Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

inesperada reviravolta e esperemos que desfecho na saga dos corredores

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala. Espero que desta vez seja mesmo o fim.
O fim dos hackers e dos fantasmas,
o fim dos vírus e das bactérias,
dos espectros e dos ectoplasmas,
o fim dos espíritos e das matérias,
porque eu, sinceramente, estou a chegar ao fim, eu também, mas é da minha paciência!

Para que não penseis que exagero, passo a contar-vos os últimos (espero eu!) desenvolvimentos da história, pela boca do Manuel José. Seriam umas duas da tarde, tinha eu acabado de me regalar com uma valente cabeça de pescada, recebi dele o seguinte e-mail:

Ó porfessor Saraiva, você ainda é de bom tempo de aqui pôr esta conversa de chacha desta aventesma do grande raio que lhe rachasse o toutiço!!! Então, mas você ainda acredita em bruxas, ou quê? Então, olhe, se acredita, vai já deixar de acreditar quando eu lhe contar a verdade:

Eu não lhe tinha dito que já tinha posto um rapaz meu amigo das Azenhas do Mar, que por acaso é um barra em computadores, à procura do háquer? Pois então, fique sabendo que a gente já o encontrámos ainda mesmo há bocadinho. Quer dizer, a ele mesmo, propriamente dito, não o apanhámos, mas já falta pouco, porque apanhámos-lhe o número do computador donde ele manda as mensagens: é dum café internet do Mucifal, ó porfessor! Agora, o gajo manda sempre as mensagens à noite, por isso hoje à noite a gente vamos agarrar o gajo. O meu amigo é que vai lá, porque o paspalho do háquer a mim é capaz de me conhecer, como eu tenho lá a fotografia na internet. E pronto, quando ele lhe mandar uma daquelas mensagens dos corredores do Além, a gente saltamos-lhe em cima e adeus ó alma do outro mundo.

Mando-lhe isto por e-mail, porque se eu pusesse lá no Momento de poesia, o gajo via isto e já não ia lá ao Café Internet logo à noite, está a compreender?

Muitos cumprimentos meus e do meu amigo Manel Zé, que ele também se chama igual a mim.

Manuel José

Achei aquilo um bocado indigesto e o mesmo achou a cabeça de pescada, mas enfim, fiz como ele disse e não divulguei. Fiquei à espera. Deitei-me na cama para um sesta e, quando acordei, já estava escuro. Mas então se já eram 21:00! Para sesta, digo-vos eu, tinha sido uma valente sesta… E não é que, quando fui ver o correio, lá estava mais um e-mail do Manuel José, com duas fotografias atarraxadas? Dizia ele assim:

Pronto, já está, porfessor. Já apanhámos o háquer. Quando o meu amigo Manel Zé viu quem era, ligou-me, e eu fui logo a correr ali à esquadra, que eu por caso até tenho um rapaz meu amigo polícia que é de Mafra, mas já está ali na esquadra do Mucifal há muitos anos, e prontos, expliquei-lhe a situação, ele foi lá ao café e zuca! Mas agora o que você não sabe, ó porfessor, é que o fantasma do Scheinswitzer afinal era uma senhora, veja lá você. E sabe o que é que ela disse, quando foi interrogada pela autoridade? Diz que não era ela, que era mesmo o defunto, só que o espírito dele se manifestava através dela! E pronto, estamos nisto, está você a ver? E então agora, olhe, a mulher lá está, a fazer paciências na cadeia do Mucifal, à espera de julgamento… Eu a mim faz-me muita pena estas coisas, coitada da rapariga, é assim destravadinha da cabeça e ainda fica presa, acho mal… Mas o que é que você quer, é a lei, pronto, o que é a gente podemos fazer?

Mas pronto, pelo menos fique descansado, que o Scheinswitzer nunca mais lhe aparece com mensagens lá do clube dele dos poetas mortos…

Eu entretanto isto deu-me uma fome e uma sede que você nem calcula, vou mas é ver se lhe dou com uma sandes de bife e duas mines, a ver se isto passa. Mando-lhe também duas fotografias, uma da altura em que o meu amigo polícia vai a entrar no café Internet, acompanhado pelo meu amigo Zé Manel, e outra que eu depois tirei já lá dentro da prisão da mulher presa, que é para você ver se ela não tem mesmo cara de esgazeada, pobre senhora, se não é mesmo uma coisa de cortar o coração…

E por falar em coração, receba os meus mais cordiais cumprimentos e não tem nada que agradecer, foi um prazer ter-lhe feito este favor, ó porfessor, porque você já me conhece, quem se mete com os meus amigos é a mesma coisa que estar-se a meter comigo, ah isso é limpinho!

Manuel José

E juntava, como já disse, à missiva estas duas fotografias que aqui vos deixo a seguir. E que me resta, amigos, senão despedir-me?

Desejo-vos sinceras melhoras, se estais doentes, e boa continuação, se não o estais, e assino-me,

Magalhães Saraiva, o Alcino Professor

O polícia amigo do José Manuel e o Zé Manuel também amigo do José Manuel à porta do Café Internet do Mucifal momentos antes da prisão da presumida hacker

A presumida hacker que diz que é médium a fazer paciências na prisão do Mucifal enquanto espera julgamento com um cigarro apagado na boca porque não se pode fumar na prisão

O sinistro computador da perfídia...

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