Vem, a Poesia, eu vos conto, rastejando por entre o lixo, como um gato à procura de qualquer coisa...
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Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

mistérios bíblicos...

pois é, meus amigos, ia eu a passear pela minha horta de melões, quando dei com o meu bordão numa pedra e me saiu, lá de baixo, um pequeno lacrau com um papel na boca. e não querem lá ver que o papel tinha isto escrito!...

E MOISÉS SUBIU À MONTANHA

IA À PROCURA DE LENHA

P’R’ACENDER UMA FOGUEIRA

E ASSAR UMA FARINHEIRA

QU’IA SER LONGA A JORNADA

E ELE SEM COMER NADA

E AIND’ ERA UM BOM ESTICÃO

DALI A PÉ ATÉ SIÃO

SUBIU A MONTANHA COM ESFORÇO

ELE QUE JÁ NÃO ERA MOÇO

À PROCURA DE UM GRAVETO

OU DE UM GALHITO FACETO

OU QUALQUER COISA QU’ARDESSE

FOSSE LÁ O QU’APARECESSE

P’RA ELE TANTO FAZIA

COM A FOME QUE SENTIA

MAS SÓ ENCONTRAVA CALHAUS

POR ONDE FUGIAM LACRAUS

NA MONTANHA DESCARNADA

ONDE NÃO CRESCIA NADA

SÓ PEDREGULHOS FULEIROS

PEDRAS BOAS PAR’ISQUEIROS

MAS NADA QUE LHE PRESTASSE

P’RA QUE A FARINHEIR’ASSASSE

E CONTINUOU SUBINDO

TRANSPIRANDO E REFLECTINDO

BAIXINHO COM SEUS BOTÕES

“SÓ TENHO DUAS OPÇÕES:

OU REVIRO ESTA MONTANHA

E SE NÃO ENCONTRAR LENHA

REVIRO TAMBÉM AS DA LUA...

OU COMO A CHOURIÇA CRUA!”

E AO DIZER ISTO É QUE VIU

QUE SEM REPARAR SUBIU

ATÉ AO CIMO DO CUME

EM BUSCA DE PAU P’R’Ò LUME

CANSADO OLHAVA O CHÃO

E IA TENDO UM’AFLIÇÃO

QUANDO VIU MESMO A SEUS PÉS

UMA TÁBUA 6X10

BAIXOU-SE P’RÀ APANHAR

E COMEÇANDO A SALTAR

INICIOU LOGO A DESCIDA

TODO CONTENTE DA VIDA

UMA TÁBUA COMO AQUELA

ATÉ ASSA UMA MORCELA

UMA TÁBUA BEM CATITA

TINHA QUALQUER COISA ESCRITA

BEM TENTOU VER S’ENTENDIA

O QUE É QUE A TÁBUA DIZIA

E ENQUANTO DESCIA O MONTE

PENSAVA COÇANDO A FRONTE

“NÃO DEVE SER NADA URGENTE

E SE FOR É-ME INDIFERENTE

JÁ QUE TAMBÉM NÃO SEI LER...

VAI P’RÒ FOGO E É P’R’ARDER!”

E ACABOU QUEIMANDO AOS PÉS

NESSE DIA O BOM MOISÉS

P’RA COZINHAR ALIMENTOS

A TÁBUA DOS MANDAMENTOS

(NO CASO CHOURIÇO ASSADO

MAS DEUS É QUE FICOU PASSADO)


2 comentários:

  1. João de Deus Filho, Marquês de Monte Cristo à Estrelaquarta-feira, 27 janeiro, 2010

    Deus castiga-te, pecador, Deus castiga-te e é bem feito, um dia há-de um alçarrabos a sério ferrar-te o aguilhão nas nalgas qu'inté hás-de gritar por Santa Iria da Azóia e mai-los santos todos do Céu à uma, que é para aprenderes a respeitar a palavra do Senhor, seja ela tábuas ou não, safardino, barbitússico, capristente, zigareuta de uma figa!

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  2. pardeus! chapins trazeis?!...estragais-me com mimos!

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