Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

sou pequenino mas não ... (isso vejo eu)


Já vi tudo. Vocês é daquela gente que dá mesmo gosto. Esta semana recebemos aqui dois poemas dois, subordinados ao mote proposto. O resto, os 452 poemas que cá chegaram falavam de tudo, menos do que era pedido. Até poemas a falar de moscas da fruta, cá chegaram! Disso e de puré de batata e salsichas enroladas em couve lombarda... Vejam só! Uma parvoíce completa.
Amigos, quando vos der para improvisar, concorram ao Festival da Canção.
Mas, pronto, jogo é jogo e o que está, está e assim sendo, esta semana nem deu muito trabalho escolher o vencedor.
Foi só fazer o truque do dólitá...
Saiu este:

sou pequenino, mas não
me faz grande confusão
porque deus é um matulão
e prega-te um estaladão

João, de Azeitão


E agora, o outro...

acordei sobressaltado
qualquer coisa me acordou
um barulho inusitado
que muito me assustou
não consegui perceber
na primeira ocasião
de onde vinha, quer dizer
se do tecto se do chão
apurei o meu ouvido
desafiando o temor
com o pescoço estendido
a ver se ouvia melhor
esperei um bocadinho
e lá se ouviu outra vez
devagar e de baixinho
com uma certa timidez
mas bem sonante contudo
bem sonante e soletrado
quem falava não era mudo
e tinha bem decorado
uma espécie de refrão
um pouco tonto talvez
mas sempre em repetição
uma e outra e outra vez
mas de onde vinha afinal
essa voz misteriosa
de timbre meio gutural
e ao mesmo tempo fanhosa
e que quer ela afinal
o que busca o que reclama
será esp'rito ou animal
debaixo da minha cama
e será que vem por bem
ou será que é bicho mau
devo dar-lhe um passou-bem
ou devo dar-lhe com um pau
seja o que for é pequeno
a julgar pela voz que tem
mas o lacrau tem veneno
e é pequeno também
pequeninas as bichezas
que provocam infecções
por isso nunca há certezas
e todas as precauções
mesmo as mais disparatadas
podeis crer não são demais
que anda aí almas penadas
coisas sobrenaturais
mas desta feita parecia
uma coisa bem real
uma voz que repetia
uma lenga lenga tal
que a muito custo se ouvia
difusa na escuridão
uma voz que repetia
numa espécie de obsessão

sou pequenino, mas não
me faz grande confusão
sou pequenino, mas não
me faz grande confusão
sou pequenino, mas não
me faz grande confusão

fui ver
e era o cão.


Zé Grifos, de Viseu

E voilá! Prémios também não há e agora vai tudo de férias, como deus manda.
Voltamos aqui lá para Setembro... mas não se acanhem de ir mandando o que quiserem...
Ou seja, a ideia é esta: Isto fica aberto e vocês mandem - chamemos-lhe assim - os vossos postais de férias. Tudo sem compromisso e sem mote obrigatório. Vale tudo o que vos inspirar, durante estes dias de prazenteiro descanso e folgança.
Em voltando, a gente logo acerta contas.
Sede compassivos, que para crueldade já basta estar vivo e levar com o Jorge Gabriel na RTP 1
Saúde e boa praia.

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