Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

aterradora imagem inspiradora

a trote do mote
dichote fracote




dizia o filho p'rà mãe...
quem é vivo sempre aparece
sendo que o mote porém
como sabeis não é esse...


zé agasalha-te bem
olha que à noute arrefece

4 comentários:

  1. Jirubásio Carica de Sá, da Sésexta-feira, 12 junho, 2009

    Xispa-te Zé Carlos, que os gajos são feios à brava. Até assusta! Também não sei se era aqui, mas vai já aqui mesmo. Olá, o meu nome é Jirubásio Carica de Sá e sou da Sé. A poesia lá vai jirubásio.

    oh ambíguas criaturas
    porque choram os morcegos?
    porque fritam as farturas?
    porque tropecam os cegos?
    oh funestas e sinistras
    porque piam as galinhas
    se não chegam a ministras
    nem com salvé rainhas?
    oh vagamente confusas
    sombras que se imiscuem
    por entre as luzes difusas
    das luzes que as descompõem
    oh sombra do meu nariz
    oh caixa do meu rapé
    benfica no calhariz
    que tens eléctrico ao pé
    as bruxas porque salém
    porque vão em desalinho
    se é p'ra ir p'ra santarém
    era pelo outro caminho
    oh frasco do meu xarope
    oh tosse do meu catarro
    cavalo do meu galope
    oh cinza do meu cigarro
    oh lopes empresta o lápis
    oh ilda apaga a luz
    e aqui, também te digo que p'ra arranjar uma merda que rimasse com lápis, sem ser lápis...
    arranhei-me todo, pior que subir dez andares com um piano ás costas, ou então como o outro com aquela cena da cruz!
    oh zé tu agasalha-te mas é bem
    qu'isto á noute arrefece muuuuito.

    fiquem bem e agasalhar-se

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  2. Jerutúlio da Silva Júlio, também da Sésexta-feira, 12 junho, 2009

    Muito obrigado!

    Vim atrás do meu amigo Jirubásio e vim bem. Aliás, o Jirubásio leva-me sempre por bons caminhos.

    Aqui deixo a minha colaboração. Chamo-me Jerutúlio da Silva Júlio, e também sou da Sé, moro mesmo ao lado do Jirubásio.

    Dedicado ao meu grande amigo Jirubásio Carica de Sá

    As palavras, meu amigo, são lixadas
    Bem que lixam quem as quer fazer rimar
    Rimas fáceis, só mesmo aquelas chachadas
    Das que são em -ão, em -adas ou em -ar

    E há algumas que, quando elas se imiscuem
    Num poema, certo é que o descompõem.
    É prendê-las, não deixar que elas actuem,
    Dar-lhes logo co’a marreta, boing, boing, boing!

    A pior das que conheço, ó Jirubásio,
    É a que você já sabe… É isso, é – lápis.
    Essa só em lhe espetando c’um balázio
    E a dando em oferenda ao touro Ápis.

    Já agora, descobri no outro dia,
    Foi ali p’r’aqueles lados de Pontével
    Que um vinho que lá tem a minha tia
    Deixa nódoa, quando cai, que é indelével.

    Pois, a falta de uma rima só a quem
    Não faz poemas nunca lhe acontece.
    E portanto, agasalha-te, ó Zé, bem
    Porque à noute dizem eles que arrefece…

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  3. Empodendo V.P.N.M.L....sexta-feira, 12 junho, 2009

    Respeitos e considerações, meu nome é Empodendo Vou Pensar Nisso Mais Logo e resido em Castelo de Pevide, concelho de Cascas. A poesia, que compus e envio, dedico-a à saudosa memória do nosso querido académico e defunto Alberto Scheinswitzer, com quem tive, aliás, a honra e o privilégio de privar, certa vez, de passagem, numa paragem de táxis, em Viena e se chovia...
    Ora, a poesia cá vai, com sua licença.

    zé agasalha-te bem
    olha que à noite arrefece
    e o menino de sua mãe
    malhas que o império tece
    não foi assim que lerpou
    mas podia bem ter sido
    foi de um tiro que levou
    que lhe saíu por um ouvido
    caíu de costas no chão
    coisa triste de se ver
    e sem mexer um tendão
    ali ficou a arrefecer
    zé agasalha-te bem
    que mais vale prevenir
    o menino de sua mãe
    também não a quis ouvir
    e vê lá tu no que deu
    achas que a ti te apetece
    se não tens casaco leva o meu
    olha que à noite arrefece

    Reiterados respeitos e considerações, pelo obséquio e boas perspectivas para todos seus.
    Na circunstância,
    Empodendo

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  4. Mª. Brita e Rocha Ornamental, Beira Baixa de Cima, Amiantosábado, 13 junho, 2009

    Senhor Professor,

    A coisa mais bem feitinha que você fez ainda foi pôr “Zé, agasalha-te bem” em vez de “Maria, agasalha-te bem” no mote desta semana. Eu sei que foi só por causa da métrica, mas ainda bem. E aqui vai então um agasalhozinho para o meu Zé, que está mesmo a precisar!

    Melhores cumprimentos

    Maria Brita

    Zé, agasalha-te bem,
    olha que à noute arrefece
    e ós despois não há quem
    te ature, qu’eu não me esquece
    duma vez que t’engripaste
    e tiveste qu’ir à cama
    o que tu me chateaste
    durante toda a semana,
    era café, era chá
    era tudo a toda a hora,
    e tinha que ser p’ra já
    quando não era p’r’agora
    e gemias e gritavas,
    parecia qu’ias morrer,
    chiça, que não me largavas
    e eu com tanto p’ra fazer:
    tinha os cães para tratar,
    os ovos para apanhar,
    um galo para matar,
    p’ra se comer ao jantar,
    isto em ar e sempre a andar,
    e roupa para lavar,
    e mais roupa p’ra secar,
    as couves para regar,
    e mais o pó p’ra limpar,
    isto em ar, a acelarar,
    os cães p’ra dar de comer,
    uma sopa p’ra fazer,
    uma roupa p’ra coser,
    a casa para varrer,
    isto em er, sempre a correr,
    tinha as vacas p’ra mugir,
    isto em ir, e sempre a abrir,
    e em or nada p’r’aqui pôr,
    mas vejam lá o senhor,
    doentinho, na caminha,
    no quentinho, quietinho,
    doía-lhe a cabecinha,
    que lhe levasse um caldinho,
    o que tu és, grande sonso,
    é um grande mandrião,
    e um grande marinconço,
    como os homens sempre são,
    que te ature a tua mãe,
    que eu a mim não me apetece,
    Zé, agasalha-te bem,
    olha que à noute arrefece!!!

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