clara
    do discurso a limpidez…

    Isso mesmo, a limpidez…

    Nicolau Tarantino, Pris. Fed. de San Quentin, San Rafael, Califórnia...

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  2. O amigo Tarantino é vivo que nem um pepino! Como viu que, esta semana, premiei a novidade e o arrojo, vem-me logo com versos brancos e cal - perdão - versos brancos e tal...
    Tarantino! Tarantino! Tarantino põe-te fino!

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  3. Sidónio Soldador, em Detroit, na Américaquinta-feira, 16 abril, 2009

    Camaradas, aqui junto o meu contributo poético a esta animada entertela literatosa.
    Espero sinceramente, que eu não sou de esperar sentado.
    E agora, tenho de ir, que eles vêm aí!
    Até à vista, camaradas!

    ...

    A vida tem destas coisas
    E às vezes vezes demais
    Tem coisas que s’avariam
    Que não querem não desenvolvem
    Amarram a burra ao poste
    E é o andas é o sais

    Nem à base de porrada
    Nem hoje nem nunca mais
    Pois sim está bem oh marreco
    Espera aí que já lá vais
    Nem às boas nem com loas
    Nem rachando-lhe nos dorsais
    Um barrote 10 por 15
    Ou uma tábua de solho

    A vida tem destas coisas
    E às vezes vezes demais
    Manda-vos chispas p’ró olho
    E é por isso que chorais



    Sidónio Soldador

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  4. Benzidrina Isabel, de Remendos Postos, Fundãoquinta-feira, 16 abril, 2009

    Chamo-me Benzidrina Isabel e é um prazer partilhar convosco este Momento.
    O mote proposto esta semana levantou-me uma quantidade de dúvidas e alguns tacos do chão da sala, também . Dou disso conta, no poema que vos deixo.
    Obrigado e até sempre.

    ...

    Tem destas coisas, a vida,
    Pois não havia de ter?!
    Tem destas coisas e d’outras!
    Pois, como havia de ser?

    Que a verdade seja dita,
    Sem receio ou fantasia,
    Que a vida, no seu princípio,
    É uma tripinha vazia,
    Mas depois, no seguimento,
    Vai de inchar, vai de crescer,
    De juntar histórias macacas,
    Para a gente se entreter,
    Episódios, partes gagas,
    Cantigas de adormecer
    Tem destas coisas e muitas
    Mais que me escuso a dizer
    Coisas fixes e farsolas
    E muitas que são p’ra esquecer
    Peripécias, tropelias,
    Benefícios, arrelias,
    Idalécios, Isaías,
    Panarícios, paralisias…

    A vida tem destas coisas…
    Mas de que coisas falais?!
    Sedes por vezes confusos;
    Às vezes, vezes demais.

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  5. Olá porfessor Saraiva, você está bom ou não quer dizer?

    Agora é que eu percebi porque é que o Scheinswitzer anda tão desaparecido, o tipo foi para a terra e diz que se farta de trabalhar, mas o que ele se farta é de lhe dar nos púcaros de morangueiro, de maneira que assim é que a ciência avança, ó porfessor… Mas deixe estar, que eu também inda há bocadinho estive ali em Runa, lá com uma rapaziada amiga, e aquilo é que foi poesia, ó porfessor Saraiva, você nem queira saber!

    Mas por acaso até nem é por causa disso que eu lhe estou a escrever, é mais por causa daquela televisão de plasma. Ó porfessor Saraiva, você também ir deitar aquilo fora é que não, se é para o outro que ganhou ir ver televisão para a tasca, você lembre-se que a tasca da D. Maria, que era aonde eu ia sempre beber a minha mine mais a minha sandes de bife, fechou agora por morte da proprietária. Deixaram lá um papel na porta a desejar boa continuação, mas eu nem sei se aquilo se calhar não se vai transformar num centro comercial, porque, se for, depois já sei, deixam se servir vinho do lote, é só do especial, e eu nunca fui nada dessas modernices. E você já sabe como é que eu sou, ó porfessor Saraiva, porque você lembre-se como é que era quando a gente trabalhávamos lá na rádio, eu a seguir à minha mine e mais à minha sandes de bife, tenho de aconchegar sempre a coisa com um do lote, ou dois, pronto, não interessa. De maneira que o melhor era eu comprar uma garrafita numa mercearia que eu tenho lá ao pé e fazia a festa em casa, só que precisava era da televisão, quando não, como agora a minha está estragada, fico ali feito parvo a olhar para quê, diga lá você? Peço-lhe então esse grande deferimento, ó porfessor, assim como assim, você também não quer aquilo para nada.

    Receba um abraço bem apertado e estou a olhar para a frente para ouvir de si, que é como me costumam dizer uns clientes que eu tenho americanos quando me encomendam mármore lá para a terra deles. Tirando isso, estou melhor dos rins, muito obrigado.

    Manel José

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  6. N. Tarantino, S. Quentin S. P., Cal.quinta-feira, 16 abril, 2009

    Senhor Magalhães,

    Não se esteja a armar em bruxo, que eu não gosto lá muito de bruxos e por isso é que eu apanhei 12 aninhos, que o gajo tinha a mania que era bruxo e eu afinei. Mas enfim, o que eu lhe quero dizer com isto é que não vale a pena tentar descortinar no que vê escrito intenções do autor, porque (veja, por exemplo, Scheinswitzer, Alberto, Exegese e diurese: a obra da arte como coisa à parte. Lisboa: Edições Assim-Assim, 1972., página 1 e seguintes, até não haver mais) o poema desconhece o seu autor e as suas intenções, tal como as intenções do autor desconhecem tanto o autor como o poema, e assim por aí adiante.

    Além de que o que você me está a chamar é oportunista e eu não posso senão aproveitar esta oportunidade para lhe dizer que acho bastante inoportuna a sua observação. Mas também, assim como assim, não tenho mais nada que fazer, de maneira que é como o outro. Juizinho, professor, veja lá se a Tina...

    Nicolau Tarantino, Pris. Fed. de S. Quentin, San Rafael, Califórnia

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  7. Ana Maria Neta, de Soavó, Parece Impossívelsexta-feira, 17 abril, 2009

    Caro Sr. Saraiva,

    Venho por este meio solicitar à direcção deste Momento diz que de Poesia se digne aceitar a minha modesta colaboração sujeita ao tema. Espero com ela contribuir de algum modo para isso.

    Sem mais e atenciosamente sou, de V. Exa., salvo seja,

    Ana Maria Neta

    A vida tem destas coisas
    Às vezes, vezes demais
    Destas e outras que havia
    Mas que agora não há mais
    A vida tem desta coisas
    Tem suspiros e tem ais
    Tem soluços e azia
    E outras coisas que tais
    A vida tem desta coisas
    Tem bestas e animais
    E momentos de poesia
    E então p’ra que vos ralais?
    Deixai só rolar a vida
    De patins pela avenida
    Às vezes, vezes demais
    Tem destas coisas a vida

    A vida tem os seus quês
    Uns de nove e outros não
    Como vós e como eu
    E como o Manel João
    A vida tem os seus quês
    Não há bela sem senão
    Carnaval sem Ateneu
    Sandes de ovo sem pão
    A vida tem os seus quês
    Palhaços no Coliseu
    Bonecos na televisão
    Não vos raleis, digo eu
    E deixai rolar a vida
    De patins pela avenida
    Às vezes, vezes demais,
    Tem os seus quês esta vida

    Isto dizia-me um dia
    A minha avó que Deus tem,
    Uma terna Ana Maria
    que era mãe da minha mãe.

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  8. Antão Pá, de Xpachaste ao Nãosexta-feira, 17 abril, 2009

    Salut, rapaziada!!!, o meu nome é Antão, sou português, mas vivo em França, onde trabalho há 15 anos como taxista. Como a vida me tem corrido bem e consegui juntar umas coroas, resolvi tirar a carta de condução, p'ra não ter chatices com a gendarmaria. O problema é que, para isso, tenho de saber escrever e falar francês. Eu, falar ainda me desenrasco, agora escrever é que é o caraças. Por isso, aproveito p'ra treinar e mando um poema da minha autoria, todo escrito em francês. Espero que nos compreendam, a mim e ao poema.
    Espero também que gostem e até uma próxima. À bien être!, como eles dizem aqui.

    la vide y en a des choses
    parfois parfois de trop
    enfizémes et esquimoses
    et mustaches á charlot

    adeuzinho aí!

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  9. Caro Tarantino, não foi minha intenção ofendê-lo, ou insultá-lo. Mas não pude deixar de reparar na curiosa coincidência e, em conformidade, sublinhar a atrás citada. Trato-o com a deferência que a sua resposta merece e proporciona. Com a mesma educação o poderia mandar pentear macacos para a baía do Hudson, mas deve-lhe ficar fora de mão e fugia do assunto.
    Essa, do autor não conhecer a obra e o vice-versa igualmente e as intenções que não conhecem ninguém... oh meu caro, de boas intenções está o Inferno assim!... de cheio. Do mais ao resto, também já vi gente que não conhece ninguém, mas esses têm prognóstico reservado e estão num manicómio.
    Uma vez mais, fique bem e, quando sair de precária, cuidado com os carros, a atravessar a rua!

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  10. Oh meu grande amigo Manuel José, nem que eu lhe começasse a pedir desculpa hoje e só acabasse segunda-feira que vem, me poderia redimir de tão feia falta, que revela este meu atraso em responder à sua amável, se bem que simpática, carta.
    E o meu bom amigo, como tem passado, que eu bem graças a deus?...
    Fala-me do plasmazinho e percebo o seu ponto de vista. Que mais lhe poderei eu dizer?!... Percebo o seu ponto de vista. Mas, dá-se o caso de duas coisas: a primeira é que não tencionava mandar o aparelho fora. Antes pelo contrário. Tencionava mandá-lo, dentro de um caixote, para minha casa. Ora aí está! Aí, em minha casa. Já lá mora.
    Quanto a si, tenho uma ideia melhor. Estique um lençol na parede da casa de jantar e peça à sua mulher, ou aos seus filhos que façam macacadas e sombras chinezas, enquanto você vira uns canecos. Acaba por ter melhor programa do que na televisão por satélite. Vai ver, homem! E depois, quando lhe der o sono, manda a família para a cama, embrulha-se na televisão e até pode ficar a dormia no sofá. Em grande, não?...
    Também eu me despeço por agora, mas à francesa, que, como sabe, a minha educação é ainda à francesa, do tempo das invenções! Veja lá você! Das famosas invenções francesas! O general Peugeot, o Renault, o outro, o coxo, que não me lembra o nome…
    Então lá vai, à francesa… Santé et …
    Jusqu’à prochaine si pas avant!

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  11. Carlota, de Sesimbra, para os amigos,a Lota de Sesimbrasegunda-feira, 20 abril, 2009

    Queridos amigos, posso não saber ainda para o que nasci, mas tenho a perfeita e clara consciência de que não nasci para isto. Outrossim e apesar disso, tomo a ousadia da iniciativa e envio um poema da minha autoria. Chama-se como não podia deixar de ser. Como não podia deixar de ser é o nome do poema. Eu chamo-me Carlota e sou de Sesimbra. Os mais chegados chamam-me a Lota de Sesimbra e eu acho graça, por causa do trocadilho, estão a ver?... É muito engraçado, não é?... Então fiquem com Deus e até pargo (ah! ah! esta inventei agora! em vez de dizer "até logo", disse "até pargo" ! estão a ver o trocadilho?)

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  12. a Lota, outra vez, desculpem lásegunda-feira, 20 abril, 2009

    oh porra e não é que, com a conversa, me esqueci de mandar o poema! cabeça de lula! (hoje estou imparável!)

    A vida tem desta coisas
    E ás vezes vezes demais
    Sarapatel e açordas

    Especiarias e sais
    Da linha matérias gordas
    Do ponto em que exclamais

    Reticências penitências
    Truculências bestiais
    Tem a vida e tem havido
    Ventanias temporais

    Tais que já tem abrido
    Até os telejornais
    E outras coisas sem sentido
    Que isto rimas é das tais
    Coisas que vida tem tido

    Que a vida tem destas coisas
    E ás vezes vezes demais
    É como o outro que diz
    Vai lá dizer que já vais

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  13. Argolas, é escusado dizer de onde que vocês não conhecemsegunda-feira, 20 abril, 2009

    Como a lenga-lenga se esticou um bocado, não me vou eu adiantar muito na conversa. Sou o Argolas e moro numa terra que não vem no mapa, mas tem internet sem fios. é o que vale. se fosse internet com fios, ou os pombos cagavam tudo, ou as mulheres aproveitavam para estender a roupa e ficávamos ainda mais isolados.
    Vamos à poesia...

    Ouve lá, chega-te aqui.
    Presta atenção, com cuidado,
    Que aquilo que vou dizer
    É um segredo bem guardado,
    Desde tempos que nem sei
    Há quanto tempo já foi,
    Mas atenta ao que direi
    E não me olhes com ar de boi.
    Que a vida, vou-te dizer,
    Na sua constituição
    Tem coisas que podem ser,
    Sem qualquer contradição,
    Consideradas demais,
    Em certas situações,
    Entre as cujas ditas quais,
    Citemos à revelia,
    Aquelas, em que a pessoa
    Já não tem psicologia,
    Para dar despacho à coisa.
    A coisa que a vida tem,
    Que já se viu que são muitas,
    Mas estas, que aqui nos trazem,
    São as que, por já ser demais,
    Se notam p’lo mal que fazem.


    Que a vida tem destas coisas,
    De que estávamos a falar,
    Antes de me ter dado a fome
    E parado p’ra almoçar.
    Tem destas coisas pois tem,
    Mas de barriguinha cheia,
    Com elas podemos bem.

    Ah mas diz ainda que às vezes
    E que às vezes, vezes demais…
    Pois então, se é só ás vezes,
    Porque é que vos preocupais ?!...


    Saúde e prosperidade!

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  14. A. Ventura, R. Nova do Almada, Cacilhasterça-feira, 21 abril, 2009

    Caro professor Saraiva,

    Sou um poeta autodidacta, se bem que mais auto do que didacta, derivado a trabalhar numa oficina de mecânico, e venho por este meio concorrer ao seu concurso. Gosto muito de poesia e o que eu mais queria na vida era ser poeta ou então funcionário público.

    Despeço-me enviando,

    Ventura, de Cacilhas


    O que me faz confusão
    C’um mote tão pertinente
    Como este, é por que não
    Haverá muito mais gente
    Que arregace as mangas, zás,
    E arremeta as mãos à massa,
    Porque isto a vida, rapaz,
    Se a gente lhe não der graça
    Ela graça, por si só,
    Ou pouca ou nenhuma tem,
    E não dá ponto sem nó
    A grande filha da mãe,
    De maneira qu’é o diabo
    P’ra a gente a levar direita,
    ‘Té porque, ao fim e ao cabo,
    Chegando à hora da deita
    Não vou pedir a Jesus
    Iguarias de espantar,
    Manjares daqueles de truz,
    Com champanhe e caviar,
    Groselhas e capilés…
    O que eu peço é p’r’acordar
    Com os dedinhos dos pés
    A mexer, e chega bem
    A quem não é exigente
    Como chega bem também
    Este mote pertinente:
    A vida tem destas coisas,
    Às vezes, vezes demais!
    Tu vê lá onde é que poisas,
    Se tropeças, ‘inda cais!

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  15. Zé Derrete, Linhó EP Sintraterça-feira, 21 abril, 2009

    Oh Professor Saraiva, pá, a cena do garrafão d'ácido, como é? Sobrou algum que dispense, ou não. Porra, professor, a si, que falta faz? A malta aqui no Linhó tem que se entreter com alguma coisa. Terapia ocupacional e o caraças. Aquela cena da valorização profissional e novas oportunidades e quê...

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  16. R.R.R. de mt. Ventoso, AF. ptterça-feira, 21 abril, 2009

    Até já estava de pijama e chinelos, mas vá lá, ainda deixo aqui isto, antes de ir para a cama.
    Era para ter participado já na semana passada, mas bateram-me à porta e fui ver quem era. Até hoje ainda não descobri.
    Então a poesia...

    batem leve levemente
    claras doces em castelo
    e eu já pus antigamente
    brilhantina no cabelo
    descalça vai para a fonte
    uma velha a coxear
    tropeça e cai da ponte
    vai-se morrer a afogar
    as armas e os barões assinalados
    essa heróica corja de bandidos
    ainda os hei-de ver mas é fechados
    num aljube qualquer todos fodidos
    eu quero amar amar perdidamente
    que comigo é sempre assim eu perco tudo
    ainda mais com dois copinhos de aguardente
    até me esqueço qual era a rima p'ra este verso
    e como era linda com seu ar namoradeiro
    o padre Hipólito vestido de minhota
    a gente ria e até dava-lhe dinheiro
    que ele guardava no bolso com a mão canhota
    deus quer o homem sonha e a obra nasce
    mas quem carrega os baldes é o zé
    há quem diga que a sorte na vida faz-se
    há quem diga que na vida há que ter fé
    que a vida tem destas coisas
    e ás vezes vezes demais
    agora vou-me deitar
    e vós também? não descansais?...


    Raimundo Rodrigues Ruas, casalinho da Saudade, Monte Ventoso, Alfafa Fútil. Portugal.

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  17. Esdrúxulo Brócolo, industrial do ramoquarta-feira, 22 abril, 2009

    Sou uma pessoa do povo, rude e simples e sem estudos. Mas desde muito novo que gosto de versos e rimas. O meu pai costumava levar-me à romaria da Santa Fosca e lá mais para o meio da noite, quando já estava tudo bêbado em honra da santa, juntavam-se três ou quatro maduros amigos do meu pai, com ele à volta lá de um cepo, a jogar às moedas para o bagacinho e a fazer rimas ao desafio. Às vezes a coisa acabava mal, porque, já com os copos e quando falhava a inspiração para a resposta, havia quem arranjasse rimas porcas, que o outro, que também já estava grosso, não gostava e armava-se logo ali um arraial de porrada. Era giro. Agora já não, a malta diverte-se doutra maneira mais moderna.
    Mas isso não interessa. Já expliquei o meu gosto pelas rimas, agora vamos, antes de mais, ao que interessa...


    E antes de mais, adeusinho!
    que manda a boa educação,
    Que se saúde o vizinho,
    Quando começa a função.
    Ora então, isso já está,
    Vamos lá ao que nos trouxe,
    Que também se resolve já.
    Que na vida, todo o mal fosse…
    Mas diz que não, que na vida
    Há coisas mais complicadas,
    Que requerem à partida
    Soluções mais delicadas.
    Há coisas e coisas, há
    E coisas até mais não,
    De levar um tipo à
    Beirinha da depressão.
    É o que dizem aí,
    Com alguma convicção.
    Há até quem disso faça
    Mote p’ra rimas, vê só!
    Não que tenha muita graça.
    É até de meter dó.
    Coisinha pobre, fracota,
    Que não esconde a evidência,
    Que se escondeu na casota,
    A inspiração, em penitência.
    Mas enfim, a gente nobre,
    Como os poetas sempre são,
    Mesmo com uma rima pobre,
    Não desistem da função.
    E dão-lhe com galhardia,
    Cada qual e cada um
    Agarrada à sua musa,
    Ou uma garrafa de rum,
    Que na vida, já sabemos,
    Há coisas, tantas e tais,
    Que cada um se embebeda
    Com aquilo que gosta mais.
    É o que tem bom, afinal,
    A vida de que se fala…
    Vai-se dizendo mal da dita
    E bebe-se uns copos à pala.
    Mas não fujamos ao tema,
    Que é p’ra depois não dizerem:
    Se era p’ra desatinarem,
    Então por que é que concorreram? …
    Ah, quereis mesmo saber?!
    Quereis saber toda a verdade!?
    Os pormenores escabrosos
    A cruel realidade…
    Pois então vou-vos dizer.
    A vida tem destas coisas,
    Não é pois o que se diz?...
    E a quem tudo quer saber,
    Às vezes, vezes demais,
    Pois bem, nada se lhe diz.



    o meu nome é Esdrúxulo Brócolo, sou descendente de italianos da Sicília, mas nasci em Portugal e sou actualmente industrial do ramo.

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