
Aqui vai, Saraiva, mais uma crónica do Aquém. Não se surpreenda, porque, estando eu do lado de cá da fronteira, o que para si é o Além, só pode ser, para mim, o Aquém. Até aqui ainda me acompanha, ou não?
E sabe quem encontrei por cá, ainda há bocado? O Correia, esse grande Garção. E pediu-me essa espectral eminência que lhe enviasse, da parte dele, a seguinte mensagem:
Dos turícremos vates que houve
Que a prófuga poesia perseguiram
Pelos atros pélagos, e frígidos,
Da vida que lhes Deus deu,
Sem pavês outro que não fora
A dardânia inquebrantável paixão,
A teucra fé na clássica pulcritude
Que a de Helena encobre,
Do verbo mesurado, original,
Quem prossegue o arcádico labor?
Sois, Saraiva, vós, a quem dirijo
Os meus mais sinceros parabéns!
E votos de muitas felicidades
Para o Momento de Poesia!
Que me diz a isto, ó Saraiva?
Só lhe respondi dois dias mais tarde, a 26, portanto. E fi-lo da seguinte maneira:
Oh amigo Alberto, você nem sonha o que passei para conseguir responder-lhe finalmente. Parecia bruxaria do Além, homem, eu a escrever e a mensagem a apagar-se sozinha. Você acredita em bruxas, homem?!... Eu também não acreditava até ver uma.
De resto, Aquém, ou Além antes aí que no Cacém, que nós por cá, todos bem, e você, hem?... Já vi que deu em fazer de Correia de transmissão ao maganão do Garção que não tem remissão. Continua amigo do seu generoso, do seu cogumelito às pintas, da sua dietilamida em conta gotas. Não lhe dê troco, que é melhor e quando ele lhe voltar com turícremos para si, você mande-o lavar a cara com água fria.
Ao mais e ao resto, saudações e cumprimentos a santa Eulália, se a vir, e guarde-os também para si, meu amigo, do seu amigo e professor, Saraiva, um seu amigo que não o esquece, oh meu amigo.
E, nesse dia, assim ficámos. Mas continua…
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