Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece
Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.
Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...
Até lá, que deus vos cubra!
esta semana é assim: em vez do MOTE, um MOTIM!
... E eis a imagem inspiradora para o mote em apócrifo. É p'ra que vedais! Com alumínio Rochedo, vai lá vai, Alfredo, que não há fascista que me meta medo. A inspiradora ilustração serve ainda, na concomitância, para anunciar o prémio que será atribuído ao bardeileito, perdão, ao bardo eleito desta empreitada.
Até lá, salame e banha de porco...
perdão!
saúde e prosperidade
a revolução é uma maluca!
Companheiro professor,
ResponderEliminarEis a minha modesta contribuição para a tua, minha, nossa causa de todos nós.
Sem mais,
Estamos juntos,
Toma lá um abraço
Alfredo, marceneiro, R. da Voz do Operário
Salazar, um tal azar
Como esse nunca se viu
Se ele fosse, mas era
P’rá senhora que o pariu
É que tinha feito bem,
Tinha ganho toda a gente,
Menos, claro, a sua mãe,
Mas quem o fez que o aguente...
Palavras talvez cruéis,
Mas bem sábias e já velhas,
Que fosse ele chatear
Quem lhe fizera as orelhas!
Pobre senhora, é a vida,
Quem tem filhos tem cadilhos.
Tirando a madre do Franco,
Que essa teve foi caudilhos,
Já a mãe ao Mussolini,
Coitadinha da senhora,
Dizem que era uma devota
Católica e professora
E deu-lhe deus uma besta
Dum filho assim, que só visto,
É caso de se dizer:
Cria-se um filho p’ra isto...
Mas enfim, deixemos isso
Que não vem à colação
Do mote que aqui nos trouxe
(Eu vim de mote… Tu não?),
Que o tema desta semana,
Por acaso inspirador,
Não sei que te dita a ti
Mas cá a mim dita dor...
Figas, cruzes, t’arrenego,
Baza, malaico, um, dois, três!
Salazar: um tal azar
Não q’remos cá outra vez!
Meu nome é Henrique Oitavo, sou o sétimo filho de uma família pequena e humilde. O meu pai sempre me ensinou que a maior riqueza que um homem pode ter na vida é a saúde. Coitado, morreu tuberculoso. Nem chegou aos 40! Mas também não sei porque vos estou a contar isto! Talvez seja o mote que propõe desta vez… Não consigo invocar a palavra Salazar, sem que me venha à cabeça a imagem de uma rural e tísica nostalgia filosófica. Deve ser da água.
ResponderEliminarVamos então ao que viemos
Salazar, um tal azar – poesia de Henrique Oitavo, filho de Ricardo das Tripas Coração Segundo e Maria Pia de Despejos Domésticos, actualmente desempregado
Andava um dia no monte,
Com umas cabras a pastar,
Um rapazito franzino.
Um lingrinhas singular,
Com nariz de maçarico
Desengonçado no andar
Umas orelhas de abano,
Que nos faziam lembrar
Aquelas pegas, que tem
Dos lados um alguidar.
Menino de sua mãe,
O menino Salazar.
Ele e as cabras faziam
Um retrato inesquecível,
Recortados na paisagem
Da serrania terrível.
As cabras, com aqueles cornos
Pareciam uns diabretes,
Saltando por entre as canas,
Que caíam dos foguetes.
Enquanto ele fazia
Apitos com um canivete,
Fazendo horas também
P’ra voltar p’ra casa às sete.
E o povo todo da aldeia
Dizia que ele algum dia,
Se desse corda aos sapatos,
A algum sítio chegaria.
Por isso, juntou-se o povo
E rifaram-se uma quotas,
Para juntar umas libras,
Para lhe comprar umas botas.
Umas botas de verniz,
Um bocado apanascadas,
Mas isto, a moda é assim,
Tem destas coisas maradas.
E lá foi o Salazar.
Largou as cabras da mão,
Meteu-se na escola a estudar.
Chegou quase a sacristão,
Mas não chegou a chegar,
Que entretanto houve mudanças
E mandaram-no chamar
P’ra ministro das finanças.
E ele que até nem queria,
Não estava para aí virado,
Acabou por gostar tanto,
Que depois foi o diabo.
Não ia a mal nem a bem.
Tiveram que mandar chamar,
Salazar um tal azar,
Um padre para o exorcizar,
O menino de sua mãe…
Agradecido e boa saúde!
Camaradas, estou profundamente revoltado com esta ideia de escolher tão hedionda e sinistra figura como esse fascista de Santa Comba que o pariu para mote numa semana em que se celebra um tão radiante e esse sim patriótico evento histórico como foi é e há-de ser até à vitória final a descoberta da penicilina pelo sr. Fleming. Nós aqui em casa celebramos sempre a descoberta da penicilina em Abril. Em Setembro, geralmente estamos de férias e é mais difícil juntar a família. Espero conseguir fazer vingar esta ideia. Em Abril deve dar muito mais jeito a toda a gente. Nem percebo porque é que ainda ninguém fez nada, ou se lembrou disso antes …
ResponderEliminarMas, se querem mesmo saber o que eu tenho a dizer sobre o assunto Salazar, eu digo-vos. Lá vai.
Salazar, um tal azar…
Olha que falar de azar
Sendo que o assunto és tu
Salazar, sem ofender
Acho que podes meter
O trocadilho no cu
É poucochinho, mas é de boa vontade. Poupai-o
Saudações revolucionárias
Hasta la vitoria siempre
Liberdade ou Morte
Cuscurões é fritos
Libério Libertino Libertário, de Frases Feitas, Chapéu
Não me vou estender muito em conversa. Espero que a minha colaboração esteja dentro do espírito da coisa…
ResponderEliminarRespeitos e apreciações!
Um vosso amigo,
Rosa Maria Cardoso, renitente anti-fascista, praceta 25 d’Abril, Margem Sul
Salazar, um tal azar,
Pior não podia ser,
A menos que, se calhar
E podia acontecer,
A cadeira aguentar
Ali firme e não ceder.
Mas era já muito peso.
Ele era já peso a mais,
Mesmo sendo rijo e teso
E dos melhores materiais,
O assento não podia
Durar para sempre, ora pois;
Haveria de chegar o dia,
Em que se partia em dois.
E esse dia lá veio.
Estava ele a comer pão.
Ao partir a bucha ao meio,
Caiu de costas no chão.
E aí se anunciava,
Nesse mesmíssimo instante,
Outra queda bem mais brava,
Uns anos mais adiante…
E não vou aqui falar
Nos que, desse trambolhão,
De mansinho, devagar,
Se levantaram do chão,
Esperaram a ver se vinha
Algum chaimite a passar,
Aprenderam a ladainha
E puseram-se a cantar…
Salazar, um tal azar,
Pior não podia ser…
A não ser que, se calhar,
Começasse a chover!
Revolução e Febras! Abril Águas Mil!
Atão? Baris?
ResponderEliminarEu chamo-me Nélson, nasci do Alto Pina, mas fui criado quase sempre a bem dezêre nos Caminhos de Ferro, e fiz aqui um poema dedicado a esse granda fascista desse Salazar. Eh pá, prontos, eu sei que não sou nenhum granda poeta, ‘tá bem, mas p’r acaso este poema até ficou tótil!
Tchau, pá.
Poema:
Houve em tempos um chaval,
o gajo, vou-l’e dezêre
diz que, coiso, Portugal,
é p’à blusa, tás a vêre?
Bem, o homem, ouve lá,
s’embirrava p’algum lado,
ai jasusa, ‘tá bem ‘tá,
tu ‘tá-me mas é calado!
Cenas qu’o gajo inventava,
pá, qu’eram tão faralhadas,
qu’um gajo até se passava...
Merdas, sei lá, meu, maradas!...
S’um gajo tinha o azare,
de dizer que coiso e tale,
que, "pá, tu tens qu’atinare,
atão não vês que ‘tá male?",
ó depois no outro dia,
‘tava um gajo sossegado,
aparecia a chibaria,
e um gajo era arrecadado.
Tu punhas-te a espernear,
que não fui, não sou, não sei,
era eles a afiançar,
e achantra-te, qu’é a lei.
É uma história qu’os meu cotas
gramam à brava contar.
O nome dele era Botas,
de alcunha era o Salazar.
Um tal azar.
Fim do poema. Este penduricalho aqui no fim é só porque senão voceses ainda diziam que eu, coiso, não tinha lá metido a cena toda e prontos, assim pelo menos, olha, já não há cá grupos...
Amigos e companheiros aqui deixo o meu perplexo contributo literário para este auspiciosos Momento de Poesia. Espero que vos agrade, ou, pelo menos, que não duvidem.
ResponderEliminar...
Diz que tinha hábitos saudáveis
E se deitava com as galinhas
O que a História não nos conta
É que o fazia mesmo à letra
Era um porco um debochado
Salazar um tal azar
Era um porco um debochado
Diz que tinha um par de botas
Que lhe davam p’lo tornozelo
Do que a História não nos fala
É da meiazinha de renda
Que lhe dava o ar de puta
Salazar um tal azar
Que lhe dava o ar de puta
Diz que era muito severo
E austero mesmo consigo
O que a História não nos diz
É quando já estava com os copos
As figuras que fazia
Salazar um tal azar
As figuras que fazia
Diz que deixou muito oiro
Nos bancos os cofres cheios
O que a História não refere
É que o oiro era dos dentes
Das dentaduras das velhas
Salazar um tal azar
Das dentaduras das velhas
Para muitos foi um santo
Para outros um demónio
Um paradoxo da História
Mas há gente que acumula
Se calhar ele era desses
Salazar um tal azar
Se calhar ele… ah que mula!
Saudações e até sempre!
Carolino Feijão , de Paradoxo Evidente, Arroz Doce
Camaradas boa tarde, chamo-me José Manuel da Silva, não, não é esse, estão-me sempre a perguntar se eu é que sou o José Manuel da Silva e eu que não, o nome é que é igual. Mando aqui o meu poema do Salazar à espera que gostem. Obrigado e é tudo.
ResponderEliminarForam quase cinquenta anos
A levar na cornadura
Até que chegou Abril
E acabou a ditadura
Soldados e marinheiros
E o povo com uns porretes
Sem fazer grandes chiqueiros
Correram com os tiranetes
Foi um dia de trabalho
E à hora do jantar
Tinham ido com o caralho
A ditadura e o medo
Salazar um tal azar
Não ter sabido mais cedo
Barreiro, 25 de Abril 2009
Olá aí. Chamo-me Procópio Pio, mais conhecido pelo PiuPiu da Madragoa.
ResponderEliminarPor acaso acho graça a esses proto-fascistas de merda que, agora que já têm liberdade para falar, ficam calados. Quer dizer, não me lembra de ter visto semana mais parada que esta. ‘Tá tudo com medo que o Botas os mande prender, mesmo já depois de morto?...
Corja do camano! Bom, vá lá então! Aqui o PiuPiu da Madragoa manda este soneto.
Ora, sai neto!
Salazar um tal azar
Mas qual azar quais caroço
O que faz a roda andar
É cada qual com o seu esforço
Na vida cada um tem
O azar que mai’ merece
Não é do céu que ele vem
Nem é do chão que ele cresce
Ora portanto acredita
O que importa é pores-t’a pau
E se outro bicho marau
Quiser que a História se repita
Vai com a puta que o pariu
Ou eu não me chame Piu Piu!
Fiquem bem. Qualquer coisa, na Madragoa, estão à vontade. Perguntem p’lo PiuPiu.
Adeus e boa sorte, aqui mando a minha contribuição, na certeza porém.
ResponderEliminarObrigado.
...
Electroencefalogramas
O meu novo penteado
Disse ele gemendo na cama
Com o crânio todo engessado
Tomoaxiografia
Que já não mo perguntava
Ricocheteou Maria
Que já de si coxeava
Mas o que eu radioscopia
Era alguém para me explicar
O porquê dessa armação
Digo-lhe eu dona Maria
Salazar um tal azar
Bateu c’os cornos no chão
António Prazo de Validade e Gomes, Alverca, base aérea.
Excelentíssimos senhores,
ResponderEliminarGostaria de contribuir com um poema modesto, se bem que de altíssima qualidade, para o vosso concurso, e gostaria também de ser o vencedor do dito, se pedir justiça não for pedir demasiado.
Queiram aceitar, senhores, os protestos da minha mais elevada estima e consideração,
Austero Duque e Tal, Mó de Moinho, Abrunheira
Lá em Santa Comba Dão,
ó combadão, combadão,
na noite escura de breu,
no cemitério local,
um caso fenomenal,
lá em Santa Comba Dão,
à meia-noite se deu.
Surgiu uma assombração,
ó combadão, combadão,
uma coisa de espantar,
e tinha, p’lo que se diz,
o inconfundível nariz,
ó medonha assombração,
d’Oliveira Salazar.
Povo do meu coração,
ó combadão, combadão,
vinde, vinde-me ajudar,
dizia a alma penada,
e aquela gente, assombrada,
povo do meu coração,
não sabia o que pensar...
Ó terror! Ó maldição!
Ó combadão, combadão!
Nem no inferno se está
hoje em dia sossegado,
diz o espectro, afogueado.
Ó terror! Ó maldição!
Eles não me querem lá!
Mas que tremenda aflição,
ó combadão, combadão,
compadecei-vos de mim!
Dizem que são capitães,
os demónios, esses cães,
mas que tremenda aflição,
e vêm atrás de mim!
E no meio da confusão,
ó combadão, combadão,
vem um grito do Além:
Vade retro, Salazar!
Não queremos cá tal azar,
no meio da confusão,
fica aí que aí estás bem!
Em Comba Dão, desde então,
ó combadão, combadão,
de quando em quando se avista
um avejão a assombrar,
Salazar, um tal azar,
lá em Santa Comba Dão,
a longa noite… fascista.