Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

dás-me sopa, Juliana e não queres que eu chor'isso...


Aqui fica a imagem inspiradora da semana, que ilustra a angústia implícita no mote e espelhada na expressão sofrida da criatura em epígrafe. Inspirai-vos, aplicai-vos e vacinai-vos. As poesias, deixai-as, no interim, na caixa que vem no fim. Sim?... (Senão, a Alice mata-me!)

14 comentários:

  1. João Carolo Fífiassegunda-feira, 15 junho, 2009

    Olá, chamo-me João Carolo Fífias e sou hortaliceiro. A minha poesia é a propósito do mote que os senhores deram e diz assim.

    tu não me crepes suzete
    não me rales a canela
    não me batas em castelo
    as claras da paciência

    se não me chupas esparguete
    não destapes a panela
    que ele há mais mar que marmelo
    e o amor é uma ciência

    andas sempre entremeada
    fazes de mim um banana
    se toucinho ou nem por isso

    p'ra ti é massa folhada
    dás-me sopa juliana
    e não queres que eu chor'isso


    Então, adeuzinho e uma carcaça

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  2. diz o paio para o salame
    olha ali o afiambrado
    diz o paio queres que o chame
    não deixa-o ir sossegado

    diz o chispe á orelheira
    já não me faz com feijão
    se não cachaço a maneira
    nem coentro a explicação

    diz a couve pr'o repolho
    eu cá sou uma cenoura
    tenho um caracol num olho
    não se nota muito embora

    diz a guelra á barbatana
    queres á posta ou ao postiço
    dás-me sopa juliana
    e não queres que eu chor'isso


    ok malta era a minha poesia. chamo-me Armando Faísca e moro na Benda Nova, ao pé dos semáforos. actualmente estou desempregado. antes disso nunca trabalhei, por isso é que tenho tempo para estas cenas . gramarem?

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  3. mas porque é que neste blog não há poesias pequenas???

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  4. Bandarilheiro Lopesquarta-feira, 17 junho, 2009

    dás-me sopa, juliana
    e não queres que eu chor'isso
    sete dias por semana,
    não é dieta é enguiço.

    não é coisa que se faça,
    acho eu, a uma pessoa.
    mas tu és daquela raça...
    tens a mania que és broa.

    sei de quem, com tais bravatas,
    houve um dia que lixou-se.
    hás-de vir pedir batatas,
    que te darei o arroz doce.

    e pronto, o meu nome é Bandarilheiro Lopes, mas chamam-me Carlos, porque sou parecido com o príncipe de Gales, nas orelhas, mas moro cá. aprecio que gostem e agradeço que apreciem. até sempre e boa saúde.

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  5. Bom dia senhor Saraiva eu sou de Cinfães do Mouro e resido em Cinfães do Mouro, chamo-me Agradável Luis Rocha e Rijo e trabalho em caniços e palha seca. A poesia que envio é a minha forma de dizer que Cinfães do Mouro é uma localidade com muita palha e uma palavra a dizer.
    e é isto.


    o que arde diz que sara
    o que sara diz que cura
    o que avança diz que pára
    promete o que diz que jura

    o que sobe diz que desce
    o que é dulce não amarga
    se não tens já não te cresce
    cão que morde não deslarga

    bate palmas a palmira
    para abrir a porta à berta
    aí está uma coisa gira
    aí está uma coisa esperta

    brincar com nomes de gajas
    também tem sua piada
    desde o momento em que ajas
    de forma civilizada

    dás-me sopa juliana
    e não queres que eu chor'isso
    era o mote da semana
    já está e não se fala mais nisso

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  6. Emecêdois Igualaé, Tarreneg’, Al-Madanaadaquinta-feira, 18 junho, 2009

    Caro Professor Saraiva,

    Estou perfeitamente de acordo com o amigo eme (ou será amiga?) no que respeita à incompreensível ausência de poemas curtos neste espaço poético e, para colmatar essa falha, aqui lhe envio, sem mais, um poema precisamente assim mesmo como faltam mais, com os meus melhores cumprimentos,

    Emecêdois Igualaé, Tarreneg’, Al-Madanaada

    Dás-me sopa, Juliana,
    E não queres que eu chor’isso?
    Isso é tão impossível
    Como eu manter-me impassível
    Como um leão dormindo a sesta na savana
    Se me dão cachaporrada no toutiço!

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  7. Elmano Laurentino, Maputo, Moçambiquequinta-feira, 18 junho, 2009

    Muito bom dia, senhor Professor, aqui lhe envio uma pequena colaboração de Moçambique. Por razões que se prendem com a minha segurança pessoal, que o senhor professor nem imagina do que é capaz a Juliana (e eu nem quis parecer demasiado melodramático usando no poema uma rima como catana, cuja utilização não seria senão realista, não sei se me faço entender…), prefiro assinar com um pseudónimo, para ela não poder ter a certeza de que fui eu que escrevi isto. Quer dizer, ela propriamente acho que nunca leria o poema, porque ela não é dada a estas coisas de internet, mas tenho medo é que esse miúdo João lhe vá dizer, que o gajo é malandro mesmo…

    Muitos cumprimentos

    Elmano Laurentino

    Dás-me sopa, Juliana,
    E não queres que eu chor’isso?
    Como és cruel, mamana,
    Insensível, desumana,
    Não te cria capaz disso…

    Trouxe-te uma capulana,
    Das mais caras do bazar
    Tu não me dás nem banana,
    E há mais de uma semana
    Que não me queres falar!

    Eu sei que esse grande safardana
    Do João te foi dizer
    Que me viu c’uma fulana.
    É mentira do sacana,
    Como é que tal podes crer?

    Tu sabes que eu, Juliana,
    Sou incapaz de traição.
    A mulher com que o mufana
    Me viu no xipanelana
    Era a mãe do meu irmão!

    Como és cruel, mamana,
    Insensível, desumana,
    Não te cria capaz disso…
    Dás-me sopa, Juliana,
    E não queres que eu chor’isso?

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  8. Paz e pão sem sal para todos , Bufa Mística é o meu nome actual enquanto viajante desta ilusão fantástica a que chamamos vida. Habito o meu corpo que mora em Curraleira, um acolhedor aglomerado populacional numa zona muito esotérica de Lisboa.
    Acho o mote muito curioso e inspirador. Acabei de beber uma infusão de água fervida em água a ferver e saiu-me isto

    juliana esbraceja
    afogando-se na tigela
    chora o chouriço
    lágrimas no pão
    a sopa arrefece
    à velocidade de um cadáver

    é uma coisa triste, mas a vida não é só galhofa

    aum e fiquem bem

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  9. acho que o amigo ème tem razão e também estou como o outro - será menino, ou menina? que se lixe. poemas piquenos não é? então pega lá farófias



    dás-me sopa juliana
    e não queres que eu chor'isso
    p.ex. ou ibidém
    sou pra ti s/ compromisso

    mais pequeno que isto, só com sopa de pacote.
    cuidem-se e comam sopa.
    meu nome é Brás. Bacalhau Arménio Brás.

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  10. Antónia Ene, Ó, Liveira da Serra,quinta-feira, 18 junho, 2009

    Olá, chamo-me Antónia Ene, sou do Ó, Liveira da Serra, e trago aqui uma poesia de forte carácter auto-referencial, uma mise en abîme, não é verdade?, que a minha avó diz que estava muito na moda no tempo dela. Quero também dizer que concordo plenamente que neste sítio tem havido muito a mania das grandezas e que, por isso, tem sido tudo maniacamente grande, até as poesias, de maneira que decidi contribuir eu também para amaneirar a coisa, no sentido de tornar tudo mais maneirinho. O meu obrigado também a todos vocês!

    “Dás-me sopa, Juliana,
    E não queres que eu chor’isso?”
    O mote até é bacana,
    a ver se o não desperdiço…

    Mas, e uma ideia bonita?
    Ah, tenho uma que promete:
    “Não te fica bem a chita,
    prefiro o crepe, Suzete”.

    Não está mal, mas também não
    está tão bem como podia…
    E que tal “Esperei em vão,
    que grande banho, Maria…”?

    Desisto! Hoje é mau dia,
    já vi que isto não dá mais…
    Mas é bom, para a poesia
    não ficar grande demais…

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  11. agora sim...

    poemas que dão para ler
    e julianas para comer
    sem muita palha e sem chor’isso
    pra não dar cabo do tótisso

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  12. ai a minha espondilose
    ai os bicos de papagaio
    se me der uma trombose
    se me der o badagaio
    se apanhar uma psicose
    se me der a travadinha
    ou então uma virose
    ou uma febre daninha
    daquela febre magana
    que nos derrete o toutiço
    dás-me sopa juliana
    e não queres que eu chor'isso.

    Arménio Uma Vez Mais , Sesimbra

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  13. oh penas do meu amor
    galinhas do meu pavor
    grainhas do faz favor
    não há faíscas que luzam
    quando as mágoas não se cruzam
    no patamar do desgosto
    desde o nascer ao sol posto
    grasnam gansos nos pomares
    e corujas nos altares
    ladram os cães da rabugem
    caem telhas e ferrugem
    das chaminés improváveis

    abre a boca e fecha os olhos
    dás-me sopa juliana
    e não queres que eu chor'isso
    havia de ser giro havia

    José Manuel Bronco Comascasas, Bruxelas

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  14. sabes que sopa p'ra mim
    derrete-me o coração
    tremo que nem um pudim
    fico assim sem explicação
    dêem-me sopa se quereis
    ver-me feliz e contente
    nada melhor me dareis
    do que um caldinho quente
    fico logo sem defesa
    qualquer um pode atacar
    se me puserem na mesa
    a malguinha a fumegar
    e então se for de couve
    com um feijão a enfeitar
    aí até me comove
    dá vontade de chorar
    a verdade não engana
    um porco espinho é um ouriço
    dás-me sopa juliana
    e não queres que eu chor'isso


    Areópago Raimundo, Ouriceira

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