Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

notícia mesmo muito triste de última hora

Acabo de receber de Zé Luís Scheinswitzer, Cova da Mourém, Cantada do Cunhesser, a seguinte carta, que passo de imediato a publicar:


Faleceu ontem, na sua residência onde também morava, o professor Alberto Scheinswitzer, catedrático de Línguas Védicas da Universidade de Paris Texas, vítima de prolongada falta de doença, uma vez que morreu de repente. Tinha 70 anos de idade.

Considerado por muitos um dos maiores Alberto Scheinswitzeres de que há memória na Academia portuguesa, Bertinho ou Xai-Xai, como era também conhecido no seu círculo de 3 amigos, era de ascendência helvética, tendo felizmente passado em Berna a sua juventude. Veio para Lisboa quando tinha apenas 13 anos e foi esse o seu grande azar (de Lisboa).

Deixa publicados três filhos e vários livros, mas nunca chegou a publicar árvore nenhuma. Viúva, felizmente, não deixa, porque ela já o tinha deixado antes a ele, a sua querida Amélia, que fugiu com um argentino para a Patagónia mal acabou de dar à luz os três pimpolhos.


O corpo, que se encontra em câmara de ar ardente, será depois de amanhã despejado no cemitério do Alto do São João, a hora a combinar entre os inscritos para a cerimónia (prazo limite das inscrições, amanhã, às 16:00).

A família e os 3 amigos, profundamente abalados por tão inesperada catástrofe, apresentam a si próprios e uns aos outros, respectivamente, os seus mais sentidos pêsames. Que descanses em paz, Alberto, na tua nova morada onde também passarás a residir.

Profundamente transtornado por tão transtornante notícia, não lhe reagirei de imediato, uma vez que a comoção me embarga, neste momento, a voz e o teclado. Agradeço ao neto do já saudoso Scheinswitzer ter-se lembrado de nós, do nosso singelo Momento de Poesia, e prometo para breve, se entretanto não me esquecer, com tanta coisa que eu tenho para fazer, o elogio fúnebre que o nosso fiel colaborador indubitavelmente merece. Paz à sua alma!

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