Momento de poesia

Isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece

Olá amigos, é o professor Saraiva quem vos fala! E, à primeira vista, isto pode parecer um concurso e é, de facto, com o que mais se parece, pelo menos, à primeira vista, no entanto, seria mais correcto compará-lo com outra coisa qualquer. Como de momento não me lembro o quê, chamemos-lhe um ponto de encontro de almas sensíveis e mentes abertas ao apelo da grande Arte Poética.

Ora, num contexto destes, pensar-se em prémios e gratificações é de uma mesquinhez inqualificável, de merdosa. Haveria de servir-vos de consolação e júbilo o serdes publicados neste espaço de tão requintado gosto e exigente gabarito, mas, já andamos nisto há muito tempo e sabemos do que a casa gasta, por isso é bem provável que vos ofereçamos uma qualquer lembrança, ou singelo regalo, como prémio e distinção...

Até lá, que deus vos cubra!

Olá meus pequenos amigos, é o professor Saraiva quem vos fala desta feita e uma vez mais.

É bem verdade que não nos temos visto muito ultimamente, mas eu explico o que se passa.

Como sabeis fui de férias com a minha prima Ofélia mais a amiga dela, a Carlota, para as termas, em Borba e acontece que conheci uma família de liliputianos que me convidou a ficar com eles a cultivar melões. Depois de tantos anos a cultivar as letras, achei que tinha chegado a hora de cultivar melões e aceitei.

Daí que, a partir de agora, podeis continuar a depositar aqui as vossas inspiradas colaborações , subordinadas ao tema que mais vos aprouver, desde que não meta palavrões. Eu, tenho andado muito ocupado, a ver os liliputianos a trabalhar. Trabalham bem, os pequenos safados. É verdade que uns são mais Lilis e outros mais Putianos, mas dão-se todos bem e comem pouco.

1 comentário:

Zé Maria do Bocaccioquinta-feira, 26 novembro, 2009
Oh porfessor! long time no sea...como dizem os marinheiros... então agora deu-lhe p'ra cultivar melões! nem de propósito que assim mando-lhe um poema épico que eu escrevi há já muitos anos dedicado ao melão precisamente...
espero que lhe agrade e mate as saudades da poesia, que, o escaravelho de melão só se mata á base de porrada e grelos. saúde e boa safra!

Do melão nada direi, pois não me atrevo,
Por indómito que seja e sem pavor,
Penetrar as trevas vis do seu segredo
Ou revelar o seu infernal horror.
Arrenego do que disse ou ‘té escrevi,
de tudo o mais, que faça a tábua rasa
Onde engome o engelhado colibri
Que adeja no meu peito a golpe de asa.
E se, por vil fortuna ou pouca sorte,
Um dia de mim me aparte à cova escura,
As lágrimas que chore, que as conforte
Ou as enxugue em muito sol de pouca dura.
Gire o astro heróico, o pai sisudo,
Calem-se de Homero as altas vozes
E viva eu cá na Terra que dá tudo,
Salpicão, batata frita, arroz e nozes.
Mas quem, quem ousa assim afrontar
De Deus os desígnios mais preclaros,
Suas iras, seus dilúvios de encharcar?
Bem certo que alguém é, mas são tão raros...
Serei eu pois o eleito nessa empresa,
O proscrito em folha azul de trinta linhas,
O que hei-de ir ao mar com a rede presa,
Desafiar a fúria sangrenta das sardinhas?
Seja assim, já que os fados mo destinam,
Seja pois, se essa é sua vontade.
Irei em busca das pevides que germinam
Venenosas no meio da tempestade.
Irei pois, de mergulho ou de chapão,
Às profundas onde a luz recusa entrar
E trarei o inominável melão,
Mas não se espantem se eu vier a mastigar!

Zé Maria do Bocaccio, Setúbal.

(aliás, já Bocaccio não sou. Casei-me e adoptei o apelido da minha mulher. Agora chamo-me da Fonseca)
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Professor Alcino comprou um teclado novo

"Chispa-te Raimundo e se aquilo bufa!" foi o comentário mais ouvido no final do concerto de apresentação do novo teclado do professor Saraiva. Como sabeis (e podeis aliás confirmar na imagem que ilustra a entrada deste Momento) o professor Saraiva é um hermínio executante de orgão de canos. Alguns dos mais brilhantes exemplares do instrumento são criação dele próprio, como o entre parênfes referido. Este novo teclado é de ligar à electricidade e enche uma casa. O concerto correu que nem se deu por ele. Na fotografia é que só se vê as mãos.

Mudando de assunto

Foi um sucesso assinalável e retumbante, a brilhante palestra do professor Saraiva, no último fim de semana, no Auditório Pescador Alberto, na Costa da Caparica. Os veraneantes, que encheram o auditório, deixaram os chanatos à porta e vestiram-se a rigor para ouvir ao vivo e ver ao perto o brilhante orador. Para isso e por causa do bar aberto. Devido ao brilhantismo da charla, os espectadores tiveram de colocar nas fuças aqueles óculos apalhaçados. Mas gostaram e isso é que é preciso. A maior parte saiu dali bêbada, por causa do bar aberto, mas, de férias, que se lixe.

REVELAÇÃO FLAMEJANTE

Um jovem caçador nocturno de gambozinos acaba de nos enviar a fotografia do momento em que lhe surgiu esta estranha visão, no meio das moitas. Garante que não era a Virgem Maria, que essa é mais gordinha e tem mais peito, e ele sabe do que fala, que ainda é primo afastado da Jacinta Marta, que via virgens nas moitas... Mas também esta estranha e perturbadora visão lhe confiou 3 segredos sobre a verdadeira história das Ácaras do Além. Revelações de que vos daremos conta neste espaço, brevemente. A fotografia até arrepia, hem?!...

ÚLTIMA HORA !!! Temos Cena: Visionário Anhuca passou-se dos carretos.

Exclusivo: Manel Zé Informático entrevista as Ácaras do A.L.E.M.

Contactado ontem de manhã pelo Momento de Poesia, Manel Zé Informático acedeu a deslocar-se à praia da Adraga à meia-noite, para ouvir as revelações das Àcaras. E ouviu-as mesmo. Contamos em breve apresentar a totalidade dos depoimentos destas simpáticas extraterrestres aqui no Momento de Poesia. Entretanto, adiantamos já a mais extraordinária revelação das Ácaras: “Scheinswitzer éramos nós, sempre fomos nós. Porque é que pensa que a mulher dele se pirou com o argentino, hem?”

Uma imagem do Espaço Meridional?

Recebemos ontem de manhã na redacção do Notícias do Momento uma carta anónima, acompanhada da perturbadora fotografia que só agora decidimos publicar. Como se vê mal a legenda da dita, eis, em letra mais legível, o que ela diz: «Está lá? Professor Saraiva? Daqui fala Ácara 1. Estou a telefonar-lhe do Além (Astro Limítrofe do Espaço Meridional). É só para lhe dizer que estamos dispostas a revelar toda a verdade. Diga ao Manel Zé Informático, o amigo do seu amigo Manel José, para estar amanhã à meia-noite na praia da Adraga, mas para vir sozinho, senão nós não nos revelamos. E é tudo professor. Boa noite e este telefonema desintegrar-se-á dentro de 5 minutos. Por isso mesmo, vamos mandar-lhe por Correio Azul a fotografia que Ácara 2 me está neste momento a tirar, com a transcrição do que estou a agora a dizer.» Interrogado sobre a possibilidade de a fotografia não ser uma falsificação, o famoso visionário Anhuca preferiu não se pronunciar.

Revelado o Mistério (via satélite)

Acaba de chegar aqui uma delegação de lá de onde vieram as duas malucas que já se foram e que se faziam passar pela alma empanada do brilhante Alberto S. Um representante oficial da galáxia de Khudhjudaz apresentou-se nestes preparos na nossa redacção e a quem lá estava explicando que as duas extraviadas criaturas eram famosas escritoras falhadas lá na terra delas e que ao fazer-se passar pelo espírito etéreo do reputado académico teriam alguma hipótese de serem lidas e ficarem conhecidas quando revelassem o embuste e que além do mais pensavam que seria muito mais difícil penetrar no mercado apresentando-se como extraterrestres porque diz que de extraterrestres escritores já a gente está bem servida e depois arrotou e foi-se embora sem fechar a porta nem levar as muletas

Tudo o que resta das Ácaras

Visionário Anhuca pronto para investigar a origem das espécies

O parapsicológico e visionário Anhuca diz que, se as apanharem, pode facilmente descobrir a origem das espécies raras que se faziam passar pela alma do esfumado Alberto S. e que agora dizem que afinal são almas de outro mundo exogaláctico. “Investigar a origem de coisas esquisitas é algo que tenho feito toda a vida, sempre com êxito”, disse à nossa redacção. Para o provar, esta fotografia, datada do ano passado, em que, no seu laboratório secreto nas avenidas novas, o exótico palafreneiro aplica uma técnica duvidosa na não menos duvidosa cabeça de uma bicheza de outra dimensão.

Revelações surpreendentes no julgamento das Ácaras do Além

O juíz até teve de ir fazer xi-xi, quando uma das rés do já chamado processo das Ácaras do Além, acusadas de se fazerem passar pelo espírito de A. Scheinswitzer, o raio das miúdas, revelou ao tribunal que, na realidade, tanto ela, quanto a cúmplice são, de facto, seres de outro mundo e não do Outro Mundo, como se faziam passar. A metamorfose operada em plena sala do tribunal deixou os restantes presentes com vontade de tirar apontamentos e comer bolachas. Em breve daremos conta de mais desenvolvimentos desta fascinante novela.

...e afinal havia outra.

o professor Alcino Magalhães Saraiva - biografia breve

O professor Alcino Magalhães Saraiva nasceu na exótica Macau, pouco tempo depois de os pais terem emigrado para Portugal. Como se vê, desde cedo se mostrou uma criança rebelde e curiosa. Em resumo, uma alma sensível e autodidacta. Cursou Direito por linhas tortas e formou-se em Engenharia Avançada numa Universidade muito interessante. O interesse e a paixão pela Poesia só lhe surgiram mais tarde, já mesmo depois de se ter especializado em Apicultura e Ciências Ocultas, num Mosteiro do Japão. Mas foi uma paixão de tal forma avassaladora que ainda hoje se fala disso, entre os monges japoneses que o acolheram e lhe deram de comer.

Foi leitor exímio de palestras que só visto e orador convidado dos mais importantes acontecimentos culturais na Europa e mais longe. Publicou estudos, ensaios, rascunhos, críticas e livros de rifas. Recebeu algumas distinções honrosas e até prémios em dinheiro. As distinções, diz que não o impressionam. O dinheiro, já depende da quantia de que estivermos a falar…

Actualmente dedica grande parte do seu tempo àquela que todos os académicos consideram a sua Obra Magna. Trata-se da recolha, análise e colectânea do espólio esquecido da tradição oral de aldeias em vias de extinção, ou já extintas, em Portugal, mas só até Elvas.

Feitas as apresentações, resta só acrescentar que é com natural orgulho e prazer que temos o professor Alcino Magalhães Saraiva como convidado muito especial, neste espaço dedicado à poesia contemporânea, tal como o pulsar do nosso hoje a vai sentindo e vivendo.